Uma história que nos chegou da Conceição Moreira na sequência de um diálogo sobre autores. Pensamos que seria útil para o nosso blog, pois a questão colocada faz parte daquele grupo de perguntas que são frequentes. Somos corujas ou falcões no quotidiano? Qual o papel que nos cabe?
E mais, temos a aprender a compaixão do falcão ou a humildade da coruja? O amor do falcão ou a aceitação da coruja?
E muito mais a rreflectir. A cada um......
Certa
vez um homem observou uma coruja que estava junto à janela. Ela caiu e distraiu-o
da oração, mas ele não deu muito importância. Nos outros dias, observou que a
coruja permanecia naquele lugar e parece que se estabelecera ali. Dia após dia
pôs-se a observar aquela coruja. Notou que ela quase não se movia.
Começou
a incomodar-se com aquela ave, ela ocupava mais tempo da sua atenção do que a
oração. Como veio parar ali, se não comia e uma vez até chegou a mexer com ela
para ver se realmente era uma coruja de verdade. De tanto observar, notou que a
ave era cega e isso encheu ainda mais a sua cabeça de perguntas.
Até
que um dia, notou que um falcão entrava na igreja com algo no bico. Eram
algumas minhocas ou alguns insectos e que serviam de alimento para a coruja. Ele
maravilhou-se com o que viu e chegou a coçar os olhos para ver se estava a ver
bem: o falcão entrava na igreja para alimentar a coruja, da mesma forma como
faria com um dos seus filhotes.
Imediatamente
o piedoso homem começou a louvar o Senhor e a perguntar-se a razão de tamanho
milagre. Jesus diz que Deus cuida até dos pássaros com o cuidado de um pai.
Sentiu
enorme consolação ao pensar num Deus amoroso, que coloca um falcão para cuidar
de uma mísera coruja.
O
que não faria Deus por ele?
Sentiu
o coração vibrar ao perceber que Deus também cuidava dele com o mesmo carinho
com que cuidava daquela ave. No entanto a sua consolação também lhe trouxe a
noção interior de que Deus lhe revelava algo único. Reflectiu e decidiu vender
tudo o que tinha e colocar-se ao único cuidado do Senhor. Ponderou que era
apegado demais aos seus bens e que Deus o chamava para viver uma vida de pobre,
dependendo unicamente da providência divina, pois ele valeria mais do que
milhões de corujas. Saiu de casa e colocou-se como mendigo na porta da mesma
igreja que costumava frequentar.
No
entanto começou a ter dificuldades. As pessoas tinham-no conhecido como rico
comerciante e não entendiam porque estava ali. Alguns achavam que tinha
endoidecido: não lhe davam esmolas e ele começou a passar fome. Desolado e
entristecido, pensava que Deus o tinha abandonado. Renunciara a tudo para viver
da providência de Deus e Deus não aceitou a sua renúncia. Revelou a sua
desolação e procurou um pastor.
Ao
que o pastor lhe perguntou:
-
Você tem certeza que foi Deus quem lhe pediu para viver como mendigo?
-
Claro, a experiência com a coruja mostrou-me que Deus cuida sempre de quem
precisa, eu não tinha como duvidar! - respondeu convicto.
O
pastor olhou-o serenamente e com muita compaixão perguntou-lhe :
- Tem
certeza que Deus o chamava para ser coruja? Não o estaria a chamar a ser
falcão?
Muitos
agem como verdadeiros fariseus abdicando de tudo que têm para viver uma vida
pobre que aguça a compaixão das pessoas. Deus tem-nos chamado para sermos
falcões, libertando pessoas, levando amor, consolo e sustento. É claro que Deus
nos trata como à coruja, mas chamou-nos para sermos como o falcão.
Se
decidir assumir o seu papel como falcão, Deus conduzi-lo-á exactamente onde há
uma coruja a precisar de alimento.
FIM
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