quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre o que temos nas mãos

O poema, belo e rico de conceitos, de autor desconhecido, cremos que vale uma palavra. Temos sempre nas nossas mãos duas decisões aparentes e quase sempre uma terceira que temos de procurar.


Sim, temos nas nossas mãos "o bem e o mal". Gostavamos de reflectir sobre estes conceitos, mas deixamos o repto à meditação sobre eles.


E o "fazer sem culpa" ou "pensar, reflectir, esperar? A culpa, esse peso pesado que carregamos e que tantas vezes serve de justificação para a inércia e o medo... ou então quantas vezes é desculpa para o comodismo... sim fugir à busca do que realmente somos, a coragem de assumir...


Esperar é um dom. A espera activa na entrega à Vida e ao Ser, diferente da imobilidade e passividade que é apenas confortável.


Finalmente, o autor afirma que "o mais importante é o decidir e decidi, de uma vez por todas ser simplesmente feliz e esse caminho não tem volta". Para mim fica a pergunta, o que é ser feliz?


É uma decisão?


Onde fica a culpa, o bem e o mal, o sofrimento, os amores?


Sim, concordo, é da decisão que provém o ser feliz, é do assumir perante si mesmo, contra ventos e tempestades, dizeres, conceitos e preconceitos, noções e ..., que começamos a trilhar o caminho. Outras perguntas, escolhas virão, pois "SER Feliz" não é simples. Requer a Lembrança de Si em cada momento.


A todos, e sobretudo ao autor, boa viagem, viagem essa que não tem fim....



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nas minhas mãos


Tenho, nas minhas mãos, dois caminhos, duas decisões,
mesmo quando tudo parece desabar cabe a mim decidir,
entre rir ou chorar, entre ir ou ficar, entre desistir ou lutar.
Se o mar está revolto, posso ficar na praia ou sair
para pescar e, talvez, nunca mais voltar.
Tenho, nas minhas mãos, o bem e o mal e entre eles
poucos pensamentos um diz para fazer sem culpa,
o outro pensa, reflecte e pede para esperar. 


Enquanto o mundo se perde em erros, posso manter-me sereno,
sem medo porque tenho a chave da minha vida nas minhas mãos.
Então, hoje, sinto-me mais forte, pois atravessei os desertos da alma
amei quem não me amou e deixei de lado quem muito me amava.


Atravessei caminhos nem sempre floridos, que
deixaram marcas profundas em mim mas amei e fui amado.
Por isso, tenho nas minhas mãos
 bem mais que a vida tenho a dúvida e a certeza, a esperança e o medo,
o desejo e a apatia, o trabalho e a preguiça. 


E dou-me ao direito de errar sem me cobrar e
acertar sem me gabar porque descobri no caminho incerto da vida,
que o mais importante é o decidir e decidi, de uma vez por todas
ser simplesmente feliz e esse caminho não tem volta.

 

(desconheço o autor)

domingo, 23 de maio de 2010

Ítaca


Quando começares a tua viagem para Ítaca,
reza para que o caminho seja longo,
cheio de aventura e de conhecimento.
Não temas monstros como os Ciclopes ou o zangado Poseidon:
Nunca os encontrarás no teu caminho
enquanto mantiveres o teu espírito elevado,
enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo.
Nunca encontrarás os Ciclopes ou outros monstros
a não ser que os tragas contigo dentro da tua alma,
a não ser que a tua alma os crie em frente a ti.

Deseja que o caminho seja bem longo
para que haja muitas manhãs de verão em que,
com quanto prazer, com tanta alegria,
entres em portos que vês pela primeira vez;
Para que possas parar em postos de comércio fenícios
para comprar coisas finas, madrepérola, coral e âmbar,
e perfumes sensuais de todos os tipos -
tantos quantos puderes encontrar;
e para que possas visitar muitas cidades egípcias
e aprender e continuar sempre a aprender com os seus escolares.

Tem sempre Ítaca na tua mente.
Chegar lá é o teu destino.
Mas não te apresses absolutamente nada na tua viagem.
Será melhor que ela dure muitos anos
para que sejas velho quando chegares à ilha,
rico com tudo o que encontraste no caminho,
sem esperares que Ítaca te traga riquezas.

