domingo, 3 de julho de 2011

Não há razões para existirem ressentimentos



Ou temos esperança dentro de nós ou não temos; é uma dimensão da alma e não depende essencialmente de uma determinada observação do mundo ou de uma avaliação da situação. A esperança não é uma previsão. É uma orientação do espírito, uma orientação do coração; transcende o mundo de que temos uma experiencia imediata e os seus esteios estão para lá dos seus horizontes…

VACLAV HAVEL, Disturbing the peace.


Ouve-se constantemente as pessoas dizerem: «Tenho direito a estar irritado devido à forma como fui tratado. Tenho direito a sentir-me zangado, magoado, deprimido, triste e ressentido.»

Aprender a evitar esta forma de pensar é um dos segredos para se viver uma existência de paz interior, sucesso e felicidade.

Sempre que estamos cheio de ressentimento, estamos a passar as rédeas da nossa vida emocional aos outros. Se alguém nos diz algo que consideramos ofensivo, em vez de optar pelo ressentimento, conseguimos não levar a mal o que acabamos de ouvir e reagimos com bondade ou compaixão.

Não sentimos necessidade de fazer ver os outros que estão errados, nem de nos vingarmos quando vítimas de uma injustiça. E fazemos isso por nós, pelo mundo e pelo universo.

Ao interiorizar este entendimento, estamos a dar-nos a OPORTUNIDADE de viver de uma forma mais consciente e de experienciar um pouco mais do ser divino que existe dentro de nós…

Estamos a dar o nosso contributo ao mundo de forma consciente ou seja actuando em nós próprios, disciplinando o nosso pensamento e comportamento, perante tudo aquilo que se nos apresente. 

Este entendimento pressupõe ultrapassar a atribuição de culpas, e aprender a enviar amor a todos; sob forma de amizade, respeito ou simplesmente por compaixão, em vez de raiva e ressentimento.

Conta-se a história de um mestre iluminado que reagia sempre a explosões de críticas, de reprovação e de ridicularização com amor, bondade e serenidade.

Um dos seus devotos perguntou-lhe como era possível que ele fosse tão bondoso e pacífico perante invectivas tão injuriosas. Em resposta ao seu devoto, o mestre fez-lhe esta pergunta:
 «Se alguém te oferecer um presente e não o aceitares, a quem pertence esse presente?»

Perguntemos a nós próprios:
«Por que motivo hei-de permitir que algo que pertence a outra pessoa seja a fonte do meu ressentimento?»


Paremos de Procurar ocasião para nos sentirmos ofendidos








Acontece um renascimento quando as portas da mente se abrem a outros mundos e a ideias estranhas e se começa a formar uma nova e turbulenta harmonia.



GRAHAM DUNSTAN MARTIN, Shadows in the Cave 
 
Quando vivemos abaixo dos níveis vulgares de consciência ou mesmo nesses níveis, gastamos muito tempo e energia à procura de oportunidade para nos sentirmos ofendidos.

Uma reportagem noticiosa, uma descida financeira, um estranho mal-educado, um lapso de comportamento, de alguém a praguejar, uma nuvem negra, uma nuvem qualquer, a ausência de nuvens – praticamente qualquer coisa servirá se estivermos à procura de uma ocasião para nos sentirmos ofendidos.

Se algo acontecer e não gostarmos, declaremos aquilo que sentimos do fundo do coração; e depois atrevamo-nos a esquecer isso. A maioria das pessoas age em função do ego e precisa realmente de ter razão.

 O nosso desejo é estar em paz – e não o de termos razão, de ficarmos magoados, zangados ou ressentidos.

 Se tivermos fé suficiente naquilo em que acreditamos, descobriremos que é impossível sentirmo-nos ofendidos com as crenças e a conduta dos outros.

Quando nos sentimos ofendidos estamos a fazer um juízo de valor. Julgamos outra pessoa estúpida, insensível, mal-educada, arrogante, desrespeitosa ou tola, e então damos por nós ofendidos pela conduta do outro.

O que podemos não estar a perceber é que, quando julgamos outra pessoa, não a estamos a definir. Estamos a definir-nos a nós como alguém que necessita de julgar os outros.

Assim como ninguém nos consegue definir com seus juízos de valor, também não detemos o privilégio de definir os outros.

Quando pararmos de julgar e nos tornarmos simplesmente observadores, conheceremos a paz interior.

Munidos dessa sensação de paz, ver-nos-emos livres da energia negativa do ressentimento e seremos capaz de viver uma existência de contentamento. Como bónus, verificaremos que os outros se sentirão muito mais atraídos por nós.

