terça-feira, 31 de maio de 2011

A última flor...

(Pintura: Garmash)


Ela estava lá… era única num jardim destruído por uma grande tempestade, uma flor solitária num jardim imenso.
Essa flor tinha passado por maus momentos, ela foi testemunha única do que aconteceu naquele jardim durante aquela tempestade.
Ao olhar em seu redor viu que estava sozinha na imensidão daquele jardim e chorou. O seu choro fez-se ouvir naquele imenso jardim devastado e um homem que estava ali por perto, vendo o estrago que aquela tempestade causara naquele jardim que outrora era tão belo, ele olhou e viu aquela pequena flor a chorar sozinha, ele caminhou na sua direcção e quando chegou perto dela, olhou-a e disse: 
“Não chores mais pequena flor, passarei por este jardim todos os dias, serei o teu guardião, vou cuidar de ti, vou regar-te e mostrar-te que mesmo neste jardim imenso nunca estarás só!”

Tino

terça-feira, 24 de maio de 2011

Semana em flash

(Monet)

Esta semana realizar-se-ão duas reuniões.

Dia 26 de Maio - 5ª. feira - pelas 19:00

Destinada àqueles que se consagram à Pintura, Arte nobre, e que pretendam participar na Exposição do dia 10 de Junho em Lisboa.

O objectivo da reunião é a análise das condições oferecidas, questões referentes à participação, logística e todas as questões que será necessário abordar para a preparação do evento.

Será marcada uma próxima reunião com o responsável da Sala onde será realizada a Exposição.


Dia 27 de Maio - 6ª. feira - pelas 19:00


Reunião "obrigatória" dos terapeutas que trabalham no Centro ou que o pretendam fazer.

O objectivo é uma actualização de conhecimentos e ponto da situação, passagem de responsabilidade de pessoas em carência, esclarecimento de dúvidas e outros itens que se possam levantar.

Bem-hajam pela participação!

Jinho fofinho

domingo, 22 de maio de 2011



Um poeta, certa vez, escreveu uma canção de amor, e esta era bela. E ele tirou muitas cópias e as enviou aos seus amigos e conhecidos, homens e mulheres, e até uma jovem com quem só se havia encontrado uma vez, e que vivia além das montanhas.

E, um dia ou dois, veio um mensageiro da jovem, trazendo uma carta. E a carta dizia: "Deixa-me dizer-te, estou profundamente comovida pela canção de amor que escreveste para mim. Vem logo, fala com meu pai e minha mãe, e tratemos dos preparativos para as bodas."

E o poeta respondeu à carta, dizendo à moça: "Minha amiga, isso não era senão uma canção de amor saída do coração de um poeta, cantada por qualquer homem para qualquer mulher."

E ela escreveu-lhe novamente, dizendo: "Hipócrita e mentiroso! de hoje até o dia do meu enterro, odiarei todos os poetas por tua causa." 


Gibran

(Enviado por Ângela Pinto)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rótulos



Aparentemente parece quase um disparate falarmos deste tema. Como se que estivéssemos a falar de marcas de produtos. Mas é um assunto muito sério.

A nossa sociedade vive cada vez mais de modelos baseados em valores aparentes, como a beleza, a riqueza, o sucesso, estar no top, entre muitos outros. Quem não os seguir ou quiser seguir um outro caminho, fica “rotulado”. 

No que tenho apreciado na geração mais recente (e nas mentalidades mais antigas), reparo que há muita discriminação entre eles, relativamente ao meio social, marcas de roupa, sapatos e afins. Também por conceitos e preconceitos transmitidos de geração em geração.  Aqueles que não têm ou não podem ser assim, são rotulados e postos de lado. Para mim, basicamente o Ser “Humano” é todo igual. O que difere é o meio onde vive, a educação, os valores que lhe são transmitidos, etc.

Vivemos com tantas “facilidades” que acabamos por não crescer enquanto indivíduos, tornamo-nos frustrados, agressivos e cada vez mais egoístas. Hoje para nos comunicarmos há um sem número de meios, mas a comunicação interpessoal está num declínio. Temos tanto e ao mesmo tempo nada. Apenas objectos que nos trazem uma felicidade muito fugaz. Se não acompanhamos a evolução sentimo-nos fora de que está “in”( do que se fala mais).

Todos nós temos preconceitos, mas na minha opinião deveríamos tentar mudar, porque cada vez vamo-nos cada vez mais frios e insensíveis. Paremos com os rótulos. Isso não leva a nada. Só à nossa destruição.

