sábado, 25 de fevereiro de 2012

David, Rei de Israel e de Judá



(Rei David de Domenico Zampieri)

Os salmos são hinos sagrados por meio dos quais o povo de Deus costumava louvar o Altíssimo, implorar Sua misericórdia, agradecer benefícios recebidos e recordar prodígios de Sua paternal providência em favor de Israel. Foram compostos por diversos escritores sagrados, sendo David o autor de sua maior parte.
São textos para serem lidos e meditados, pois a sua profundidade espiritual leva-nos a um êxtase inenarrável.
Há 2 salmos que me impressionam de uma maneira extraordinária:
São os salmos 22 e 50. Ambos atribuídos ao rei David.
Do primeiro transcrevo os primeiros versos, para deleite interior:

“O Senhor é meu pastor, nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
Conduz-me às águas refrescantes
E reconforta a minha alma”.

Do segundo, conhecido como o salmo do “Miserere” (Misericórdia), tentarei dar uma explicação histórica e que nos faz compreender a sua génese.
O rei Saul, primeiro rei de Israel, afastou-se dos caminhos de YAVEH e ESTE retirou-lhe a Sua bênção. Enviou o profeta Samuel para ungir David, o mais novo de 7 irmãos, porque o tinha escolhido para rei do Seu Povo, o que sucedeu algum tempo depois, após a morte de Saul numa batalha com os filisteus.
David foi um grande rei, combateu e venceu os seus inimigos, tornou-se forte e temido por estes e respeitado pelo seu povo.
Era um rei temente a Deus.
Mas…há sempre um mas…
(David e Betsabe de Lucas Cranach)

Apaixonou-se por Betsabé, esposa de Urias, um dos seus soldados de elite, que estava na guerra contra os amonitas. Engravidou-a e tentou, sub-repticiamente, resolver o problema do adultério. Mandou chamar Urias e disse-lhe que fosse para casa, descansar. Mas Urias, um militar íntegro e com honra, respondeu ao rei que não faria tal, pois os seus companheiros estavam ao relento e longe das famílias e o seu dever era compartilhar o sacrifício com eles.
Vendo David que a sua estratégia falhara, enviou-o novamente para a frente de batalha, com uma carta para o comandante do exército, com estes dizeres: “Coloca Urias na frente, onde o combate for mais renhido e desamparai-o para que ele seja ferido e morra” (II Samuel, 14,15).

E assim sucedeu.
David desposou Betsabé.
Uma história de encantar, não é?
Perante a sociedade nada de anormal se passou. Foi tudo legal e normal. A morte de um soldado é apenas a consequência da guerra.
Só que David não era um rei qualquer. Foi ungido com o óleo sagrado, por ordem de YAVEH. Teria que dar o exemplo, ser justo e obediente a Deus.
O Profeta Natan foi ter com o rei, dando-lhe o recado de Deus: “Ungi-te rei de Israel…Porque desprezaste o Senhor, fazendo o que é mal aos seus olhos? Feriste com a espada Urias, para fazer de sua mulher a tua esposa. Por isso, jamais se afastará a espada de tua casa, porque Me desprezaste…Porque tu agiste às escondidas, mas Eu o farei diante de todo o Israel e diante do sol. David disse a Natan: “Pequei contra o Senhor”. Natan respondeu-lhe: “O Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás. Todavia como desprezaste o Senhor com esta acção, morrerá o filho que te nasceu” (II Samuel, 12, 7-15).
E foi neste contexto, que um homem verdadeiramente arrependido implorou o perdão e a misericórdia de Deus.
(Ícone do Rei David)

E transcrevo os primeiros versos do Salmo 50:

“Tende piedade de mim, Senhor segundo a Vossa bondade,
E conforme a imensidade da Vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade.
Lavai-me totalmente de minha falta,
E purificai-me do meu pecado”. 

E como fecho, recordo que Jesus, o Messias, é descendente do grande rei David. Na Anunciação do anjo Gabriel a Maria, ele diz:”não tenhas receio Maria…hás-de conceber e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus…O Senhor Deus dar-lhe-á o trono de seu pai David”. Lucas 1, 30-32.

Algumas conclusões se poderão tirar. Sem querer ser moralista, compartilho duas:
1 – Podemos tentar enganar-nos a nós próprios e aos outros. Mas nunca a Deus.
2 – Por maiores que sejam as nossas faltas e os nossos erros, quando há verdadeiro arrependimento, Deus está sempre pronto a perdoar-nos, porque nos ama.

Ernesto Henriques

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