Uma pessoa pacífica atrai energia pacífica. Não conheceremos Deus a não ser que estejamos em paz, pois Deus é paz.

O nosso ressentimento afasta-nos de Deus, enquanto andamos ocupados a sentir-nos ofendidos.

Paremos de esperar que aqueles que são diferentes sejam aquilo que achamos que deveriam ser. Isso nunca irá acontecer.

É o ego que exige que o mundo e todas as pessoas sejam como pensamos que deveriam ser.

O nosso eu sagrado superior recusa-se a ser outra coisa que não pacifico e vê o mundo tal como ele é, não como o nosso ego gostaria que fosse.

Quando reagimos ao ódio com ódio dirigido a nós, tornamo-nos parte do problema, que é o ódio, em lugar de fazer parte da solução, que é o amor.


O Amor é a forma mais elevada de energia


Ganhe coragem! Sem que a maioria de nós o saiba, estamos a viajar na companhia de muitos aliados: uma população mais numerosa de pessoas criativas, que são portadoras de ideias, valores e tendências mais positivas, do que qualquer outro período de renascimento já viu. E, provavelmente, podem ser mobilizadas para agir de uma maneira altruística em favor do nosso futuro.
PAUL H. RAY, The Rise of the Integral Culture

O amor não possui ressentimento e concede rapidamente perdão. O amor e o perdão inspirá-nos-ão a trabalhar naquilo pelo qual somos a favor e não por aquilo em relação ao qual estamos contra.

Se somos contra a violência e o ódio, combatê-lo-emos com o nosso tipo de violência e ódio.

Se somos a favor do amor e da paz, convocaremos essas energias à presença da violência e acabaremos por dissolver o ódio.

Esse amor não é algo sentimental colado à realidade. É algo que transborda do estado de consciência de um indivíduo, quando o mesmo está ligado à energia universal, que é a frequência do amor.


Algumas considerações finais


A raiz de praticamente todas as práticas espirituais é a noção de perdão.

Pensemos em todas as pessoas que alguma vez nos magoaram, defraudaram ou disseram coisas desagradáveis sobre nós. A nossa experiência dessas pessoas não passa de um pensamento que carregamos connosco.

Essas ideias de ressentimento, raiva e ódio representam energias lentas e debilitantes que nos retirarão poder.

Praticar o perdão significa, libertarmo-nos da energia autodestrutiva do ressentimento.

Enviemos amor sob qualquer forma àqueles que sentimos terem-nos defraudado ou injuriado e reparemos como nos sentimos muito melhor, como nos sentimos muito mais leves e em paz.

Muito daquilo que se passa na nossa vida depende de nós e de cada escolha que fazemos, por mais insignificante que seja. De qualquer forma teremos sempre o livre arbítrio ou seja a LIBERDADE DE ESCOLHA. Se estivermos na vida de forma consciente, agora mesmo nos perguntaremos:

O que aspiro ser? Qual o caminho a seguir? O caminho largo do ressentimento e do julgamento ou o caminho estreito do amor incondicional?

Será que as razões que levam ao ressentimento existem mesmo, ou será só ilusão da nossa mente?

“A dimensão espiritual que existe para além do reino dos nossos cinco sentidos estão a aparecer-nos, quer individual quer colectivamente, para nos despertar do hábito da complacência, do medo, da negação e da ganância que nos mantém prisioneiros de uma disfunção psico-espiritual. Essas outras dimensões querem que a Terra prospere como fonte maravilhosa e incrivelmente rica de amor, vida e saber que sempre foi.”




Trabalho realizado por Carlos Manuel
 e
 inspirado em Obras literárias de James Redfield e Wayne Dyer.




2 comentários:

alice marques disse...

Eete texto marca uma tarde de partilha profunda.

Realmente não há razão alguma para ressentimentos. Assim como a escuridão é ausência de luz, acredito que o ressentimento é ausência de amor.

Amor é leve, belo e faz sorrir. Ressentimento pesa, doi e o coração sangra. Quando os ombros se arqueiam sob o peso das dificuldades, porquê sobrecarregar com o chumbo da tristeza? Porque não tentar compreender que a Vida apenas nos dá o que mais necessitamos, mesmo que seja essa dor, aceitar o momento e depois tentar sorrir e amar.

Se a Vida é o nosso reflexo,
Se olharmos para um espelho e carregarmos o sobroçolho, será essa imagem que a Vida nos devolve.

O Carlos deixou um convite aberto à Vida e ao Amor, sem resentimentos, carregado de Luz.

Aceito o convite!

Mary Rosas disse...

Õbrigada Carlos pela tua partilha.

Um beijo

Mary Rosas