Mary Rosas
16.05.11

PÉS A CAMINHO




Peregrinação de Amarante até ao Santuário de Fátima

PÉS A CAMINHO




Peregrinação de Amarante até ao Santuário de Fátima

PÉS A CAMINHO


Peregrinação de Amarante até ao Santuário de Fátima


Olá a todos.
Gostaria de partilhar as minhas experiências de peregrina, de enfermeira e de reikiana nas peregrinações ao Santuário de Fátima.
Início com uma breve abordagem do que é uma peregrinação, assim:
Uma peregrinação (do latim per agros, isto é, pelos campos) considera-se uma jornada efectuada por uma pessoa devota de uma dada religião a um lugar sagrado por essa mesma religião.
O acto de peregrinar e as peregrinações remontam aos tempos mais primitivos em que predominavam os costumes ou ritos pagãos. Diz-se que a Catedral de Santiago de Compostela, pode ter sido construída onde passaria antes uma outra rota mais antiga, que seria a peregrinação de Finisterra (fim-de-terra), á costa Ocidental para ver o deus Sol a “morrer” no mar, e que no dia seguinte “ressuscitava” no Oriente.
As primeiras peregrinações do Cristianismo datam do início do século IV, e tinham como destino a Terra Santa.
Peregrinar não se trata apenas do acto de caminhar (no caso da peregrinação a pé), nem de executar um trajecto com um determinado numero de quilómetros, peregrinar é caminhar motivado “por” ou “para algo”.
Como é do conhecimento de todos as peregrinações começaram a desenvolver-se a locais onde estavam enterrados Santos, Apóstolos, Mártires e locais onde se diz ter aparecido a Virgem Maria.
Assim as peregrinações a Fátima tem inicio em 1917 com as primeiras aparições da Senhora Vestida de Branco e mais Brilhante do que o Sol, como diziam os Pastorinhos. Inicialmente as pessoas deslocavam-se até á Cova de Iria para confirmar o que era relatado pelas três crianças, no entanto, estou convencida que o Amor da Virgem Mãe aqueceu o coração dos fiéis e convenceu sempre as pessoas do Amor mais Alto e Maior.

Em 2001 fui peregrina a pé ao Santuário de Fátima, fui por promessa. O meu filho mais novo estava na urgência do hospital de S. João, era um menino de 2 anos, estava com suspeita de uma doença grave, que lhe provocava febre alta, dores insuportáveis e que o impossibilitava de andar. Quando a medica de neuropediatria me disse o risco que o menino corria, eu banhada em lágrimas, apenas encontrei força no colo da Mãe do Céu. Pedi-Lhe que Olha-Se para o meu filho, porque sendo eu tão limitada nada poderia fazer por ele. Queridos amigos e leitores, este pedido foi feito as 22h, tinha sido administrado um ben-u-ron 125mg ao meu pequenino, ás 2h da manha a febre passou e o meu filho levantou-se, agarrou-se á cama e começou a caminhar. Estivemos no hospital 3 dias por prevenção, o menino não precisou de mais medicação…

Desde então, sou peregrina a pé, todos os anos, fora do mês de Maio. Não sei porque faço esta caminhada, mas faço-a, quase sempre em silencio, caminho comigo e com os outros. Em Maio dou apoio como enfermeira a um grupo de Amarante. Dou apoio a este grupo desde 2002, este ano o grupo teve 308 peregrinos, na estrada éramos 15 pessoas a acompanhar o magnifico grupo que calmamente percorreu 250km a pé.
Gostaria de vos transmitir o que significa ser enfermeira ao serviço da peregrinação, de cada um e de todos, mas, a beleza que se sente é intransmissível por palavras, apenas é sentida por quem a vive… eu e todo o grupo de apoio na estrada durante estes dias descansámos de 3h a 4h por noite, sente-se uma Força Maior, que nos orienta e nos repõe a energia constantemente, durante os dias de apoio o cansaço não nos vence, há Algo bem superior que nos alimenta e nos faz ir mais além…

