Quando
damos asas à nossa imaginação, o tempo voa, a distância encurta e o impossível
deixa de existir.
Estava a
com a minha netinha, de 6 meses, ao colo, depois da sua papinha, à espera do
arrotinho e do início do óó…
E
associei o seu nome, ANA, ao da mãe da Virgem Maria.
E num
pulo saltei até Fátima.
E em Fátima
passeei pela Capelinha das Aparições, pelo Santuário, pela Igreja da Santíssima
Trindade e pela procissão do 13 de Maio. Não sei porquê, aqui parei e a imaginação
deixou de funcionar. Qualquer fusível ou chip devem ter fundido ou avariado.
Logo no dia 13 de Maio. E eu que não tenho nada contra os dias 13. Que se teria
passado? Fiquei preocupado. Nem a divagar, nem devagar a imaginação me deixava
usufruir do prazer de viajar.
Era
mesmo azar e o 13 teria alguma coisa a ver com isso?
De
repente houve uma explosão dentro de mim e, sem querer, fui parar a Amarante.
Muito
estranho. Bem sei que o verdinho de Amarante é uma maravilha e que o cabrito é
um espectáculo. Apre! A mente estaria doente? Só pensava em comes e bebes?
Nã, não
podia ser. Tinha que haver uma explicação mais lógica, pois mesmo nas divagações
não costumamos ser tão disparatados.
De
repente houve luz e a divagação entrou nos eixos.
Claro,
tinha que ver com Fátima. Só uma imaginação burra não via logo.
Então o
Grupo de Amarante, os peregrinos heróicos que anualmente vão a pé, até à Cova
da Iria… cheios de fé e amor. Todos com sacrifício, mas com uma alegria
esfuziante. Indescritível. Só quem passa por isso sabe o que sente, disse-me
alguém. Uns, por pura fé, sem nada pedirem em troca; outros, cumprindo
promessas por bênçãos recebidas, pois acreditaram nas palavras de Cristo: “pedi
e recebereis”; e os restantes que não esperaram pelas graças pedidas, mas, com
esperança, anteciparam as mesmas, se o Senhor achasse por bem. Porque, como Ele
também disse, às vezes não sabemos o que pedimos…
De um
salto fui até ao Oriente. E encontrei os 3 reis magos com o seu séquito. Fiquei
maravilhado. E perguntei-lhes como tinham sabido que o Deus Menino tinha
nascido e que história era essa de uma Estrela Especial que tinha aparecido no firmamento!
Um dos reis magos ia elucidar-me, quando…
Por sorte
ou desgraça, a minha netinha abriu os olhos, olhou bem para mim e sorriu. E eu
percebi logo o que ela me queria dizer:
“Avô,
desce à terra e muda-me a fraldinha, mas depressa”…
Ernesto Henriques
3 comentários:
Que lindo este texto...
A ternura do avô que nos faz viajar pela fantasia real.
Obrigada pela magia, beleza e não-dito...
E ainda há quem diga que não escreve textos poéticos....
Esperamos o próximo!
Beijinho
Linda descrição da Beleza e do Amor, texto poético sim, com sentido e sentimento.
Como amarantina, não posso deixar de reconhecer o bom vinho verde e o cabrito, mas tenho que lhe dizer, que por cá também há outras coisas boas e saborosas.
Fico feliz por saber que o Santuário de Fátima o fez dar um saltinho até Amarante, até à grande peregrinação que com Fé, Amor e muito sofrimento se realiza anualmente do dia 5 ao dia 10 de Maio.
Sou um elementos da equipa de apoio no caminho e no acampamento e considero a peregrinação um templo mágico onde o mais alto valor nos habita e preenche, são 6 dias de dádiva e atenção constante ao outro, é como "pular" do tempo que chamamos real para outro incógnito, sem nome, deixamos de ser e de estar connosco para ser e sentir o outro.
Mais importante do que esta peregrinação efectiva e vísivel é a peregrinação constante que todos fazemos, pois todos somos peregrinos que caminhamos para o "santuário" do Amor e da Vida. Que cada um se sinta peregrino dentro de si mesmo, que encontre o caminho que o fará alcançar a meta desejada, a meta da Verdade, da Paz, da Harmonia... da Vida
Um beijo enorme á sua neta, parabéns para ela pois tem avós babados que a amam profundamente. Era bom que todas as crianças tivessem colos de amor e carinho...
Um beijo para todos, especial para o Ernesto com um obrigada gigante por este momento e por esta possibilidade.
gostei sr. Ernesto
gostei foi o de avo muda-me a fraldinha...
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