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(Salvador Dali: a Ascensão de Cristo)
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A
Páscoa judaica recorda a libertação da escravidão de Israel, do jugo egípcio.
A
Páscoa cristã recorda a ressurreição de Cristo e, com esta, a libertação do
homem total, do jugo da morte.
Ambas
são a festa maior de cada uma das citadas religiões.
Por
“coincidência” ambas as festas foram sequenciais no tempo: a dos judeus no sábado,
a dos cristãos no domingo.
Nos
primórdios da igreja, os cristãos começavam a celebração da Eucaristia ao cair
da noite de sábado, entrando pelo domingo, para comemorar o Cristo ressuscitado.
Por isso o domingo foi denominado como o 8º dia, ou seja, do intemporal.
Mas
o que se entende por Mistério Pascal e qual a sua importância?
Por
Mistério Pascal entende-se toda a sequência da Paixão, Morte e Ressurreição de
Cristo. Isto significa algo de sublime, de polémico, de crença ou descrença. O
anúncio da ressurreição foi e será sempre um “escândalo” para a razão. Ou se
acredita, ou não se acredita. No entanto, ninguém poderá afirmar-se cristão sem
acreditar na ressurreição de Cristo. E aqui não poderá haver meios-termos. Como
diz S. Paulo na carta aos Coríntios: “se Cristo não ressuscitou é vã a vossa fé
e…somos os mais miseráveis de todos os homens”.
Ao
longo dos tempos, muitas perguntas e dúvidas se têm colocado e, seguramente,
continuarão a colocar-se. De qualquer pessoa com alguma relevância na história,
praticamente ninguém duvida, ou questiona a sua existência. Basta que haja uma
mera menção a essa personagem, para ser aceite sem grandes discussões. Porquê tantas
dúvidas em relação a Cristo? Porque os seus ensinamentos, se cumpridos, mexem
com a nossa vida? Cada um deve ler, estudar, meditar e decidir. Mas, por muita
volta que se dê, a fé será sempre a base para o crente. Atirar-se no abismo,
sem pára-quedas? Talvez sim…talvez não…
Uma
das dúvidas que se costuma colocar é sobre o corpo de Cristo. Se Ele, em vida,
disse que iria ressuscitar, era lógico que os chefes judeus pedissem a Pilatos
para colocar guardas ao sepulcro, para evitar o seu roubo. E percebe-se porquê…
O
Seu corpo, efectivamente, não estava no sepulcro quando as mulheres e alguns apóstolos
lá foram, no domingo, de manhã. Como explicar a remoção da enorme pedra que
tapava a entrada? Os guardas foram subornados? Mas eles sabiam que poderiam
incorrer na pena de morte. Iriam correr esse risco por causa tão pequena? Os
chefes judeus também não tinham qualquer interesse no desaparecimento do corpo,
pois, dessa forma, só iriam dar razão ao que Cristo tinha dito em vida. E isso
era o que eles menos queriam.
Outra
teoria: Cristo não morreu na cruz, apenas estava em estado hipnótico, ou
desmaiado.
A
flagelação era uma prática cruel e dolorosa. O chicote rasgava a pele e a
carne, penetrando no osso. Cristo ficou em tal estado, que precisou de ajuda
para carregar a cruz. Os romanos eram muito bons no que faziam e tinham que
ficar com a certeza que os condenados tinham morrido. No caso de Cristo,
vendo-o já morto, um dos soldados “furou o lado com uma lança”, garantindo,
desta forma, que já tinha falecido.
O
corpo de Cristo era igual antes e depois da ressurreição? Seguramente que não.
Um corpo transfigurado é diferente. Doutra forma como conceber que Maria
Madalena o tenha confundido com o jardineiro, os discípulos de Emaús só o
reconheceram ao partir do pão, os Apóstolos duvidaram das aparições, Tomé
garantiu que só acreditaria se visse as chagas nas mãos e no peito, etc., etc.,
etc?
Muitas
outras questões se poderiam colocar. Mas este pequeno artigo não é mais que uma
reflexão sobre uma personagem histórica, incontornável. Não é por acaso que a Bíblia
é o livro mais traduzido, mais estudado e mais questionado.
Somente
mais 2 “pormenores”, para consideração:
1
- Até hoje, apenas uma Pessoa ousou dizer que iria morrer, mas que
ressuscitaria ao 3º dia.
2
– Como explicar, somente por meios humanos, que algumas pessoas, sem grande
cultura, a maioria talvez analfabeta, cheias de medo, tivessem uma mudança interior
tão radical, após a morte/ressurreição de Cristo, a ponto de ousarem enfrentar
os judeus, os romanos, as perseguições, a morte, dando origem a uma instituição
que tem sobrevivido a muitos e gravíssimos problemas, com cisões, com altos e baixos,
com bons e maus exemplos e que tantos pensadores e dirigentes têm garantido o seu
desaparecimento a curto ou médio prazo?
É
evidente que ao escrever estas palavras, também estou a assumir a minha orientação
espiritual e a minha fé. É o caminho que procuro seguir, para tentar atingir a
LUZ PLENA. E é, convictamente que, em Sábado Santo, canto: “Ó morte, onde está
o morte teu poder tão forte e a tua vitória?”. Não procuro a polémica, ou promoção.
Apenas desejo compartilhar um pouco do meu ser, do meu sentir e do meu pensar.
Cada
um deve seguir o seu próprio caminho até atingir, no cimo da Montanha, a VERDADEIRA
LUZ!
A
todos, qualquer que seja a sua orientação espiritual, desejo uma FELIZ PÁSCOA,
na LUZ, na PAZ e no AMOR.
Ernesto Henriques