Sou reikiana desde Janeiro de 2007, foi em Maio desse ano que tive as primeiras experiências de Reiki com os peregrinos, fiquei surpreendida com os resultados, quando me apercebi, tinha muitos peregrinos que me diziam “Enfermeira, tire as mãos, já nada me dói…”.
Foi com a peregrinação que fiquei convencida que o Reiki actua e é com toda a certeza um Caminho a seguir. Hoje quase todos os enfermeiros e guias a pé deste grupo de peregrinação são reikianos. Garantidamente que há 5 anos a esta parte, o grupo peregrina melhor, caminha com menos dores e a qualidade de vida destes peregrinos durante os 7 dias de caminhada melhorou muito, muito mesmo.
Temos a felicidade da Mestre Alice Marques nos acompanhar nesta longa caminhada há já 3 anos, aliás já faz parte da equipa de apoio na estrada, para ti Mestre um beijo de gratidão pelo apoio e pela presença.
Há 2 anos que este grupo, conta com a presença dos terapeutas d’ ”O Caminho da Montanha”, nos finais de tarde dos dias 6, 7 e 8 de Maio, para ajudarem os peregrinos a aliviar as dores através das relaxantes massagens e Reiki. Para todos vocês, queridos terapeutas que nos visitaram, um beijo enorme de reconhecimento pelo vosso belo trabalho, não imaginam o quanto contribuíram para que a caminhada do dia seguinte fosse sempre mais leve e suave. Um bem-haja a todos do fundo do coração, que a Virgem Mãe vos proteja e acaricie, como cada um de vocês acariciou um grupo cansado e dorido. Obrigada em nome de todos e em especial em nome da organização.

Tinha muito para contar das peregrinações que apoiei ao longo destes 10 anos, muitas Historias, muitas Lágrimas, muito Sofrimento, mas, sempre tudo vivido com muita Alegria, muita Fé e acima de tudo com muito AMOR.
A Vida é uma peregrinação constante, nesta semana, vivo uma peregrinação dentro da peregrinação que me foi dada para Viver
Peregrino é Amor, transporta AMOR…
Que cada um de nós seja Iluminado, Abençoado e Bendito pela Virgem Mãe…
Que cada um atenda ao pedido de 13 de Maio de 1917 feito aos três pastorinhos pela Senhora Vestida de Branco e mais Brilhante que o Sol, e seja um mensageiro do AMOR e da PAZ.
Um abraço e um bem-haja gigante a todos e em especial a cada um como peregrino da VIDA


Elisabete Teixeira.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Resistência


A vida já me deu e me tirou
Tais sonhos, tanta fé, tanta ilusão
Que, às vezes, me parece provação
O viver a que, inteiro, inda me dou.

Renasço a cada dia no que sou,
Desperto pela luz, em tal clarão,
Que saio para o mundo, em turbilhão,
Na esp'rança de saber para onde vou.
Não deixarei morrer esta certeza,
De ser, de mim mesmo, a última riqueza,
Vivendo de alma simples, insubmissa.

Insisto em ser sobreiro resistente
A quem roubaram a pele, impunemente,
Mas não se nega, nunca a dar cortiça!...

D.F. Cardoso
Bjs



Eu conheço o som da flauta extáctica,
mas não sei de quem a flauta é.
Uma lamparina está acesa, mas não tem nem mecha nem óleo.
Uma planta aquática floresce e não está presa ao fundo.
Quando uma flor se abre, em geral dúzias se abrem.
A cabeça do pássaro-lua está cheia com nada
excepto pensamentos da Lua, 
e quando a próxima chuva virá
é tudo que o pássaro-chuva pensa.
Com quem é que gastamos nossa vida inteira amando?
Chegou o momento de fazer um balanço do amor!
Reúne o corpo e depois reúne a mente de forma que eles balancem
entre os braços do Ser Secreto que amas.
Traz a água que cai das nuvens a teus olhos.
E cobre-te completamente com a sombra da noite.
Expõe a tua face perto do ouvido dele,
e então fala apenas sobre o que queres profundamente que aconteça.

Kabir diz: "Meu irmão, escuta-me, traz a face, a forma,
e o perfume do Santo dentro de ti".


Kabir

(enviado por Carlos Manuel)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Desalento



Equivalente a enfermidade moral, instala-se o desalento apoiando-se em pretextos vários para a destruição da vida.

Chega sorrateiro e modifica a paisagem interior, minando resistências e sombreando ideias antes clarificadas pelo sol do optimismo.

Aqui se nutre de alegações falsas com que se promove a fuga espectacular ao dever e à responsabilidade. Identifica-se com os insucessos passados e estabelece a rede da má vontade com que destroça as alegrias.
Exala cansaço injustificável, produzindo enfermidades imaginárias; instala apatia; favorece o desgoverno da ordem como árbitro da indiferença e raramente se manifesta por meio de ataque violento.

