Gostaria de partilhar convosco uma experiência de vida enquanto reikiana:
Um dia, em finais de Maio de 2008, um amigo telefonou-me e pediu-me que fizesse Reiki a um cunhado, a quem tinha sido diagnosticado um tumor pulmonar, tinha 28 anos e davam-lhe de 3 a 6 meses de vida… casado com uma colega minha, enfermeira, eram pais de uma menina de 3 anos.
Eu não o conhecia, mas já tinha ouvido dizer que era um homem com um feitio muito particular, acima de tudo, muito teimoso, que apenas fazia o que queria e nada sensibilizado para outro nível, como por exemplo, no plano espiritual.
Marcamos o primeiro encontro para ele receber Reiki, falamos muito e nesse dia tive a certeza que este jovem apenas vestia uma capa que o transformava nesta pessoa dura e insensível, porque por baixo dessa capa humana estava alguém especial, muito especial…
Fazia-lhe Reiki 2 a 3 vezes por semana, havia dias, que ele parecia perfeitamente saudável, outros que demonstrava a doença que o seu corpo carregava. O tempo foi passando, e as nossas conversas aconteciam com naturalidade, sobre a vida, a morte, o aceitar, o medo, a saudade, o amor por Deus e como ele O amava. Foi lindo ver os passos que percorreram este caminho, umas vezes vinha com a certeza que ia vencer a doença, outras vezes pedia para terminar o seu sofrimento e das pessoas que amava, falava sobretudo da filha, esposa, família, amigos…
O primeiro meio ano era passado, e, lá aparecia o meu amigo tocar na campainha da minha casa, sempre à espera que eu lhe dissesse: “ - vamos, estou à espera, então como está hoje?” Com dor, mas sempre com um sorriso dizia: “- estou bem, com dores e como sempre…” foi um excelente “cliente”, dias piores e dias melhores…passaram mais cinco meses. Apesar de tudo, teve sempre qualidade de vida, nunca foi hospitalizado, tinha as consultas no IPO, fazia os tratamentos médicos, estudava de noite e ainda ia trabalhando de dia, diga-se que teve a seu lado uma grande mulher, a esposa que sempre o ajudou e lutou lado a lado, com todas as forças e toda a fé.
Em finais de Março de 2009, já com o corpo muito cansado e debilitado, decidimos que eu passaria a ir a sua casa, para evitar o esforço da condução, porque ele ainda conduzia… e assim foi até 28 de Maio de 2009, apesar de ir a casa dele, ele ainda saía, aliás, dias antes da partida, tinha almoçado num restaurante com a família.
Assim, Maio chegou, e a minha inquietação aumentava, ele queria sempre receber Reiki, ficava melhor, a dor diminuía e muitas vezes passava, enquanto recebia sentia-se calmo e sem dor, mas a verdade é que, o momento da partida era próximo, a sua esposa, enfermeira, sabia-o, nós as duas falávamos muito, ela também me preocupava, fiz o possível para estar junto dela, precisava mais…
Véspera da partida, ficou desorientado (apenas neste dia), fui até junto deles, quando eu falava e lhe tocava, ficava mais sossegado, respondeu-me a algumas coisas, momentos que recordo com carinho. Quem lá estava, dizia que, comigo ele reagia diferente…para mim também foi diferente!...
Nessa quarta-feira, quando me despedi dele e da família, pedi que me telefonassem se fosse necessário, mas, liguei eu na quinta-feira de manhã, e, a esposa disse que tinha sido uma noite má, muito agitado e muitas dores. Desligamos e passado 5 minutos, ligaram-me a dizer que o meu amigo tinha acabado de morrer…
Quando cheguei a casa a esposa disse-me: - parecia que estava a espera que ligasses para se despedir de tudo e de todos.
Caros amigos reikianos, partilhei convosco este caso, para vos dizer que me interrogo muitas vezes. Tinha meio ano de vida, mas viveu 13 meses. Viveu mais que o tempo previsto, porquê? Viveu com qualidade de vida até ao fim, como? Não encontraremos respostas concretas, sei que recebeu cerca de 100 horas de Reiki ao longo deste ano, sei também que durante as sessões de Reiki sentia-se bem, e que este bem-estar era sentido por mais tempo. Mas, nada sei… Agradeço à Vida e a Deus.
Já vi morrer familiares, amigos e doentes. Já segurei na mão de algumas pessoas enquanto expiravam pela última vez, sou enfermeira, não é? Mas assistir à morte, à partida de alguém que se acompanha enquanto reikiana, não há comparação possível, só vos posso dizer que é diferente, a dor não é maior, mas o sentir é algo transcendente, não há palavras…
Durante este ano, partilhei com a Mestre muitas situações deste caso, precisei da sua ajuda, para o conseguir enfrentar como reikiana, e quando pensava, sou enfermeira, tenho que saber agir e actuar… a verdade é que ali era reikiana e, na presença do meu amigo, estava bem, mas depois, depois necessitava partilhar, que alguém me ouvisse, apenas me ouvisse, era a Mestre que o fazia e que me repetia vezes sem fim: - não és só enfermeira, és também reikiana, o sentir é diferente… De facto é…
Bem haja o meu amigo, partiu em paz rumo à casa que a todos pertence.
Um beijo grande a todos e obrigada por me dispensarem este bocadinho.
Elisabete Teixeira
20 – 07 - 2009