O dia 09 de Julho foi um abrir de véus em relação ao Islão. Estivemos com o Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto e responsável pelo diálogo inter-religioso do norte de Portugal, o Sr. Abdul Rehman Mangá, um português nascido em Moçambique.
Não vamos aqui citar tudo o que foi dito, pois tal não seria viável para um blog. Tentaremos fazer algumas citações que, acreditamos, possam fazer um pequeno esboço das matérias importantíssimas que foram abordadas.
" ... Islão deriva da palavra "Silm" / "Salam" que significa PAZ. Mais do que isso, significa a submissão a Um Deus só, viver em paz com o Criador, viver em paz consigo mesmo, viver em paz com as outras pessoas e viver em paz com o ambiente.
O Islão veio depois de Cristo; temos um tronco comum que é o profeta Abraão. Deste tronco comum tivemos três ramificações; a primeira deu lugar ao Judaísmo; a segunda através de Jesus deu lugar ao cristianismo e a terceira, através do profeta Muhammad deu lugar ao Islão. Estas três religiões são as três únicas religiões monoteístas. O Islão faz parte desta árvore grande e frondosa do Profeta Abraão.
...
Muitas vezes confunde-se árabes com muçulmanos. Existem cerca de um bilião e quinhentos milhões de muçulmanos. Menos de 20% é que são Árabes. Há árabes que são cristãos, outros judeus, muçulmanos e ateus…
Muitas vezes confunde-se Allah com Deus dos muçulmanos. Allah é o termo, em arábico, que significa Deus. Os cristãos coptas chamam a Deus Allah, pois falam árabe.
Acreditamos em todos os profetas que passaram pelo mundo, nomeadamente Noé, Abraão, Ismael, Isaac, Jacob, José, Moisés, Aarão, David, Salomão, João Baptista, Jesus, Muhammad.
Para nós Jesus é uma das referências impressionantes para a nossa religião.
No Alcorão existe um Capitulo completo dedicado a Maria. Acreditamos que Ela deu à Luz Jesus de uma forma milagrosa. Há também um Capítulo referente a Moisés.
Depois veio Muhammad que veio numa linhagem a seguir a estes profetas. Não veio trazer uma mensagem nova, tal como Jesus não veio trazer uma mensagem nova depois do Judaísmo. É uma continuidade. Deus mandou esses Profetas todos para dar continuidade à Sua religião…. Todos nós somos filhos de Deus.
………….
Diz-se que Jihad é a Guerra Santa, mas não existe nenhum no Alcorão chamado Jihad. Jihad literalmente significa esforço, significa por exemplo eu que vim cá esclarecer sobre uma religião que é mal compreendida… qualquer esforço diário pela causa e no caminho de Deus. Guerra Santa não existe no Islão. O auto controlo também é uma Jihad. Os muçulmanos só devem utilizar a força em caso de auto defesa.
Sobre a Mulher muçulmana, há um conceito mesmo muito errado. Há 1400 anos, o Islão elevou o estatuto das mulheres nomeadamente ao permitir-lhes o divórcio, a independência financeira e económica, o direito à propriedade, o direito de conservar o nome de solteira mesmo depois de casada. Certos aspectos culturais ainda não permitem à mulher atingir os seus plenos direitos, contrariando assim a orientação religiosa.
Por exemplo em Portugal há apenas uma mulher embaixadora portuguesa, na República Checa. Há 6 embaixadoras dos Países Muçulmanos: Argélia, Marrocos, Emiratos Árabes Unidos, Senegal e mais dois países. Hoje a mulher muçulmana quer estudar.
Uma coisa que diferencia a mulher muçulmana é usar o "lenço na cabeça". Está rigorosamente a copiar a Virgem Maria, e é uma questão de respeito, mas muitas mulheres muçulmanas não usam lenço na cabeça. Há mulheres muçulmanas que tapam completamente a cara. Isso não tem nada a ver com o Islamismo. Tem a ver com cultura.
Para entrarmos na Mesquita cobrimos a cabeça, é uma questão de respeito. Tal como os bispos católicos, nas sinagogas significando que entre Deus e mim não há mais ninguém.
Debate:
P - O muçulmano deve fazer 5 orações ao dia. Se trabalhar tem de parar?
R - Só deve parar se o empregador der autorização. Depois de sair do trabalho podemos fazer as 5 orações. É como o jejum. Devemos fazê-lo quando há condições para isso. Um diabético, que tem de comer gradualmente durante o dia não pode fazer o jejum. Então deve alimentar um pobre.