Previne-te contra as artimanhas desse adversário soez, sempre à espreita.
Não te negues prudência e entusiasmo.

Se o trabalho te parece desagradável, reajusta os centros de interesse e renova-te. Caso estejas cansado, busca motivação estimuladora e prossegue.

Quando te identifiques em desilusão, considera o compromisso a que te fixas e reencontra-te.

Seja qual for o motivo, aparentemente justo, para fugires ao dever que te cabe de servir e promover o bem, torna tua a contribuição base que estimule e encoraje os outros, mas não recuses a oração nem o diálogo fraterno com os teus companheiros.

Imagina a planta crestada negando-se ao orvalho da noite, a máquina trabalhada recusando lubrificação, a construção seguindo sem programa, o veiculo disparado sem o auxílio dos freios. Sem dúvida a ruína encarregar-se-á de alcança-los cada um a seu turno.

Na actividade ou no repouso, em  grupo ou a sós, não fomentem futilidades que produzem desencantos ou as dúvidas que suscitam o desalento.


Raquel Silva

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ainda a Miudinha...

Recebemos este texto, comentário do autor, com pedido de publicação. Pois aqui fica:


Ainda a Miudinha

Não tenho por hábito acrescentar nada ao que escrevo, mas a vida é feita também de excepções e neste caso, o de Miudinha, entendo forçoso esclarecer os leitores.

De facto, o artigo da Miudinha não é composto de ideias demoníacas, satânicas ou ciprianistas.

Miudinha é uma menina com o coração cheio de amor e carinho, coitadinha… E num ser que assim sente, até o mal é lavado e engomado.

Seguramente que este artigo não caberia num qualquer jornal religioso, seja de que religião se tratasse. Mas cabe-nos questionar então, se a piedade e o amor têm barreiras onde são terminados, “não amarás o teu inimigo”! Que pensamento é este?

Não entendo o amor assim, nem eu nem Miudinha que soube passar essa barreira e rogar pelo inimigo dos inimigos maiores, o próprio diabo que apenas existe nas entranhas de cada um de nós, quando nos convém. Miudinha deu mostras de não ter pensamento vulgar, ela conseguiu vencer as barreiras e rogar por todos os males, mesmo esse, o mal dos males. Tomara ser como Miudinha que, terna e carinhosa, coitadinha, soube elevar-se acima do vulgar pensamento, aquele que poucos ousam questionar.

Miudinha não tem espaço para o mal, e dentro do seu coração, ela abraçou o pedido e esse, um dia será satisfeito, o dia em que o mal será vencido pelo bem, incondicional e todos nós viveremos num mar de Luz.

Obrigado pela vossa leitura e comentário.

José Cavalheiro

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Amor

Na sequência do programa de Actividades,  subordinado do tema "O Amor", alguns extractos da apresentação:

(Eros e Psique)


Este é um tema vasto e abrangente. São múltiplas e diferentes as formas de amar, pensamos nós.

No Dicionário (da Academia das Ciências de Lisboa) temos como primeiro significado “Predisposição da afectividade e da vontade, orientada para o objecto que a inspira, e é reconhecido como bem”; como segundo significado temos : “Afeição profunda de uma pessoa por outra, de carácter passional e que, geralmente, implica atracção sexual”.

As Ciências Biológicas descrevem o amor como um instinto de mamíferos, tal como a fome ou a sede. O amor é certamente influenciado por hormónios (tais como a oxitocina), neurotransmissores (como NGF) e feronómios.
 Na psicologia vai ver-se o amor mais como um fenómeno social e cultural. É certo que a forma de pensar das pessoas faz com que estas se comportem, em relação ao amor,  influenciadas pelas suas concepções do que é o amor.

No homem, o apego “romântico” acciona globalmente as mesmas regiões cerebrais, assim como certas estruturas implicadas nas “recompensas”. O apego “romântico” dependeria parcialmente do contexto sócio-cultural .

Muitos estudos foram feitos e identificaram vários tipos de amor:

·                        Porneia – o pequeno amor
·                       Pathos – o amor necessidade
·                       Mania, pathe – o amor paixão
·                       Ludus – amor brincalhão, jogado como se fosse um jogo
·                       Pragma – amor pragmático, que apenas focaliza o momento e a necessidade temporária
·                       Eros – o amor erótico
·                       Psique – amor “espiritual, baseado na mente e nos sentimentos eternos
·                       Storge – o amor ternura
·                       Harmonia – o amor harmonia
·                       Eunoia- o amor abnegação
·                       Charis – o amor celebração
·                       Philia – o amor amizade
·                      Ágape – o amor incondicional


Há um elemento importante, muito importante sem o qual o amor se torna pesado .É a Abertura, ou seja o espaço e a leveza, o que não é fácil.


