sexta-feira, 5 de junho de 2015

Cruz



Estava a ler uma passagem bíblica e o meu pensamento levou-me até “O Caminho da Montanha”.
Pensei partilhar o que me passou pela cabeça. Mais uma tontaria, pensei eu. Quero lá saber. Só lê quem quer. E pode ser que alguém faça um comentário “a matar”.

A passagem bíblica refere-se a um cego que ouvindo dizer que Jesus ia a passar por ali, começou a gritar: “Jesus, filho de David, tem piedade de mim”. Muitos repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: “Filho de David, tem piedade de mim”.

Pensei para com os meus botões: quem serão estes que estão sempre a mandar calar os pobres e aflitos?
Acho que estas vozes vêm do nosso interior, mas também do exterior. São vozes que não querem o nosso bem, a nossa felicidade. São vozes dos instalados, dos invejosos, do imobilismo.
Do interior são os nossos traumas, complexos, medos, receios, ingratidões, egoísmos, etc.
Do exterior são a pressão da sociedade, do bem parecer, da escravidão, etc.

E o número 12 bailou perante os meus olhos. Arregalei-os bem. Doze, porquê doze?
Lembrei-me, então, que em 10 de Junho “O Caminho da Montanha” faz 12 anos. Ah, pois… E que interesse tem isso?
É que já passou a meninice, julgo que está na pré-adolescência. Cheio de vida, com sangue na guelra, no início da rebeldia. E começa a desconfiar da sabedoria dos “pais”. Está convencido que já sabe tudo e não tem mais nada para aprender. Até já subiu na hierarquia, já faz umas coisas interessantes, até já atingiu outros níveis, talvez até mestrado, possivelmente já está convencido que faz milagres, que cura e tem solução para tudo.

Mau. Mas O Caminho da Montanha é isso, ou sou eu a projectar nele aquilo que eu sou? Estou a tentar enganar-me, porquê? Este pensamento levou-me a cair na minha pequenez e arrogância. Fiquei desfeito pela queda abrupta. Afinal o cego sou eu.

Mas O Caminho da Montanha, apesar de tão novo, quanto tem já para contar.
Centro de desenvolvimento pessoal, de meditação, de Reiki, de Yoga, de local de refúgio nos momentos amargos e de convívio e alegria nos momentos mais felizes.
Há um ditado popular que lhe assenta como uma luva: “Faz o bem, sem olhar a quem”.

Não, não me esqueci do que fez Jesus ao cego. Mandou-o chamar e perguntou-lhe o que é que ele queria. O cego fez um pedido: “Mestre, que eu veja”. E Jesus deve ter olhado para ele com uma ternura indescritível, pois respondeu-lhe:” Vai: a tua fé te salvou”. E recuperou a vista.

Voltamos ao Centro. Como chegamos lá? Que procurávamos? Como estamos?
Provavelmente entramos de mãos vazias, de coração a sangrar, procurando refúgio, bálsamo para o espírito, melhoria para o corpo. E fomos recebidos com muito amor, carinho e compreensão.
Quase só pedimos. E que demos em troca?
Ao menos tomamos consciência do nosso estado e sentimos gratidão a quem tudo deu e nada pediu?
Sabem o que fez o cego? Seguiu Jesus.
Sim, ficou grato. E o que tem o título a ver com isto?
Nada? Talvez. Mas será mesmo?
Como é a subida à Montanha? É fácil? Não há quedas? Não há desânimos? Não há frustrações? Não há momentos em que nos apetece abandonar tudo?
Era bom que a passagem por esta vida fosse um “Paraíso” permanente. Seria?

Estou convencido de que em qualquer sociedade a subida pessoal só se consegue fazer pelo sofrimento, pela luta interior contra o nosso próprio ego, pela vontade de crescer, pela dor. Pela “cruz”, ou outro símbolo similar, consoante as culturas e crenças.
Se tudo está bem, se não temos problemas, doenças, falta de trabalho, dinheiro, mal-estar, porque teríamos que mudar, meditar, orar, partilhar, doar, fazer qualquer sacrifício, pensar nos outros?
Mas sabemos, por experiência própria, que este mundo é um “vale de lágrimas” e uma luta constante contra o nosso egoísmo, a nossa acomodação.
Para subirmos a um estado de perfeição, quanto teremos de lutar.
E como será belo e harmonioso quando atingirmos o cume. A fé e esperança desaparecem. Só permanece o Amor.

E afinal já vemos, ou continuamos cegos?
É o Caminho da Montanha que precisa de nós, ou somos nós que precisamos do Caminho da Montanha?

Bem-haja.

Ernesto Henriques


4 comentários:

Unknown disse...

É um artigo muito consciente ... gostei muito ... sobretudo quando falou de amor.
Afinal chegar ao cume é a meta de todos nós ... é difícil mas temos que acreditar em nós. Eu sei que o Ernesto é grato ao centro e a quem o representa ... eu também ... por isso na quarta-feira dia 10 de Junho vamos festejar a união de pessoas que se juntaram por escolha subir o caminho do montanha. Até lá ... abraço

alice marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alice marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alice marques disse...

Olá Ernesto!

Um texto assertivo digno do autor. Sem meias palavras, claro e sobretudo sincero. Sente-se que lhe saiu do coração. Bem-haja!

É verdade, o Caminho da Montanha fez XII Anos. Passou pela primeira a Rota dos Signos Zodiacais. E recomeça.... o eterno recomeço, o eterno retorno.

Muitas são as perguntas que coloca. A cada um encontrar a sua resposta.
Muitas as questões que levanta. A cada um a análise pessoal.

O Caminho da Montanha, espaço terreno, físico, está aberto como sempre a quem vier por bem. O Caminho da Montanha Espírito existe por si, independente e Livre, Amor puro que quer passar.... a quem o souber colher.

A todos, no espírito que somos, bem-hajam!

Beijinho Ernesto!