segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ao sabor das palavras...

Uma pessoa que estimo enviou-me um destes dias uma mensagem citando da obra " o senhor de Brecht" a passagem: o homem no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar... subo ou desço? Até que certo dia a escada caiu". Tinha sido um dos seus alunos do 10º ano que a escolhera, comentando: "a incapacidade de decidir levou o homem a perder a oportunidade de chegar a algum lado".
Pensei como era extraordinário vindo de um jovem adolescente quando tantas e tantas vezes os adultos passam uma vida a hesitar. Como é difícil decidir entre o querer e o dever, entre o coração e a razão, entre a rebelia e o socialmente aceitável... E passamos dias, anos, sustentando o insustentável, guardando e carregando pedras na mochila das nossas vidas, mantendo um sorriso triste fixo no rosto-máscara incapazes de decidir se vamos viver a nossa vida ou a vida imposta, se optamos pelo ser ou pelo parecer /ter.
Subimos ou descemos?
Subimos à alma do Ser profundo, inefável onde não reina o medo, mas a Paz e o Amor?
Ou descemos ao jogo de bonecos-máscaras que brincam ao monopólio da vida pequena, trocam sentires por teres, sonhos por mentiras e traem o Infinito que são?
Como são especiais as oportunidades que se apresentam. Tão especiais como o minuto que nunca mais se repete... e deixamos passar no dilema do subir ou descer, paralisados, cristalizados.
E a vida corre, pois é movimento e, petrificados, deixamos passar a metamorfose que esperávamos há tanto: na cegueira da hesitação não reparámos que a oportunidade já passou, a vida passou...
Para quando o tempo de aceitar a mudança? De assumir o Ser que somos, perfeitos em Essência, deuses em potencial. Até à consumação muitas escadas se apresentam em que teremos de decidir se subir ou descer, agarrando a oportunidade que a Vida nos ofertou.
E se não permítissemos mais que a escada caísse em nossas vidas?

Alice Marques

3 comentários:

Anónimo disse...

Neste belo texto, claro como água cristalina, e em poucas palavras,
se explica um dos dilemas da humanidade - o medo de errar, o medo de correr riscos.
No meio da escada, hesitamos: Subimos, ou descemos? E, muitas vezes, bloqueamos! Outras vezes, cedemos, ou esperamos pelo empurrão,dos que decidem por nós.
A melhor escolha será sempre nossa, mas precisamos, também, de
aprender com as decisões que tomamos - certas ou erradas - e re
forçar a ESCADA.

Gostei de ler
Um abraço caloroso

Clorofila disse...

Maravilhoso texto, Alice... Mais uma vez com a clareza e simplicidade de um cristal nos tocas com tão fortes palavras...

Andreia

Unknown disse...

" E se não permitissemos mais que as escadas caíssem em nossas vidas?"
Alice,Ontem foi embora,Amanhã ainda não veio.Temos sómente Hoje,comecemos!