Amor Fraternal

Considero este o tipo de amor que nos liga numa família, numa comunidade, numa ordem iniciática...

Não vamos desenvolver o amor fraternal entre irmãos de uma mesma família, pois são laços de “sangue”, considerados por algumas linhas de pensamento – no taoísmo ou na teosofia por exemplo – como sagrados. Mas o que nos liga, a nós que aqui estamos, é um sentimento de amor que é fraterno, desinteressado e que nada obriga a que exista a não ser a comunhão de pensamento, de objectivos e de conhecimento. São formas de estar comuns e que criam laços.

Vou incluir neste item o amor patriótico. A Pátria é a mãe, e os filhos amam-na ou devem amá-la, e entre si, têm comportamentos fraternais. Estes tornam-se mais evidentes quando há uma guerra.

Amor parental

Pouco há a dizer sobre esta forma de amar. Todos fomos filhos e a maior parte é mãe ou pai. É um amor sem fronteiras, num estado puro e quase instintivo. Talvez seja a forma de amor que mais se aproxima do amor primordial.

Em todas as tradições vamos encontrar uma Divindade, nalgumas de carácter mais masculino, noutras de carácter mais feminino, mas em todas é comum sermos Filhos.

É um Amor total, em que o ser criado é parte do criador.

Amor físico ou romântico

Porque nascemos de um homem e de uma mulher, falemos agora deste amor a que chamei físico ou romântico. E voltamos aqui à definição inicial, inscrita no Dicionário: “Afeição profunda de uma pessoa por outra, de carácter passional”. Podemos ficar-nos por este carácter passional, de origem mais básica e instintiva. Entra aqui, de uma forma forte, a descrição acima referida como biológica e psicológica ou seja, agimos por sobrevivência da espécie graças à acção de hormonas segregados no sangue e que levam à activação de comportamentos instintivos de desejo e consecutiva procura e escolha de parceiro(a).
(Nascimento de Vénus)

Esta procura e escolha é, nas nossas sociedades, submetida a padrões de comportamento e de cultura aceites e admitidas pela maioria sustentando uma organização social. Sem eles a sociedade se desmoronar-se-ia. Ao longo da História a sociedade padronizada foi mudando e adaptando os comportamentos às necessidades e requisitos do momento. Estes comportamentos obedecem, como já foi dito, à cultura, ao poder instalado e à religião e crenças da sociedade em que se inscrevem.

O amor entre homem e mulher é talvez dos mais belos. . É um veículo de acesso à Beleza na sua forma divinizada.

Amor Altruísta

O altruísmo é sinónimo de abnegação, filantropia. Dar sem nada esperar.  Podemos correlacionar esta forma de amor com a fraternidade. Ambas implicam abnegação. O que as diferencia é apenas o “território” de acção. Enquanto no amor fraternal há um quase compromisso perante o “irmão”, o companheiro de caminhada, no amor altruísta este conceito é alargado. Torna-se fazer o bem pelo bem.

O altruísmo é o primeiro passo na longa  jornada de subida da montanha. É uma atitude que vamos aprendendo ao dar aos que nos estão mais próximos e que em seguida se vai estendendo ao próximo não identificado.

Amor Universal ou Incondicional

Quando o Amor altruísta se torna mais abrangente, se alarga ao mundo em nosso redor, então estamos perante o amor Universal, a mais bela forma de amar.

Muito é dito e escrito sobre este amor. É para mim muito difícil acreditar que seja tão comum quanto é publicitado. Nesta forma não há julgamento, não há avaliação do outro, somos a dádiva total, sem nada esperar de retorno, nem mesmo um sorriso.

Esta dádiva abrange todos os Seres, sejam eles de que reino ou natureza forem. É o último passo do dar.

Ser Amor

Sim, ainda há mais um degrau a avançar. Enquanto damos amor, sentimos amor, ainda estamos na dualidade: existem dois intervenientes, um passivo e um activo, o que dá e o que recebe. Há uma fronteira a passar.

Quando deixamos de dar amor e passamos a ser Amor, então abandonamos a dualidade e entramos no Um. Não há mais lugar a sentimento comum, dádiva, abnegação.... Eu e o outro, quem quer que este seja, somos Um e a mesma entidade, mesmo que em corpos diferentes. Já não há definição possível, pois deixamos para trás o definível, as palavras, os jogos.

