O Caminho da
Montanha tem estado adormecido desde
o mês de Setembro. Adormecido não é morto. Como já foi afirmado anteriormente,
apenas se encontra em retiro interior tão necessário a cada Ser.
Nestes anos de
funcionamento e de entrega total ao Caminho, notamos que éramos procurados
sobretudo por aqueles que buscam o bem-estar físico e emocional. As actividades
mais ligadas ao Conhecimento tinham uma afluência muito menor. Conclui-se que
as razões e motivos mais profundos que levam ao mal-estar não são objecto de
reflexão.
Também
observámos que era esperada uma recuperação rápida e, acima de tudo, sem
“trabalho”, sem uma dádiva pessoal. Quando se fala em dádiva, o pensamento
desvia-se para uma dádiva material. É facto que, na sociedade em que vivemos, o
material é necessário para a existência física e não somos excepção. Mas agora
falamos de uma dádiva de trabalho, de avanço pessoal para a conquista de
conhecimento de quem somos.
Nestes tempos
conturbados e tristes, e na procura de respostas rápidas e básicas, são cada
vez mais os “videntes” que a troco de uma quantia (por vezes exorbitante) dão a
resposta que o consultante se limita a seguir sem questionar. É o caminho mais
fácil na aparência, pois demitimo-nos de algo que constitui a grande diferença
entre o Homem e os outros seres que habitam a Terra. Estamos a falar da
possibilidade de escolha, da responsabilidade de assumirmos o Caminho. Mas este
Caminho implica dádiva de si e sacrifício.
Nos Arcanos Maiores
do Tarot, agora tão manipulados para as coisas do quotidiano quando são
representações da Verdade Maior, temos o Arcano XII (tão temido): o Dependurado
ou o Sacrifício. Representa o que temos de sacrificar num “revirar ao
contrário” (o sacrificado tem os pé voltados para o céu e a cabeça para Terra).
Tantas vezes a Vida nos revira de dentro para fora, nos põe a fazer o pino....
É aprendizagem, mas recusamo-la. E revoltamo-nos, perdemos “a cabeça”, numa
procura louca de fugas desesperadas e em tentativas vãs de respostas rápidas,
fáceis e básicas.
A este Arcano
XII segue-se o XII, a Morte. Pois, é pela Morte que renascemos. Mas a Morte é
entrega ao desconhecido, o silêncio do desconhecido que tanto tememos. Só
depois de passarmos pelos estádios de Sacrifício e Morte poderemos alcançar a
Temperança (Arcano XIV), ou seja o Equilíbrio entre o divino que somos e o
carnal que nos permite viver e aprender.
Nesta vida
passamos muitas vezes por estes Três Arcanos; de cada vez que a Vida nos põe à
prova, e temos de tomar decisões, fazer escolhas... E cada vez que tomamos o
caminho fácil e rápido, a Vida irá pôr-nos de novo à prova e tudo se repete.
A dádiva acima
referida faz também parte da aprendizagem. Tudo no Universo tem o verso e o
reverso, ou seja se cada um receber e nada der fica em dívida. Actualmente
espera-se receber sem nada dar e depois ficamos surpreendidos por a Vida nos
retirar aquilo a que achávamos que tínhamos direito.
(Lima de Freitas) |
O Caminho da
Montanha serviu nestes anos, sem nada pedir a não ser a Vontade de mudar e de
conhecer. Também ele cresceu. Chegou o momento, não de Decadência ou Queda, mas
antes de re-Orientação para o verdadeiro Caminho e Razão de Ser. A Vontade, o
Querer e a Busca da Sabedoria serão pontos essenciais nesta abordagem.
A aprendizagem
demora, não vem com símbolos, ideias nem com horas dedicadas APENAS ao
exterior, seja em trabalho de doação. A aprendizagem é como uma Alquimia que se
vai processando gradualmente, passo a passo no mistério do nosso mais Íntimo. Vem com o Sacrifício,
as Mortes, escolhas, assumpções ou riscos que tomamos e nos responsabilizam,
vem com quedas e mágoas, com saltos no vazio e, vem, sobretudo com o mergulho
em nós no silêncio e abertura a quem se vai libertando, os Mestres (não por
grau, mas por Ser). Podemos ter a Graça de acontecer num pequeno lapso de
Tempo, mas é normal demorar décadas, vidas e mortes... Vai-se construindo, no
escoar das águas e no Fogo purificadores.
O Caminho da
Montanha ainda no Silêncio, no Trabalho, em retiro, a Alquimia vai-se fazendo, suave e lentamente,
no tempo que é necessário para que os metais se metamorfoseiem.
Nota: Pequena ressalva para a referência às leituras de Tarot. Não estamos contra aqueles que procuram a leitura de Tarot (Arcanos Maiores) para encontrarem uma linha orientativa do momento que vivem. Igualmente, na nossa referência "videntes" não incluímos aqueles que conhecem o significado esotérico dos Arcanos e têm um conhecimento profundo da Beleza e Mistério a que acedem.
Nota: Pequena ressalva para a referência às leituras de Tarot. Não estamos contra aqueles que procuram a leitura de Tarot (Arcanos Maiores) para encontrarem uma linha orientativa do momento que vivem. Igualmente, na nossa referência "videntes" não incluímos aqueles que conhecem o significado esotérico dos Arcanos e têm um conhecimento profundo da Beleza e Mistério a que acedem.
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