segunda-feira, 22 de março de 2010

As Crianças e a vida moderna

O nosso dia-a-dia é demasiado agitado para as crianças e adultos. Elas tornaram-se no extremo: ou demasiado passivas ou activas.

Na maior parte dos casos, têm de se levantar cedo para ir para a escolinha, a escola ou o infantário. Aí têm a possibilidade de conviver com outras crianças e aprender. Infelizmente, muitas delas só vêm os seus pais á noite. Isto reduz a convivência que seria desejável.

A vida que levamos hoje, não permite que elas desgastem toda a energia que lhes é natural. A grande maioria não tem um lugar para brincar. Vivem fechadas em apartamentos e mesmo assim sujeitas a regras de todo o tipo. Os pais também já têm um fardo bastante pesado do dia de trabalho. Chegam muito cansados e a maior parte das vezes não têm muito tempo para eles. Por isso não brincam, nem dão a atenção suficiente aos seus filhos.

A televisão, ou jogos de computadores são o escape destas crianças que desde logo mostram tendências para a obesidade. Tornam-se passivas e muito apagadas. Muitas vezes estão por sua conta e risco. Os laços que criam, são com pessoas de fora, como sejam educadoras, outros familiares, amas, etc.

Quando chegam á adolescência, são revoltados. Sendo esta fase tão difícil de passar, muitas não são compreendidos nas suas atitudes, contestam tudo e afastam-se dos seus pais. Acontece que chegam á fase adulta, são pessoas perdidas e instáveis, num emaranhado de conceitos e de situações que não lhes são favoráveis.

Tenho óptimas recordações da minha infância, porque corria feliz no “arraial” e convivia com os meus amigos. Não tínhamos metade dos brinquedos que hoje as crianças têm, mas éramos muito mais felizes. Andávamos fora o dia todo sem o medo de sermos raptados. É certo que tínhamos uma hora para chegar a casa, mas éramos mais livres. Hoje vai-se de carro a todo o sítio. Só não se entra com ele nas casas e restantes locais.

Hoje, nós, adultos e crianças, vivemos com muitos aparelhos, como o mp3, o computador, a playstation, a internet, etc . Deixamos de ter uma vida real, para passar a uma virtual. Não sabemos como lidar uns com os outros. Os sentimentos são algo difícil de encarar, por isso usamos máscaras para pintar uma realidade bem mais triste. Somos seres muito solitários atrás de um computador. Sem deixar de esquecer todo o risco que a Internet tem.

As crianças e os adolescentes, passam uma grande parte do seu tempo ao computador, esquecendo a vida lá fora. Estão sujeitos a muitos riscos e buscam uma informação que nem sempre é a mais verdadeira.

Esta é a evolução, o dito “progresso” que nos leva a lado nenhum. É claro que tem a sua utilidade, mas afasta-nos uns dos outros. Onde estão os sentimentos? Que vai ser feito de nós? A nossa humanidade está a desaparecer. Será que no futuro seremos tipo robots? Será que os nossos sentimentos vão resistir a tanta solicitação? Seremos pessoas frias, sem emoções?

Mary Rosas

20.Março.2010

3 comentários:

alice marques disse...
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alice marques disse...

Obrigada Mary por abordares este assunto e sobretudo por o fazeres desta forma.
Concordo com o que escreves e creio que este é uma das temáticas que quase todos evitam abordar. Realmente... onde estão as crianças de hoje? Onde e quando brincam, se sujam de Terra, rebolam na erva e riem a bandeiras despregadas? Onde andam aquelas discussões inocentes que fazem crescer sem armas nem rótulos?
E sobretudo, onde aprendem Amor?

Bem-hajas pelo teu artigo! E pela coragem...

alice marques disse...
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