segunda-feira, 27 de junho de 2016



Como dissemos a 10 de Junho, vamos estar juntos de novo para uma meditação. Acontecerá a 30 de Junho, pelas 18:30.

O Centro estará aberto a partir das 17:30.

A Meditação é fundamental. Muito se diz e escreve sobre meditação. A pergunta que começamos por colocar é: o que é meditar?

É muito difícil a resposta, pois aqueles que conseguiram "Meditar" nada escreveram. Não há palavras nesse estado, pois são redutoras e incapazes de transmitir o momento. Desta forma, o que vamos lendo ou ouvindo são experiências e técnicas que nos podem ajudar a alcançar esse estado. São ferramentas de apoio. E são inumeráveis! Todavia, a cada um descobrir a sua própria, mesmo que vá contra o que foi já descrito. 

Como ainda estamos, nós também, neste caminho de descoberta, apenas podemos descrever ou partilhar o que vivenciamos. Não é obrigatoriamente "a senda". Quando muito será uma senda. 

O trabalho que é desenvolvido no Centro é alicerçado em técnicas simples e que eventualmente poderão conduzir o praticante à sua própria Via pessoal. Partilham-se experiências!

Estamos conscientes de que meditar não é relaxar (no sentido mais conhecido e procurado actualmente), pelo menos a meditação com o objectivo de evoluir espiritualmente. Também não é uma evasão, através de sons ou palavras, de imagens ou sugestões, pelo contrário é estar atento, para além do estado de vigília habitual.  É estar tão presente ao momento que nos tornamos UM com ele, abandonamos a dualidade entrando na Unicidade. 

Lembramos que falamos da mediação com sentido de "ascensão espiritual", que é o objectivo pretendido com o trabalho n'O Caminho da Montanha. É evidente que não se liga a qualquer tipo de religião ou credo. Podemos dar os primeiros passos apoiados na nossa crença (ou não-crença), mas à medida que mergulhamos na Realidade, na Unidade, muito se relativiza… e metamorfoseia!

Neste interregno de encerramento de portas do Centro, o grande desafio é mesmo cada um se voltar para Si, e, apelando a tudo o que já foi partilhado, manter-se no eixo de Si mesmo, confiando. Uma vez em cada ciclo mensal encontramo-nos e renovamos energias e forças. 

E lembremo-nos de que tudo começou com um sopro! Então respiremos conscientemente… 




quinta-feira, 23 de junho de 2016

S. João, noite de Fogo!



Há já muito tempo, publicámos um texto sobre o dia de hoje: noite de S. João. Falámos de algumas tradições que remontam no Tempo (Fernão Lopes – séc. XIV – já descreve nas suas Crónicas estas festas) e explanámos algumas. Hoje falemos das crenças populares.

Nos tempos mais antigos, em que o plástico ainda não era utilizado (só por volta dos anos 70 fez a sua aparição), o alho porro com que se batia e ainda bate na cabeça de quem passava e a cidreira e limonete que se dava a cheirar, este costume menos preservado, eram animadores das ruas. O alho porro simboliza o phalus masculino e a erva cidreira os pêlos púbicos femininos. O orvalho, ou as célebres orvalhadas da região, também tinham um papel: usando vários rituais as solteiras atraiam ou tentavam adivinhar quem seria o companheiro de vida deixando, durante a noite, papelinhos ou um ovo na água, ao orvalho e à Lua (este apenas um dos muitos rituais).

Companheiro tradicional é o manjerico, enfeitado de quadras brejeiras. Pudera, esta planta está ligada ao amor desde tempos pagãos. Não só: a parturiente se agarrasse com força a raiz de manjerico durante o parto, este seria mais fácil. Mais ainda, diz a crença que esta planta traz prosperidade a quem a possui.

O pão que ainda nos anos 70 se vendia nas Fontaínhas, um dos bairros mais tradicionais,  com a forma de um falo e dois testículos acabou, mas os martelinhos preservam de alguma forma esta forma.

Assim, podemos dizer que falamos de um culto de fertilidade.

Mas não é só de fertilidade que se trata. Contam os antigos que se colhermos um alho porro na véspera de S. João, o deixarmos à orvalhada e à Lua nessa noite, e no dia seguinte o colocarmos atrás da porta de entrada da casa, nunca aí faltará o pão nem comida.

