Quem somos? Que fazemos? Para onde caminhamos?
Desde muito pequeninos que nos interrogamos acerca de tudo isto. No entanto as loucuras da vida, o crescer e o materialismo vão ofuscando e bloqueando a descoberta das suas respostas.
A nossa cultura e as nossas aprendizagens fazem com que o conhecimento de nós próprios fique parado, como que agarrado a um mito que nos incutiram desde sempre, ser o mais perfeito, o melhor e o mais apropriado. No entanto quando começamos a fazer perguntas que são entendidas como atrevidas, inapropriadas e fora do nosso âmbito cultural, há apenas uma coisa a fazer… escolher o que de facto queremos e pretendemos fazer connosco e com esta passagem por cá, a qual chamamos vida.
Não é fácil dizer não ao que connosco cresceu e ao que, pensamos, nos fez crescer. Hoje mais que nunca relembro as histórias antigas de perseguição e das fogueiras para aqueles que teriam sido intitulados como não obedientes às leis da altura; pergunto se a perseguição subtil que hoje vão fazendo, falo daqueles que se julgam donos da verdade, não será a mesma que houve no tempo da inquisição, em que corações nobres foram queimados, apenas porque amavam a Deus à sua maneira e não à maneira que seria pretendida pelos homens. Como alguém dizia “ serei sempre servo do meu Senhor e não de seus sacerdotes”.
Não é fácil demonstrar quem somos e o que sentimos, como sempre é mais fácil fazer de conta que está tudo bem.
Onde estão os corações nobres de outrora que não se importavam de morrer queimados por uma causa? Aqui refiro-me com tristeza a descobrir o facilitismo, a pouca coragem e a pouca força para lutar. Onde estão as pessoas que se agarram aos ideais e ao verdadeiro Amor?
Faço um apelo a todos, lutem, amem, demonstrem quem são, enfrentem tudo e todos, desde políticos a igrejas ou situações mais pessoais, vamos dar as mãos e sentir o que há em nós, um chamamento para o desenvolvimento da pessoa, do ser… que assim se encontre o mais belo, o esplendor de uma caminhada de encontro ao Sagrado, ao Divino.
Como poderemos fazer esta caminhada se vivemos da forma que não queríamos viver? Se se vive longe da pessoa que se ama? Se vivemos agarrados a religiões que nos amarram e nos fazem sentir fora de lei?
Porque não ser livre e viver apenas com o Amor que sentimos?
Um abraço a todos.
(Anónimo)
4 comentários:
Olá Anónimo/a
Obrigada por ester texto de coragem. É realmente urgente tomarmos consciência de quem somos, o que queremos no fundo de nós.
Este é um texto que pode ter múltiplas intepretações.Se tomado ao de leve pode apresentar desulpas, justificações. Todavia se lido em profundidade sente-se um acto de coragem e de escolha profundos.
A quem o escreveu, sim dou a mão.
A quem o ler, força, há gente que quer VIVER!
Alice
Olá a todos/as
Este texto expressa um pouco do que sinto.
Desde que me conheço aprendi a distinguir o Divino do terreno, talvez porque o pároco da minha aldeia assim "me obrigou". Sinto desde criança uma Fé enorme e, posso dizê-lo, inabalável. Porque sempre gostei muito de ler e pesquisar sobre as nossas origens consegui fortalecer os laços que me ligam a Deus e perceber que os nossos párocos apesar da responsabilidade de nos guiarem são humanos e por isso também erram. De facto este pároco representava tudo aquilo que eu considero não deve ser a Igreja. Foi aliás o responsável pelo meu afastameno da igreja enquanto espaço físico.
Apesar de continuar muito ligada À Igreja e de me considerar uma pedra desse Edificio consigo cada vez mais distinguir o que o terreno, material do ser Divino que nos guia. Naturalmente o meu afastamento da frequência da minha igreja não foi bem vista, tendo sido até criticada porque ainda viviamos no tempo em que a ausência da missa de domingo não era muito bem vista e "parecia mal". Mas e quem me podia obrigar a frequentar um espaço que tinha a conduzi-lo uma pessoa com a qual eu não concordava que tenta criar a ideia de um Deus castigador que nos amedronta? Digo eu: ninguém.
Hoje em dia sou muito mais feliz e estou muito mais próxima de Deus. Frequento uma paróquia vizinha que passa uma mensagem muito mais feliz, muito mais próxima da imagem que é, na minha opinião, a imagem de Deus.
A religião é transmitida por homens e pela ideia que cada um deles tem sobre Deus. O meu Deus é Amor, o meu Deus é coragem, o meu Deus está comigo onde quer que eu esteja, porque o meu Deus está no meu coração.
Obrigada a quem escreveu este artigo que me permitiu reflectir e partilhar convosco este desabafo.
Cristina
Bom dia,
Em primeiro lugar queria agradecer á pessoa que escreveu este texto, por tão sábias palavras. Gostei mesmo muito.
Queria dizer que vai de encontro ás minhas dúvidas, ansiedades, desejos mais profundos. Obrigada pela partilha, que é tão importante.
Não sei quem é, mas isso não interessa.O importante é tocar nos pontos fulcrais da nossa vida, que nos fazem pensar e mudar uma série de conceitos e preconceitos que nos são incutidos desde o nosso nascimento. Tem de haver lugar á mudança, para crescermos enquanto seres humanos. Nós próprios ditamos o nosso caminho. E por ele temos as devidas consequÊncias.
OBrigada.
Mary Rosas
Quantas dúvidas, quantas mágoas nos acompanharam ao longo do nosso percurso! Defender o que acredito, certo ou errado? Depende dos objectivos de vida de cada um, se queres ser feliz, ter serenidade interior é certo , se queres alcançar os bens terrenos, agradar a terceiros, sacrificando a tua felicidade está errado. Eu não nasci para ser acorrentada, por falsos ideais, por carolice de terceiros. Eu nasci para voar, alto ou baixo, é indiferente, mas de acordo com a minha energia, com as minhas necessidades, ninguém vai decidir o meu rumo, os meus objectivos de vida. Quem me quer bem, quem me ama fica sempre do meu lado, vive as minhas alegrias e estende a mão para me levantar quando tropeço, caminha a meu lado assim como Deus faz. Um amigo não aponta o dedo, um amigo não impõe condições, não faz exigências sob a capa da amizade. A verdadeira devoção, o maior desafio do homem é conseguir superar os obstáculos da vida e não ignorá-los. Mas viver a vida com sentimento e com verdade obriga a pagar um preço muito elevado, seremos julgados e quem sabe condenados (afastados) pelos mediocres que têm uma visão limitada pelas regras impostas pela sociedade, ou por pensamentos fúteis, frustados pela sua incapacidade de reagir.
Bjs
Ester Ribeiro
Enviar um comentário