P - As mulheres também vão a Meca?
R - Sim as mulheres também vão a Meca.
P - Fala-se sobre o apedrejamento de mulheres, fala-se de violência contra as mulheres, principalmente muçulmanos. Gostava de saber qual o motivo, não acredito que seja a religião.
R - As mulheres sempre foram as que mais sofreram em todo o lado, em toda a parte do mundo. As mulheres que não tenham educação escolar. a possibilidade de se auto-sustentar, se estão dependentes de alguém é uma condição horrível, horrível em qualquer parte do mundo. Naqueles países ainda se vive a pobreza, quem trabalha é o homem. A religião diz que o homem e a mulher são iguais, perfeitamente iguais. O próprio Corão fala que o homem e a mulher têm os mesmos direitos e a mesma possibilidade de se educarem. A obrigação do pai é de educar tanto a filha como o filho. Mas é a obrigação tácita que está lá. Agora o problema cultural acontece. Imaginem em Portugal, as mulheres que sofrem de violência doméstica. É terrível! Cerca de 40 mulheres morrem por ano por causa de violência doméstica, fora aquelas que são espancadas, sofrem e não falam, ficam caladas!Há dias um pai ao maltratar uma mãe, o filho com oito anos tentou salvar a mãe e levou um tiro. Isto acontece em qualquer parte do mundo, agora acontecendo nas Arábias tem muito mais visibilidade.
A questão de apedrejamento de que falou, o apedrejamento não tem nada a ver com o Islão, tem a ver com tradições. Tradições, digo eu, dos nossos antigos Profetas. Recordam-se que os nossos antigos Profetas utilizavam o apedrejamento. Era antigamente que faziam isto, mas isso já passou, naquela época já era errado fazer uma coisa dessas….
Nesses estados fazem tudo e mais alguma coisa que não tem nada a ver com religião.
P - Essas situações que de violência que acontecem têm a ver com questões tribais?
R - Sim. Há certas regiões no Paquistão em que a polícia não entra lá. A Polícia patrulha as ruas, mas não entra nas localidades. Eles fabricam as próprias armas, são donos daqueles locais. Apesar disso, o Paquistão teve uma Primeira Ministra mulher. A Malala é um símbolo de raparigas no Paquistão que querem estudar e até levou um tiro dum Taliban.
Estas foram apenas algumas das muitas questões abordadas nesta Palestra. Dada a riqueza de assuntos e, em alguns, a delicadeza de abordagem não vamos aqui transcrever os diálogos. No entanto deixamos um convite para a visita a Mesquita do Porto a agendar para muito breve, em que novas questões poderão ser colocadas e um conhecimento mais empírico poderá ser alcançado.
Deixamos aqui um enorme bem-haja ao Sr. Abdul Mangá, a que alguém nos assistentes apelidou com razão de apóstolo. Que mantenha a coragem, força e serenidade na reposição da verdade sobre o Islão tão mal compreendido, tão pouco conhecido e actualmente tão acusado….
R - As mulheres sempre foram as que mais sofreram em todo o lado, em toda a parte do mundo. As mulheres que não tenham educação escolar. a possibilidade de se auto-sustentar, se estão dependentes de alguém é uma condição horrível, horrível em qualquer parte do mundo. Naqueles países ainda se vive a pobreza, quem trabalha é o homem. A religião diz que o homem e a mulher são iguais, perfeitamente iguais. O próprio Corão fala que o homem e a mulher têm os mesmos direitos e a mesma possibilidade de se educarem. A obrigação do pai é de educar tanto a filha como o filho. Mas é a obrigação tácita que está lá. Agora o problema cultural acontece. Imaginem em Portugal, as mulheres que sofrem de violência doméstica. É terrível! Cerca de 40 mulheres morrem por ano por causa de violência doméstica, fora aquelas que são espancadas, sofrem e não falam, ficam caladas!Há dias um pai ao maltratar uma mãe, o filho com oito anos tentou salvar a mãe e levou um tiro. Isto acontece em qualquer parte do mundo, agora acontecendo nas Arábias tem muito mais visibilidade.
A questão de apedrejamento de que falou, o apedrejamento não tem nada a ver com o Islão, tem a ver com tradições. Tradições, digo eu, dos nossos antigos Profetas. Recordam-se que os nossos antigos Profetas utilizavam o apedrejamento. Era antigamente que faziam isto, mas isso já passou, naquela época já era errado fazer uma coisa dessas….
