terça-feira, 25 de setembro de 2012



"Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com uma vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas coloca-a num candelabro, para que os que entram vejam a luz. Não há nada oculto que não se torne manifesto, nem secreto que não seja conhecido à luz do dia. Portanto, tende cuidado com a maneira como ouvis. Pois àquele que tem, dar-se-á; mas àquele que não tem, até o que julga ter lhe será tirado".


Recebemos a transcrição da leitura do Evangelho de hoje. Porque achamos particularmente interessante, deixamos o repto a todos os nossos leitores a comentarem.

Nos tempos que vivemos cada vez mais há menos secretismo (mesmo assim, neste português confuso).... 

A afirmação inicial de Jesus não vem surpreender, pois quem não conhece o velho ditado: "a verdade é como o azeite, vem sempre à tona da água"? E assim é, à medida que os olhos se preparam para encarar a luz. 
Todavia, surpreendente é a afirmação do Rabi: "tende cuidado com a maneira como ouvis". Ele não vem avisar sobre o que é dito, mas sim a forma como é ouvido, percebido, percepcionado.

 Afinal o que está implícito neste excerto?


4 comentários:

Partilha de Sabores disse...

Por mais que lutemos contra, - sim porque há quem lute contra - a luz aparece sempre. E isso é o que me reconforta.

Ernesto disse...

Ao ler este texto, chamou-me à atenção, a 1ª parte e pouco importância dei à 2ª.
Mas o ênfase colocado pelo “O Caminho da Montanha, levou-me a repensar o texto e a analisá-lo sob novas perspectivas.
Quanto à 1ª parte, parece clarinho. A luz é colocada em local estratégico, para iluminar tudo, para afastar o escuro, que tanto medo mete.
E visto neste prisma, é evidente que todos devemos ser LUZ.
Só que é preciso ter cuidado não com a luz, mas com os falsos “iluminados”, com aqueles que se julgam donos absolutos da verdade, as minorias ditas esclarecidas, as sociedades secretas que se acham no direito de determinar o futuro dos “pobres”, do chamado “povo”.
Estes ditos “iniciados” esquecem-se que “não há nada oculto que não se torne manifesto, nem secreto que não seja conhecido à luz do dia”. E, portanto, mais tarde ou mais cedo a verdade virá sempre ao de cima.
E isto encaixa na perfeição, na 2ª parte: “tende cuidado com a maneira como ouvis”.
Que penso disto? Que muitas vezes nos tentamos enganar a nós próprios, ouvindo "apenas" aquilo que queremos, da maneira que queremos e com os fins que pretendemos. Ou seja, deturpamos tudo por interesses momentâneos e passageiros, geralmente para prejudicar o próximo.
E assim em vez de LUZ, só transmitimos trevas…

Raquel Silva disse...

Tens razão Rabi,há uma grande tendência para adulterar muitas vezes o que se ouve.Fazem-se julgamentos apressados e despropositados.Permite-se que os nossos ouvidos,voltados para a verdade,se convertam em caixa de acusações desditosas,colocando ácido e semeando observações infelizes.Acautelem-se de tal sementeira!Não incidam,reincidam ou insistam no erro.Devemos promover a renovação dos nossos propósitos a cada dia,a toda a hora,em cada instante.

André disse...

Ouvir é algo que fazemos a toda a hora. Os sons chegam ao nosso cérebro através do nervo auditivo onde depois são processados e interpretados pela nossa mente, analisados, criticados e pode ser gerada uma acção, emoção, rejeição ou aprovação em resposta a esse estímulo de acordo com as nossas experiências passadas e conhecimentos adquiridos.
Esse ouvir com a mente/ego, em que automaticamente é gerado um juízo, uma crítica, uma resposta, dificulta que se ouça com o espírito, que se absorva e interiorize o conteúdo da mensagem de uma maneira pacífica sem julgamento inicial de maneira a poder ser entendida no seu todo mais profundamente sem preceitos e preconceitos.
Os que têm a consciência iluminada que lhes permite ouvir com o espírito estarão mais próximos de ouvir e sentir Deus em tudo à sua volta, comparativamente com aqueles que pensam que têm muito conhecimento acumulado no cérebro, e estão mais preocupados em julgar imediatamente, responder e criticar tudo o que ouvem porque a sua sabedoria não pode ser posta em causa.

Debates e discussões raramente são esclarecedores ou fazem progredir determinado assunto, pois cada um dos intervenientes está mais preocupado em ter razão e ganhar o debate do que propriamente ouvir calmamente a outra parte, tentando aproveitar o que de bom poderá haver nesse conteúdo.

Ouvir abertamente e em plenitude, obriga a procurarmos a Luz omnipresente mas que é constantemente tapada pelo nosso ego.