A nossa vida é cada vez
mais agitada. Vivemos cheios de stress, nervosos, angustiados pela vontade de
ter tudo do melhor. Mas, para as ter, é preciso trabalhar. Muitas das vezes nem nos apercebemos que muitas das pessoas importantes da nossa vida já desapareceram,
por motivos diversos, e nós estamos “sós”, rodeados de coisas.
As relações
interpessoais são cada vez mais distanciadas, seja entre pais e filhos,
casais, amigos, etc. Hoje a “net” “resolve” esse problema. Quantas vezes
estamos em nossa casa a falar com muitas pessoas, mas, no entanto, continuamos
sós. É claro que a internet é muito útil, para quem tem pessoas amigas e
familiares fora do país. O contacto mantém-se, porém isso também acontece com pessoas que nos são muito próximas.
Quando estamos em presença uns dos
outros, não sabemos o que falar, o que dizer. É um contacto que quase equivale a
um confronto interpessoal. Chego à conclusão que nós somos para as pessoas mais
próximas “perfeitos desconhecidos” e, para aqueles que não nos conhecem tão
bem, aproximamo-nos muito mais. Isto é um paradoxo.
A vida moderna,
obriga-nos a seguir os modelos que a “moda” manda, determinadas redes sociais (eu
também estou numa, mais até por motivos familiares) que apesar de tudo também
aproxima pessoas e promove o encontro de outras, a estar “in” no nosso
dia-a-dia, a frequentar determinada discoteca, bar, etc. Entre os adolescentes, há uma espécie de
segregação, para todos aqueles que não os seguem.
Na América, país com
algumas aberrações, os pais levam os seus filhos desde tenra idade a “concursos
de beleza”. Ganham muito dinheiro com isso, mas eles perdem a infância e não têm
tempo para brincar ou simplesmente serem crianças.
A propósito deste tema,
surgiu há bem pouco tempo uma polémica, sobre a utilização de crianças na
publicidade. Não que eu seja contra, mas de acordo com a sua idade. Nessas fotos, as meninas aparecem
em poses não muito próprias, pintadas como mulheres adultas e apelativas para
pedófilos e redes de prostituição infantil.
Isto faz-me pensar que,
afinal, projectamos um mundo melhor para elas, tendo em consideração que seguem
os nossos modelos. A partir dos 6
anos frequentam a escola, o hip-hop, o futebol, o ténis, a música, etc. São trabalhadores
não remunerados. A maior parte das vezes, nem sequer gostam, mas é moda…..e o primo, o amigo, praticam , por isso
também o fazem.
Quando se chega a
adulto, por muito brilhante que se seja, falta algo, a infância perdida. Então,
os chamados “adultos à força” são crianças grandes porque saltaram essa fase.
Daí que surjam depressões, falta de comunicação, falta de afecto, etc.
Ninguém é perfeito e só
aprendemos com os nossos erros. Ou talvez não !!! Ter uma vida confortável é
fantástico, mas para isso é preciso trabalhar e nem sempre isso é o essencial
da nossa vida. É uma parte considerável. Então o tempo principal da nossa vida,
é passado em locais fechados a resolver problemas dos outros, sem tempo para nós
próprios, para a família, os filhos, os amigos. E um dia, apercebemo-nos que
estamos sós, apesar de rodeados de pessoas, conforto e bens materiais.
Simplesmente, não
crescemos enquanto seres humanos. Somos “pessoas objectos”, vazias de afectos.
Mary Rosas
28.09.11
2 comentários:
Olá Mary! Gostei muito das tuas palavras... Tens a humildade de expor a sol nu o que sentes, assim como outros colegas nossos, que o fazem sem o menor constrangimento, meu Deus como aprecio isso …
De facto o que dizes faz todo o sentido, retrata a sociedade de que fazemos parte… mas te digo Mary, temos de fazer a nossa parte e se não gostamos de algo, então cabe a nós a todos nós que não gostamos de algo, semear a união a paz e o amor onde quer que estejamos; se no trabalho então é lá que vamos atuar, tornando-nos lá o tal foco de paz de luz de amor, por vezes não é fácil, mas no final vai valer a pena, os resultados falaram por si.
Todos somos família…
Desejo-te muita Paz e muito Amor para que o possas partilhar com todos os irmãos…
Beijinhos!
Olá meu amor...!Gostei muito desta tua perspectiva de observação.É uma realidade,bem cruel mas é o que se passa.A questão dos miúdos serem trabalhadores não remunerados,a maior parte das vezes nem sequer gostam do que fazem, mas é moda,está fantástica a tua apreciação,concordo plenamente.Resumindo e concluíndo,sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos!Beijinhos...
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