Não se pode deixar de falar nos balões de S. João, os sonhos que são lançados ao céu, as pontes que se estabelecem entre o humano e o divino. Em cada balão um desejo!

O Fogo é um dos elementos mais importantes: saltam-se as fogueiras que se espalham pela cidade. Diz o povo que uma verdadeira relação de amor se torna mais duradoura e forte se os namorados saltarem a fogueira de mãos dadas. É união abençoada.

Neste resumo muito simplificado falta apenas um elemento: a sardinha. Nos tempos mais antigos era um cordeiro que se comia e que, gradualmente, foi sendo substituído. A sardinha tem a forma do Peixe, que marcou a Era anterior, Peixes. Os cristãos primitivos usavam o símbolo do peixe para se reconhecerem. Ora, embora as raízes do S. João do Porto venham dos antigos cultos de Solstício, foram cristianizadas. Daí  talvez o cabrito e a sardinha.

Tal como o rio corre para o mar, assim as gentes, dançando, se encaminham em consonância para a foz, casamento de rio e mar... aguardando o Fogo Maior, a Oriente o Sol que nasce, entre fogueiras ...


Mágica esta noite! Mágico o S. João!  Mágicas as brumas e as orvalhadas! Bendita Terra...

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ingratidão?




Ontem alguém falava da ingratidão das pessoas. Na verdade caímos no hábito de nos queixarmos a outrém, esperando ser ouvidos, consolados, compreendidos e outros afagos que fazem tão bem. De pé novamente, já melhor, esquecemos que alguém, um dia ou vários, nos acolheu no seu coração, lambeu as nossas feridas, doou o seu tempo, se interessou, enfim ...amou. Partimos sem querer saber mais se essa pessoa sentirá a necessidade de ouvir “valeu a pena conhecer-te” ou “ foste importante” ou ainda simplesmente “Bem-hajas!”... deixamos o vazio no outro!

A doação, o Amor no sentido mais puro, não necessita de reconhecimentos. Dá-se simplesmente! Quem dá é que mais recebe, diz a sabedoria popular e com razão. Pela Lei do Retorno ou Karma tudo se recebe de volta, aquilo que doou, fez ou pensou, seja bom ou menos bom. Assim, quem recebeu amor e não doou está a constituir uma “dívida” algures, dívida essa que um dia será cobrada.

A língua portuguesa tem uma palavra que retrata esta realidade: obrigado! Dizemo-la sem reflectirmos sobre o seu significado. Segundo o dicionário, uma obrigação é um “direito de crédito”, ou seja se recebemos ficamos a dever algo. Quer seja dito ou simplesmente devido, a verdade é que sempre que recebemos ficamos em dívida.

No Pai Nosso, oração por demais conhecida entre os cristãos, na sua versão anterior dizia a determinado momento “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Tem dois aspectos esta afirmação.

O primeiro é o facto da dívida ou obrigação, que todos assumimos num ou noutro momento. Não creio que as dívidas referidas no Pai Nosso tenham o aspecto monetário ou económico. São dívidas de outra estirpe: o acto, a palavra, sejam quais forem; refere a doação, o estender a mão, a ajuda, ou os seus contrários.

O segundo aspecto muito importante é o perdão. Só com ele a dívida fica saldada (em caso de não pagamento). Não creio que este perdão seja altaneiro, o perdão daquele que é senhor e, num acto de orgulho, concede o perdão. Intuo que o perdão do Pai Nosso é um acto de Amor, vem do coração, sem nada esperar (nem mesmo a gratidão).


Duas palavras ressaltam: Perdão e Amor. Quem perdoa sabe amar. Quem ama está grato, não por dívida mas antes como cântico e louvor à própria Vida. É o ascender a algo que está para além do dizer ou do fazer, é do domínio celeste, o Inominável e Indizível, onde o sentir ou fazer não existem, apenas se É ... Amor!

sábado, 11 de junho de 2016

Momentos esparsos...


Mais um ano passou, e um 10 de Junho aconteceu. Apesar do silêncio aparente da maior parte do ano, das portas mudas, foi dia de festa. São XIII anos de trabalho que se concluíram. Se pensarmos no percurso iniciático das cartas do Tarot, o XIII corresponde ao Arcano da Morte. De facto, o O Caminho da Montanha esteve em morte aparente. Prepara-se a nova etapa, o Arcano: Temperança, o Ingenium Solare: um génio despeja, sem que haja qualquer perda, um fluido de um recipiente de ouro para um de prata. Representa o fruto que amadurece depois da morte. 
Simboliza a síntese.

