Falámos da Água enquanto Elemento. Exploremos agora um
pouco o Elemento Terra.
Assim como a água, a terra é outro símbolo universal.
Em oposição à água, que geralmente remontava a divindades de destruição como
Tiamat, a terra representa a Deusa Mãe, deuses da fertilidade, entidades
benéficas e criadoras.
O hino de Homero à Terra chama-lhe “mãe universal de
sólidas bases, avó venerável que nutre no seu solo tudo o que existe”. O homem
primitivo, vendo que as plantas brotavam do solo, relacionou a Terra a uma
Grande Mãe.
Da mesma forma, a decomposição dos mortos sobre o solo
mostra que esta que gera, também absorve novamente os seus filhos, num eterno
ciclo. Ésquilo diz, nas Coéforas, que a Terra: “dá à luz todos os seres,
nutre-os e depois recebe deles de novo o germe fecundo”. Ainda o hino homérico qe diz: “É a ti que pertence o dar a vida aos mortais, bem como o tomá-la”. O
homem veio do pó e ao pó voltará, foi a sentença de Deus no Génesis.
Nascer e ser depositado no chão é ser aceite pela
Grande Mãe. Muitos povos têm este hábito de pôr no chão a criança parida (humi
positio). Em egípcio demótico, “sentar-se no chão” tem o mesmo significado
que “parir” ou “parto”.
A morte é o reencontro com o ventre materno. O Rig Veda assim se dirige aos que morrem: “Rasteja para a Terra, tua mãe”, “Tu, que és terra, deito-te na Terra”. Deposita-se, portanto, tanto o recém-nascido como o moribundo.
A morte é o reencontro com o ventre materno. O Rig Veda assim se dirige aos que morrem: “Rasteja para a Terra, tua mãe”, “Tu, que és terra, deito-te na Terra”. Deposita-se, portanto, tanto o recém-nascido como o moribundo.
Alguns rituais de renovação também envolvem a terra.
Os escandinavos enterravam vivas as feiticeiras e sobre o sepulcro plantavam e
colhiam cereais, como forma de purificar a alma dela e salvá-la da danação
eterna.
Certas tribos indígenas enterram vivas as crianças que
apresentam defeitos ou retardamento mental. O gesto representa uma cautela para
evitar males à tribo ou à própria criança, que não será tão forte quanto outra
para enfrentar a vida. Além disto, enterrá-la é como devolver à terra a matéria
prima para ser renovada.
Em outros grupos, pratica-se um ritual simbólico de
enterramento. O iniciado é coberto por folhas num buraco ou é enclausurado num túnel e, ao emergir deste ventre telúrico, será um renascido.
As culturas antigas que valorizam a Terra costumam ser
matriarcais. É possível que tenha sido a mulher a desenvolver a agricultura,
sendo, assim, responsável por uma revolução social grandiosa para a tribo.
Também o facto de ser a mulher quem gera o filho assemelha-a à Grande Mãe Terra.
Em algumas mitologias, a Deusa nem sequer precisa de um parceiro para gerar filhos. Segundo Hesíodo, Gaia gerou de si mesma Urano. Por outro lado, a hierogamia era tão necessária que Gaia gerou Urano exactamente para se unir a ele em matrimónio (afinal o casamento humano era considerado uma imitação do casamento dos deuses). No Brhadaranyaka Upanishad o marido diz “Eu sou o Céu” e, para a esposa, “Tu és a Terra”.
Em algumas mitologias, a Deusa nem sequer precisa de um parceiro para gerar filhos. Segundo Hesíodo, Gaia gerou de si mesma Urano. Por outro lado, a hierogamia era tão necessária que Gaia gerou Urano exactamente para se unir a ele em matrimónio (afinal o casamento humano era considerado uma imitação do casamento dos deuses). No Brhadaranyaka Upanishad o marido diz “Eu sou o Céu” e, para a esposa, “Tu és a Terra”.
Enquanto o Céu é
simbolizado pelo círculo, a Terra é simbolizada pelo quadrado, representando a
solidificação, estabilização e perfeição que é também a manifestação dos quatro
Elementos (Terra, Fogo, Ar e Água). Exprime a intenção de reunir a energia
divina dentro de um limite.