Apenas Somos Um. Somos!

A Senda

Finalmente, uma vez que há tantas formas de amor, qual o caminho para Ser?
Como ainda não atingi o Ser, não posso responder a essa pergunta. No meu estádio apenas poderei falar de caminhos trilhados por outrem, ou daqueles que já percorri.

De tudo o que me foi dado observar, sei que o Amor é o Caminho. Qualquer que seja a forma de pensamento, temos sempre em comum Ser Amor. Mas não vamos enganar-nos: o Amor não é sentimento. Pelo contrário, está para além do sentimento, já este não domina.

Quando nos atrevemos a dizer que Amamos, não pode ser um amor “terrestre” com contornos definidos, padronizado e sujeito a ambientes apenas físicos ou psicológicos. Essas roupagens são reconhecidas, analisadas, e aceites ou não, mas sempre ultrapassadas.

Muitas são as formas de trilhar a Senda. Todas as religiões apontam o Amor. No Oriente passando pelo amor físico, no Ocidente por um amor mais espiritualizado, em que o corpo é mais um obstáculo do que um meio.

No Oriente o corpo, a relação física é um meio, tendo mesmo desenvolvido uma técnica, o Tantra. Todo o complexo é vivo, tem uma consciência independente e desta forma merece a atenção, respeito e reconhecimento. Podem ser usados mantras – vocalização de sons, em sânscrito – yantras – figuras geométricas como por exemplo os mandalas, que representam as várias formas de Shakti – e rituais, nos quais se incluem a meditação de variadas formas.
(Rodin - O Beijo)

A sexualidade é assumida e Deus apresenta-se como casal sagrado de Homem e Mulher. Exemplo são os casais Shiva e Shakti. Shiva representa a força activa e masculina, Yang, e Shakti, a força passiva, feminina, Yin. A união do casal sagrado é considerada um Caminho, no sentido mais puro do termo, de ascensão à iluminação através do despertar da kundalini - a serpente de energia ígnea que temos adormecida, cuja energia ascende através dos chakras desde a base da coluna até se obter a união de Shiva e Shakti, denominada samadhi -  e ao Conhecimento de Deus.

Esta união dos dois aspectos de Deus, Shiva e Shakti, é recriada a nível humano, através da relação sexual realizada de determinada forma no casal ou entre o homem e a sacerdotisa.

Esta é uma das vias de abordagem simples, evidente e libertária do jogo da Consciência-Energia, necessária a qualquer via directa. É uma celebração da Vida livre e gratuita. O Tantrismo, numa abordagem primordial dá uma importância vital à vibração, à abertura .

Diz Eric Baret, no seu livro Corps de Silence (Corpo de Silêncio):

“A emoção pura e possível... ela está carregada de alegria e de clareza... sem apropriação, mesmo a simples percepção de um objecto é liberdade pois ela não tem defesas” ... “ A emoção íntima, rasa, é a manifestação da Luz Consciente quando as forma de peso, tamas, e de agitação, rajas, se eliminam”.

Para além da senda tântrica, podemos optar por outra, geograficamente mais abrangente: a alquimia, neste caso interna.

Esta terá três tempos, a saber,
1-    a integração individual,
2-     a integração da luz no casal; e finalmente
3-    a integração da luz na comunidade.

Conclusão

A  conclusão que faço é muito simples. Somos Amor e para o Amor devemos caminhar, passo a passo, qualquer que seja a Senda que tomemos.

Amor é ausência de sofrimento.
Amor é Beleza.
Amor é Vida.
Amor é Ser no sentido mais amplo do termo.


Por Amor
Em Amor,
Com Amor,

Bem-hajam!


Alice Marques

domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe




Mãe! Palavra tão extensa.
Mãe significa aconchego, delicadeza, ternura, protecção, maternidade...
Mãe é tudo na verdade.
Mãe chora às escondidas e acredita sempre.
Mãe vive sempre na esperança, sente frio mas agasalha, tira da boca para saciar o seu filho.
Mãe sente a dor do parto, acorda cedo, adormece tarde, verifica se tudo está bem com os seus filhotes.
Mãe chora o choro dos seus rebentos, vive a dor da sua criação.
Mãe vive a fantasia, aconchega as frustrações.
Mãe é o esteio que mantém de pé a Família.


Tino
(Dedico este pequeno texto a todas as Mães da nossa comunidade)