Há já muito tempo, publicámos um texto sobre o dia de hoje: noite de S. João. Falámos de algumas tradições que remontam no Tempo (Fernão Lopes – séc. XIV – já descreve nas suas Crónicas estas festas) e explanámos algumas. Hoje falemos das crenças populares.
Nos tempos mais antigos, em que o plástico ainda não era utilizado (só por
volta dos anos 70 fez a sua aparição), o alho porro com que se batia e
ainda bate na cabeça de quem passava e a cidreira e limonete que se dava a
cheirar, este costume menos preservado, eram animadores das ruas. O alho porro simboliza o phalus
masculino e a erva cidreira os pêlos púbicos femininos. O orvalho, ou as
célebres orvalhadas da região, também tinham um papel: usando vários rituais as
solteiras atraiam ou tentavam adivinhar quem seria o companheiro de vida
deixando, durante a noite, papelinhos ou um ovo na água, ao orvalho e à Lua (este apenas um dos muitos rituais).
Companheiro tradicional é o manjerico, enfeitado de quadras brejeiras. Pudera, esta planta está ligada ao amor desde tempos pagãos. Não só: a parturiente se agarrasse com força a raiz de manjerico durante o parto, este seria mais fácil. Mais ainda, diz a crença que esta planta traz prosperidade a quem a possui.
Companheiro tradicional é o manjerico, enfeitado de quadras brejeiras. Pudera, esta planta está ligada ao amor desde tempos pagãos. Não só: a parturiente se agarrasse com força a raiz de manjerico durante o parto, este seria mais fácil. Mais ainda, diz a crença que esta planta traz prosperidade a quem a possui.
O pão que ainda nos anos 70 se vendia nas Fontaínhas, um dos bairros mais tradicionais, com a forma de um falo e dois testículos acabou, mas os martelinhos
preservam de alguma forma esta forma.
Assim, podemos dizer que falamos de um culto de fertilidade.
Mas não é só de fertilidade que se trata. Contam os antigos que se
colhermos um alho porro na véspera de S. João, o deixarmos à orvalhada e à Lua
nessa noite, e no dia seguinte o colocarmos atrás da porta de entrada da casa,
nunca aí faltará o pão nem comida.
Não se pode deixar de falar nos balões de S. João, os sonhos que são
lançados ao céu, as pontes que se estabelecem entre o humano e o divino. Em cada balão um desejo!
O Fogo é um dos elementos mais importantes: saltam-se as fogueiras que se
espalham pela cidade. Diz o povo que uma verdadeira relação de amor se torna
mais duradoura e forte se os namorados saltarem a fogueira de mãos dadas. É
união abençoada.
Neste resumo muito simplificado falta apenas um elemento: a sardinha. Nos tempos mais antigos era
um cordeiro que se comia e que, gradualmente, foi sendo substituído. A sardinha
tem a forma do Peixe, que marcou a Era anterior, Peixes. Os cristãos primitivos
usavam o símbolo do peixe para se reconhecerem. Ora, embora as raízes do S. João
do Porto venham dos antigos cultos de Solstício, foram cristianizadas. Daí talvez o
cabrito e a sardinha.
Tal como o rio corre para o mar, assim as gentes, dançando, se encaminham
em consonância para a foz, casamento de rio e mar... aguardando o Fogo Maior, a
Oriente o Sol que nasce, entre fogueiras ...
Mágica esta noite! Mágico o S. João!
Mágicas as brumas e as orvalhadas! Bendita Terra...
2 comentários:
Quantas tradições. Quantos ensinamentos. Fico abismado.
Fica uma pergunta no ar: "Os antigos sabiam tudo, ou são os actuais que não sabem nada?"
Quanta sabedoria e ... lógica.
Beijos
Olá Ernesto!
Gostei do seu comentário. Sempre com o seu bom humor! Bem-haja!
Não creio que os Antigos soubessem tudo, mas sabiam muito. Actualmente sabemos muito também. O saber assenta sempre sobre os alicerces do passado… evoluindo…. ou regredindo (?!)
Jinho fofinho
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