Ítaca deu-te a tua bela viagem.
Sem ela não terias sequer partido.
Não tem mais nada a dar-te.


E, sábio como te terás tornado,
tão cheio de sabedoria e experiência,
já terás percebido, à chegada, o que significa uma Ítaca.

Konstantinos Kaváfis, trad.Jorge de Sena

domingo, 16 de maio de 2010

Nas muitas conversas, trocas de ideias que acontecem ouço muitas vezes dizer que "Somos Deus", "temos Deus em nós" e também exactamente o contrário: estamos submetidos total e completamente ao destino. São pontos polémicos cuja discussão não acabaria nunca.

Não sou ninguém para entrar nestas discussões, nada posso afirmar com certezas. Há muitas teorias, demasiadas, elaboradas por seres em Caminho, ainda não Reintegrados no SER. São marcos, talvez!

Sim, acredito que temos Deus em nós, em potência, como o fruto tem a semente. Mas fruto e semente não são a mesma coisa. A semente terá de ser semeada, cuidada, terá de crescer e se conseguir, poderá atingir as qualidades de fruto. O caminho é longo, esforçado, sofrido, feito de encontros, escolhas, batalhas... A primeira é morrer, pois sem morrer a semente não cresce. Morrer para o "mundo visível", para que possa deitar raízes invisíveis que a prenderão à Terra e a alimentarão.

O solo é importante. Se cair em pedra dificilmente será fruto; se cair em terra pobre, será duro o trabalho, mas se cair em boa terra as raízes poderão crescer. Assim falou Jesus. Que terra é esta? Não será o nosso trabalho no Tempo?

No nosso momento actual onde está o Deus que somos, então? Somos nós, assim, em carne e osso, ser pensante, vulnerável, volúvel, submetido às emoções, sentimentos, desejos, medos, aos ventos da vida?

Não me parece. No que me diz respeito ainda estou tão longe do Deus que É. Tão longe do Eu Sou. Tenho perfeita consciência e Sei que é assim.

Quando ouço citações, afirmações, opiniões sobre sermos Deus, não posso evitar deixar de pensar como é terrível a nossa situação humana, como somos tão pequeninos quando nos aflora a ideia de já sermos Deus. Há tanto Caminho a trilhar! Há a morte a passar, não a morte física, mas a morte da pessoa, da máscara.... dos enganos.

Que triste a condição humana!

A Ti, Eu Sou, que tomes a minha Vida, o meu ser pequenino, que sejas o fruto que me contém para que um dia a semente caia na Terra!


Actividades em Maio

Este mês as Actividades são parcas:

22 de Maio - 14:00 Curso de Gnose, Cabala e Hermetismo

29 de Maio - 15:00 - Meditação e Práticas
                                 II Capítulo do Caibalion



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Até amanhã


17h!! Finalmente, o toque da campainha liberta a sala de aula e devolve-me o sossego! Cansada, pego na pasta, percorro o átrio e digo, de forma maquinal, “Até amanhã!” à senhora funcionária. “Até amanhã, se Deus quiser!”, responde-me ela, alegremente.
Até amanhã, se Deus quiser… Continuei a caminhar, mas a frase fez eco no meu coração e este cedeu... É verdade! Tanta sabedoria nestas palavras habituais, rotineiras, maquinais…. Quantas vezes as ouvimos, quantas vezes as dizemos e, surpreendentemente, quantas vezes as ignoramos!
Independentemente da religião de cada um, todos temos que convir que o “amanhã” é hipotético, é condicional. Acontece “SE” Deus quiser. 
Amanhã… E, entretanto, o que fiz com o dia de hoje? As palavras da D. Isabel fervilharam no meu coração. Não descobri a pólvora, não é novidade, já todos sabemos, “carpe diem”! A experiência sofredora mostra-nos isso diariamente. E, no entanto, naquele momento, tive a noção, real e crua, de que o amanhã só acontece SE Deus quiser. Porém, quantas vezes nos lembramos realmente disto?
E se amanhã não torno a ver a D. Isabel? E se amanhã não for trabalhar? E se amanhã não tiver a oportunidade de vos dizer o quanto vos amo? 
Apeteceu-me dar meia volta e ir dar um beijo à D. Isabel. Ela não faz ideia do impacto que a sua expressão rotineira causou no meu coração. Não fui… Quando me apercebi, já estava à beira do carro. Mais um “hoje” desperdiçado na esperança do “amanhã”.
Mas “amanhã”, se Deus quiser, não deixarei que isso aconteça.