A
associação círculo-quadrado evoca a ideia do casamento entre o céu e a terra.
Para Jung, a trindade-quádrupla correspondia ao aspecto fundamental da
plenitude.
A Terra é a Deusa-Mãe raíz de cultos ancestrais. A Mãe Celeste incarnou no tempo, sob diversas formas, interna, indecisa, indisciplinada, verbal, profunda, poderosa, infernal, determinada, autêntica, forte e fraca, amante das formas e dos filhos do tempo, Tudo em Uma, Ela É Viva.
É de uma universalidade notável, pois está presente em todas as mitologias, como Gaia, Maia, Ísis, Vénus, Ishtar, Maria, etc. É iniciadora e detentora do conhecimento.
Uma dessas culturas antigas, bem próximas de nós e muito interessante,
é a Céltica. O nome da deusa: Dana.
Apesar de conhecida, permanece uma divindade misteriosa de quem se conhece pouco. Sabe-se que é a deusa-mãe da qual nasce a filiação celta dos Tuatha Dè Danann, filhos de Dana. Os Tuatha são os construtores de megalitos, descendentes do Proto-americanos, descendentes dos Elohim, isto é deuses (referidos na Bíblia). Os Elfos representam a sua filiação divina.
Apesar de conhecida, permanece uma divindade misteriosa de quem se conhece pouco. Sabe-se que é a deusa-mãe da qual nasce a filiação celta dos Tuatha Dè Danann, filhos de Dana. Os Tuatha são os construtores de megalitos, descendentes do Proto-americanos, descendentes dos Elohim, isto é deuses (referidos na Bíblia). Os Elfos representam a sua filiação divina.
Este povo misterioso partiu, como os
deuses.
Legou-nos Dana “Divina e altiva, permanece nos bosques, vestida de púrpura de ouro, armada com uma cota de malha. Soberana e deusa, mãe e guerreira, curadora e papisa, assim é Dana, a deusa-mãe dos Tuatha Dè Danann, semi-deuses da Irlanda pré-céltica”.
Á Terra que nos acolhe, um pedido de perdão por todo o sofrimento que lhe causamos e um bem-haja por, mesmo assim, nos considerar ainda como filhos.
Legou-nos Dana “Divina e altiva, permanece nos bosques, vestida de púrpura de ouro, armada com uma cota de malha. Soberana e deusa, mãe e guerreira, curadora e papisa, assim é Dana, a deusa-mãe dos Tuatha Dè Danann, semi-deuses da Irlanda pré-céltica”.
Á Terra que nos acolhe, um pedido de perdão por todo o sofrimento que lhe causamos e um bem-haja por, mesmo assim, nos considerar ainda como filhos.
2 comentários:
Quanto conhecimento e sabedoria. Obrigada por transmitires.
Beijo grande.
- Mais um extraordinário texto, escrito ao correr da pena.
- Que cultura geral e específica. Aprendo com quem sabe. Medito. Só falta a parte mais difícil, de mim próprio: agir em conformidade, ser coerente…
- Do fogo tenho medo. Do ar nem dou por ele, pois acho um direito adquirido. Gosto da água, do mar, dos rios, mas tenho muito respeitinho por ela e pela sua força. Em terra sinto-me seguro.
- A terra é a mãe (tenho a esperança que um dia também possa ser pai…). Matriarcado/patriarcado. Regra dos 100/900 ou 900/100? Talvez…
- Todo o humano vem dela e para ela volta. “Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris” (a tradução deste latim está no texto principal, é só procurar…é só puxar um pouco pela imaginação).
- Procuro não ter receio do presente e do futuro… a tal coerência. O ser humano não morre, apenas se transforma, muda para melhor. E, então, quem tem a felicidade de crer em Deus, deve esperar ansiosamente pelo reencontro com Ele (d’Ele viemos e para Ele vamos).
- O último parágrafo é lapidar. O mal que todos, sem excepção, temos feito à nossa querida Terra. Que futuro para os vindouros?…
- Apesar de tudo, algum optimismo ajuda imenso!
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