terça-feira, 24 de abril de 2012

Pai Nosso


Trabalho desenvolvido na última Meditação, 21 de Abril:

(Representação paleocristã de Cristo como o Bom Pastor- Catacumbas de S. Calisto, Roma)

A oração Pai Nosso é uma das mais esotéricas por entre as orações cristãs. Segundo a tradição, foi Jesus que a ensinou.

A oração  tem duas partes, uma exotérica e outra esotérica. A primeira revela as forças que agem nos três mundos (Divino, Astral e Físico) e os seus meios de acção. A parte esotérica vem ligar estas forças ao seu Princípio.

Não vamos aqui transcrever esta Oração por demais conhecida. A análise deste artigo pressupõe uma prece simultânea.

Os três Mundos:

Pai, Nome e Reino referem o Mundo Divino;
Terra e Céu são a ligação entre os dois mundos;
Pão, Perdão, Ofensa correspondem à Vontade humana;
Tentação e Pecado dizem respeito à carne e ao mundo físico.

Mundo Divino

Deus é analisado sob a Sua tripla manifestação:

O Pai é considerado como existindo no Céu, isto é em todos os planos em que o nosso Ideal se pode revelar, seja no físico, no astral ou no divino.

Este Pai manifesta-se através dos Seus dois outros aspectos:
-       o Verbo (Teu Nome), que apenas é conhecido por alguns para que não seja profanado;
-       o Espírito Santo (Teu Reino), que é a realização viva da Divindade em toda a Natureza (tudo o que é vivo).
-       A Unidade Divina aparece na Vontade (Tua Vontade) na Corrente de Amor que percorre toda a criação, desde a Matéria (Terra) em todos os seus planos até ao Espírito, o Ideal (o Céu). É esta Corrente que liga o mundo Divino ao mundo humano.

Mundo Humano

A Corrente de Amor divina penetra-nos em todos os momentos, alimentando-nos com o Pão espiritual. Frequentemente fechamos a nossa alma a este influxo divino “semelhante ao Sol que ilumina a Terra, mas que no entanto não pode penetrar no fundo da gruta que cavamos para nós próprios mergulhando na matéria em vez de evoluir para o Espírito[1]”.

Como podemos abrir-nos ao Pão de cada dia espiritual?
O Pai Nosso dá-nos a chave, ao continuar, referindo as Ofensas: cada ofensa feita à nossa Imortalidade divina é uma dívida que estamos a contrair para connosco e que devemos pagar mais cedo ou mais tarde. Pitágoras ensina que “geramos incessantemente o nosso futuro ao utilizarmos a nossa vontade do Presente”.

Assim, a forma de abrirmos o nosso céu interior é sacrificar a nossa egoidade em favor da nossa universalidade. A nossa vida egoísta está em nós, mas a nossa vida moral está nos outros, ou seja é agindo em prol dos outros que agimos no sentido evolutivo.

Exemplo:
Se alguém me injuriar, esse alguém está a contrair uma dívida moral para comigo, tornando-se, pela sua acção, meu escravo. Se eu constatar a raiva da acção dessa pessoa e se eu pensar na vingança, estou a egoizar-me, gerando voluntariamente o mal que me vai matar espiritualmente. Todavia, se eu perdoar, universalizo-me, estou a agir no sentido divino, destruindo não só o mal que me iria fazer a mim mesma com a vingança, mas também o mal que o meu inimigo se fizera a si mesmo. Desta forma, avanço, na medida das minhas possibilidades, na evolução de toda a humanidade ao tornar atractivas duas almas que talvez teriam ficado repulsivas uma para a outra e que teriam retardado a reintegração final.

O Perdão é o meio mais maravilhoso de chamada à Providência que nos foi revelado.

Mundo Físico

O Pecado, ou seja o mal para nós mesmos, é a razão da nossa incarnação no mundo da Carne, da Tentação física.

Entre o mundo mais elevado, a Ideia, nua e sem forças aparentes, e o Dinheiro, aparentemente poderoso como alavanca universal, o homem terreno corre para o dinheiro, apercebendo-se mais tarde que é ilusão, que o monte de ouro diminui à medida que se quer difundir a sua influência sobre um grande número de seres; ao contrário da Ideia, que se multiplica pelo número de seres que A aceitam e que cresce com o Tempo.
Entre o Espírito, ideal e subtil e a Matéria, manifestação imediata, cada ser humano deve unir-se com a Ideia-Providência sacrificando progressivamente a Matéria-Destino.

A Síntese do Pai Nosso, e também a parte esotérica desta oração, fazia parte do antigo Pai-Nosso rezado pelos nossos pais:

Pois a Ti pertence o Reino, o Poder e a Glória, a agora e para sempre por todos os séculos dos séculos.  Amén.”


Pai Nosso em Aramaico, tradicionalmente a língua orginal utilizada por Jesus:



Abwûn d'bwaschmâja Nethkâdasch schmach Têtê malkuthach Nehwê
tzevjânach aikâna d'bwaschmâja af b'arha Hawvlân lachma d'sûnkanân
jaomâna Waschboklân chaubên (wachtahên) aikâna daf chnân schvoken
l'chaijabên Wela tachlân l'nesjuna ela patzân min bischa Metol dilachie
malkutha wahaila wateschbuchta l'ahlâm almîn.

Amên.
 Em Hebraico

: 
Avinu shebashamayimyitkadesh shimcha,tavo malchutecha,
yease retsoncha kebashamayim ken ba'aretz.

Et lechem chukenu ten lanu hayom,
uslach lanu al chataeinu,kefi shesolchim gam anachnu lachot'im lanu.
Veal tevienu lijdei nisajonki im chaltzenu min hara.
Ki lecha hamamlacha hagvuravehatif'eret leolmei olamim.

Amen.

(Pai Nosso em hebraico)

[1] Dr. Gerard Encausse

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