(Afrodite e Eros) |
Amor,
como Arte, Ciência, Religião ou Política, é basilarmente uma busca da Unidade,
não deve ter nada que ver com instituições, está no melhor para além de toda a
palavra e de todo o gesto; tudo o que se faça em Amor é expressão dele, não Ele
próprio. Toda a expressão, pode existir por si mesma, sem que fundo algum lhe
corresponda.
Ao
lado do Amor, e com ele se confundindo, vem toda a gama de compaixões, piedades
e carinhos que vão sempre de um superior a um inferior como água que flui
descendo para que mate sedes. Creio que duas pessoas realmente se amam quando
poderiam passar a vida inteira no silêncio da contemplação, na ausência de tempo,
na inexistência de espaço, quando se sentem inteiramente livres e nada querem
dos outros senão a suprema liberdade de serem o que são e de tão profundamente
se realizarem em Amador e Amado.
A
verdadeira fidelidade é a de qualquer dos dois ao Uno, não a dependência que um
pode ter do outro; dois num só espírito está certo, dois numa só carne está certo;
o que está errado é tomar-se isso como a subordinação de um espírito a outro e
de uma carne a outra.
No fundo, o que há de bom é o poder e a liberdade de Amar, coisas que o mundo em geral mata com seus tabeliães, com as suas igrejas, com os seus códigos que diz mortais, amparando a maior parte da gente, que se não entende na liberdade a que os cromossomas ou a educação deram medo.
Raquel Silva
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