terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Divagar devagar



Quando damos asas à nossa imaginação, o tempo voa, a distância encurta e o impossível deixa de existir.
Estava a com a minha netinha, de 6 meses, ao colo, depois da sua papinha, à espera do arrotinho e do início do óó…
E associei o seu nome, ANA, ao da mãe da Virgem Maria.
E num pulo saltei até Fátima.

E em Fátima passeei pela Capelinha das Aparições, pelo Santuário, pela Igreja da Santíssima Trindade e pela procissão do 13 de Maio. Não sei porquê, aqui parei e a imaginação deixou de funcionar. Qualquer fusível ou chip devem ter fundido ou avariado. Logo no dia 13 de Maio. E eu que não tenho nada contra os dias 13. Que se teria passado? Fiquei preocupado. Nem a divagar, nem devagar a imaginação me deixava usufruir do prazer de viajar.
Era mesmo azar e o 13 teria alguma coisa a ver com isso?

De repente houve uma explosão dentro de mim e, sem querer, fui parar a Amarante.
Muito estranho. Bem sei que o verdinho de Amarante é uma maravilha e que o cabrito é um espectáculo. Apre! A mente estaria doente? Só pensava em comes e bebes?
Nã, não podia ser. Tinha que haver uma explicação mais lógica, pois mesmo nas divagações não costumamos ser tão disparatados.

De repente houve luz e a divagação entrou nos eixos.
Claro, tinha que ver com Fátima. Só uma imaginação burra não via logo.
Então o Grupo de Amarante, os peregrinos heróicos que anualmente vão a pé, até à Cova da Iria… cheios de fé e amor. Todos com sacrifício, mas com uma alegria esfuziante. Indescritível. Só quem passa por isso sabe o que sente, disse-me alguém. Uns, por pura fé, sem nada pedirem em troca; outros, cumprindo promessas por bênçãos recebidas, pois acreditaram nas palavras de Cristo: “pedi e recebereis”; e os restantes que não esperaram pelas graças pedidas, mas, com esperança, anteciparam as mesmas, se o Senhor achasse por bem. Porque, como Ele também disse, às vezes não sabemos o que pedimos…

De um salto fui até ao Oriente. E encontrei os 3 reis magos com o seu séquito. Fiquei maravilhado. E perguntei-lhes como tinham sabido que o Deus Menino tinha nascido e que história era essa de uma Estrela Especial que tinha aparecido no firmamento! Um dos reis magos ia elucidar-me, quando…
Por sorte ou desgraça, a minha netinha abriu os olhos, olhou bem para mim e sorriu. E eu percebi logo o que ela me queria dizer:
“Avô, desce à terra e muda-me a fraldinha, mas depressa”…


Ernesto Henriques

3 comentários:

alice marques disse...

Que lindo este texto...
A ternura do avô que nos faz viajar pela fantasia real.
Obrigada pela magia, beleza e não-dito...

E ainda há quem diga que não escreve textos poéticos....

Esperamos o próximo!

Beijinho

Anónimo disse...

Linda descrição da Beleza e do Amor, texto poético sim, com sentido e sentimento.
Como amarantina, não posso deixar de reconhecer o bom vinho verde e o cabrito, mas tenho que lhe dizer, que por cá também há outras coisas boas e saborosas.
Fico feliz por saber que o Santuário de Fátima o fez dar um saltinho até Amarante, até à grande peregrinação que com Fé, Amor e muito sofrimento se realiza anualmente do dia 5 ao dia 10 de Maio.
Sou um elementos da equipa de apoio no caminho e no acampamento e considero a peregrinação um templo mágico onde o mais alto valor nos habita e preenche, são 6 dias de dádiva e atenção constante ao outro, é como "pular" do tempo que chamamos real para outro incógnito, sem nome, deixamos de ser e de estar connosco para ser e sentir o outro.
Mais importante do que esta peregrinação efectiva e vísivel é a peregrinação constante que todos fazemos, pois todos somos peregrinos que caminhamos para o "santuário" do Amor e da Vida. Que cada um se sinta peregrino dentro de si mesmo, que encontre o caminho que o fará alcançar a meta desejada, a meta da Verdade, da Paz, da Harmonia... da Vida
Um beijo enorme á sua neta, parabéns para ela pois tem avós babados que a amam profundamente. Era bom que todas as crianças tivessem colos de amor e carinho...
Um beijo para todos, especial para o Ernesto com um obrigada gigante por este momento e por esta possibilidade.

Yazmin - Art disse...

gostei sr. Ernesto
gostei foi o de avo muda-me a fraldinha...