Nesses estados fazem tudo e mais alguma coisa que não tem nada a ver com religião.
P - Essas situações que de violência que acontecem têm a ver com questões tribais?
R - Sim. Há certas regiões no Paquistão em que a polícia não entra lá. A Polícia patrulha as ruas, mas não entra nas localidades. Eles fabricam as próprias armas, são donos daqueles locais. Apesar disso, o Paquistão teve uma Primeira Ministra mulher. A Malala é um símbolo de raparigas no Paquistão que querem estudar e até levou um tiro dum Taliban.
Estas foram apenas algumas das muitas questões abordadas nesta Palestra. Dada a riqueza de assuntos e, em alguns, a delicadeza de abordagem não vamos aqui transcrever os diálogos. No entanto deixamos um convite para a visita a Mesquita do Porto a agendar para muito breve, em que novas questões poderão ser colocadas e um conhecimento mais empírico poderá ser alcançado.
Deixamos aqui um enorme bem-haja ao Sr. Abdul Mangá, a que alguém nos assistentes apelidou com razão de apóstolo. Que mantenha a coragem, força e serenidade na reposição da verdade sobre o Islão tão mal compreendido, tão pouco conhecido e actualmente tão acusado….
1 comentário:
Se é verdade que as três religiões monoteístas: O Judaísmo, o Cristianismo e Islamismo, provêm da mesma árvore, partilhando os mesmos Profetas, os mesmos princípios e conceitos, porque é que passado mais de 2.000 anos ainda não se compreendem? E a resposta pode ser simples: - Não é pela fé no Deus Único, mas apenas pela cultura e tradição.
A religião é o caminho para Deus, e há certamente muitos caminhos para chegar até Ele. Mas,podemos então pensar que a Cultura e a Tradição podem ser, também, obstáculos nesse caminho?
Foi dito, por exemplo, que o uso do véu pelas mulheres islâmicas se deve a uma tradição cultural. Maria usava o véu. Naquele tempo, o véu fazia parte do vestuário feminino em muitas regiões do mundo. Como sinal de respeito, compreende-se o seu uso nos espaços de culto e em cerimónias religiosas. Mesmo na religião católica, as mulheres usaram o véu até ao séc XX.
Ainda hoje, o uso do véu pode ser recomendado, e bem aceite, em alguns templos cristãos.
O lenço, ou o véu, ainda é imprescindível em muitos países, devido às suas condições atmosféricas,como protecção do sol, do vento e das poeiras. Mas obrigar a usá-los em espaços públicos fechados, como hospitais, escolas… é completamente diferente.
Quanto à violência exercida sobre as mulheres doIslão,apedrejamentos por exemplo, sabemos que também é uma questão cultural. Assim como é uma questão cultural a violência que alguns homens exercem sobre as mulheres no mundo ocidental. A árvore é a mesma! Porém, enquanto a maioria da sociedade ocidental condena estes actos desumanos, raramente o mesmo se passa em muitos Países islâmicos.
É de louvar o esforço que algumas mulheres islâmicas continuam a fazer para que a sua voz seja ouvida, e os seus “direitos sagrados” sejam também consagrados nos seus Países.
Foi dito, que em Portugal existem 6 mulheres embaixadoras muçulmanas. Ainda bem! Mas, também é preciso acrescentar que para além dessas, existem mais 17 embaixadoras não muçulmanas.
Termino, com algumas palavras do Papa Francisco, para os católicos:
“Na ocasião, e comentando o Evangelho do dia, Papa recordou o litígio que opunha Jesus aos Fariseus: ‘é lícito curar ao sábado?’ – questiona Jesus. Para Francisco Jesus procede à cura daquele homem porque os “fariseus estavam tão presos à lei a ponto de esquecerem a justiça”, negando até mesmo a ajuda aos pais idosos com a desculpa de terem dado tudo em doação ao Templo. Mas o que é mais importante? – perguntou o Papa - o quarto Mandamento ou o Templo?
“Este caminho de viver presos à lei afastava-os do amor e da justiça. Preocupavam-se com a lei e ignoravam a justiça e o amor. E para essas pessoas, Jesus só tinha uma única palavra: hipócritas. De um lado, vão em busca de proselitistas. E depois? Fecham a porta. Homens fechados, tão presos ao rigor da lei, mas não à lei, que é amor; e fechavam as portas da esperança, do amor, da salvação... Homens que somente sabiam fechar”.
É apenas uma opinião! Com um abraço amistoso para todos.
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