Dito isto, partilhamos alguns momentos deste dia de alegria.

  
A chegada, o reencontro.  O preparar as mantas para o picnic.


As primeiras corridas de alegria. As crianças ...













As crianças pequenas e… as grandes? Não temos todos uma criança em nós?  Tristes são aqueles que a deixam fenecer!

E as gerações misturam-se, no carinho, no amor… a nossa "menina", o sorriso mais belo, a experiência a partilhar e com a qual nos podemos enriquecer….


    
Trocam-se palavras, risos e alegria…..
Os abraços dos que chegam e matam saudades….

Há quem aproveite para pôr a leitura em dia…..







Sem saberem onde vinham, navegaram em mar desconhecido, o Dr. Henrique e Dra. Júlia, para nos apresentarem, ele Camões e depois ….
Ela, a encarnação da poesia, dita com emoção e sentir.




Partilhamos o pão, em harmonia. Reencontro como numa grande família, à mesa da Terra…




Mesa grande, espalhada. Petiscava-se onde o gosto levava…. iguarias podem crer!


Iguarias feitas com Amor… Bebe-se o néctar com ou sem álcool, mas sem exagero! As ágapes no sentido nobre, ritual de vida


A sombra acolhia quem a buscava, no segredo dos entes da Natureza. O sol escondia-se por vezes, mas era agradável, sabia bem… até que o vento quis começar a dançar a sarapanta!

E o tempo foi passando… a tarde anunciava o tempo de navegar pelos Lusíadas em busca da nossa identidade. 
 Partilhou-se conhecer e levantaram-se vozes… 10 de Junho, dia da Raça!

Lusíadas, gesta de deuses!

E, depois da epopeia, talvez na busca da Ilha dos Amores, a Súbita Iluminação!

A poesia, a linguagem mais bela, a mensagem que vem da alma, sublime.

As palavras escritas com mestria na língua mais poética, a nossa!

Momentos belos!







No fim da tarde, apagaram-se as velas, e falou-se de silêncio. Em parêntesis: "por acaso" não havia um, mas dois bolos como os vasos do génio.




Assim começamos um novo ciclo. Mais uma vez na partilha e alegria, um passo mais na senda da Montanha. A cada um descobrir em Si onde a aventura levará, na certeza de que, apesar de ser solitária a demanda, não está só. O silêncio preenche, mas há sempre o momento em que é necessária a palavra, a troca, a mão… e batendo, a porta abre-se!








sexta-feira, 3 de junho de 2016

10 Junho: mais um aniversário

(Painel de Lima de Freitas- Rossio - A Visão Cósmica de Camões)


Aproxima-se mais uma data festiva para O Caminho da Montanha. Apesar de encerrado temporariamente, não vamos deixar passar este dia sem o marcarmos com uma pegada especial. Este Centro de Desenvolvimento nasceu no dia da Raça e não foi por acaso. A nossa identidade pessoal é vital para o Conhecimento de quem Somos e para onde vamos. Ela passa também pela identidade como povo e, assim como temos uma missão pessoal, porque tudo se encaixa como uma Matrioshka - também temos uma missão colectiva. E essa é cada vez mais importante nestes tempos difíceis, de nevoeiro, que vivemos. E não é o mito português o aparecimento do Encoberto num dia de nevoeiro?

Cumprindo mais um passo neste Caminho - respeitando evidentemente as distâncias, sem vãos orgulhos -  reunimo-nos num acto de Amor, celebrando a alegria, o encontro, a saudade… 

Assim, o programa previsto será:

- 11:00 Encontro n'O Caminho da Montanha
- 12:30 Almoço picnic (interior se chover)
- 14:30 Palestra subordinada ao tema "Os Lusíadas e a Identidade Nacional" pelo dr. Henrique Doria
- 16:00 Apresentação do livro "Súbita Iluminação" de Henrique Doria pela dra. Júlia Moura Lopes
- 17:30 Fim do evento 

Contamos com todos que venham de boa vontade.

Bem-hajam!