11.Maio.2010
Isaura

terça-feira, 11 de maio de 2010

A caminho II ... Uma Pergunta?

Ir a Fátima... Porquê? A pé??????

Pelo caminho de Fátima tantas respostas, umas de sofrimento outras de simples obrigada à Mãe. Ou ainda por Amor!
Em comum todos acreditam em Deus, em Jesus, nos Sacramentos.
Gostaria de partilhar uma experiência que me marcou: a sala onde, nesse dia, prestávamos cuidados aos peregrinos estava junto do local onde era celebrada missa. Tinham aberto as janelas para que fosse ouvida a Eucaristia. Pediram silêncio!
A sala foi enchendo e o ruído aumentava...
Subitamente senti que algo mudava e pensei "é a Consagração".
E olhei! Assim era!
Fiz silêncio em mim.
Pensei, afinal de todos que vivem em nome de uma fé, quantos pararam para respeitar o Milagre sagrado, a Magia superior que nesse momento acontecia debaixo dos nossos olhos?
Não me senti melhor por ter feito silêncio, não sou melhor que outrém. Apenas senti um apelo que me limitei a "ouvir"... no silêncio.
Depois muitas perguntas ficaram.
Porquê a viagem? Porquê a ajuda? Porquê dizermos que somos algo e não sentimos? Porquê discutir religião, guerrear pela religião quando andamos tão distraídos?
São perguntas, apenas perguntas, que talvez não tenha direito de pôr. Em minha defesa: recuso-me julgar!
Sei que é a fé que que move estes seres. Uma fé incomensurável. Digna de um Pai e de uma Mãe de Amor.
Então... Algo não bate certo...
A cada um reflectir o quê....


quinta-feira, 6 de maio de 2010

A caminho...


Hoje até sábado, um pequeno grupo dos nossos Iniciados Reiki vão dar apoio a um grupo de peregrinos a Fátima.

A pergunta que me puseram foi saber se o "sacrifício" de ir a pé é válido. O ano passado usufruí da ventura de acompanhar este Grupo durante uma semana. Dormiamos, os terapeutas, cerca de três horas por noite. Não se sentia o cansaço.

Foi uma viagem ao fundo de nós.

Uma peregrinação é acima de tudo uma alquimia: transmutamos os conhecimentos que tínhamos, partimos em busca.
Como assim?
Como espelho reflectimos nas nossas vivências, nos nossos quereres, fazeres, amares, desejares, etc., no mundo à nossa volta. Se sairmos desse mundo quotidiano, na busca da Luz, do mundo espiritual, vamos reflectir essa mesma Luz. E transmutando, transmutamo-nos.
Peregrinar, no sentido profundo, é caminhar em busca do Eu Sou, que temos em potência. O caminho que os nossos pés percorrem são a imagem reflectida do caminho que fazemos em nós.
Sim, há sacrifício.
Sim, há ir além dos nossos limites.
Sim, há ir além do sofrimento, das lágrimas, das dores.
Sim, a chegada é um milagre da vida, sentido a nível profundo. Uma alegria que não se diz, tão grande que não cabe no coração e escorre em lágrimas sentidas.
Sim, é acima de tudo um louvor à Vida, à Mãe Divina que nos traz no seu seio. Tal como o feto, tantas vezes usufruimos sem darmos conta, dormindo...
A todos aqueles que peregrinam em cada dia, pelas vias do Ser, em busca de Si, bem-hajam!


domingo, 2 de maio de 2010

Mãe...

A ti que partiste, mas vives em mim,
A vós presentes em cada uma de nós,
a todas que somos potência de Vida...

Mãe...
Ovo de Vida.
Senhora do Fogo.
Luz divina.
Carregas o futuro no ventre e a esperança nos nossos corações.
Senhora do Amor.
O sorriso surge nos momentos difíceis e a lágrima nos momentos de plena felicidade.
Senhora por natureza.
Sorri hoje.
Ama hoje.
Sê feliz hoje.

Bem-hajas Mãe-Mulher!