As palavras,
para além de não traduzirem a Totalidade, tantas vezes deturpam e diminuem a
ideia.... Mundos há que as palavras não conseguem exprimir a grandeza,
profundidade ou beleza.
Agarramo-nos a
elas como bóias de salvação quando não compreendemos , ou o que se nos
apresenta ou o que nos é dito ou o que adivinhamos e não queremos admitir.
Todavia, são as
palavras que organizam o “nosso mundo”, é por elas que comunicamos, nos
expressamos, transmitimos – ou tentamos – o que somos. Por elas nos são passadas
as nossas origens mais profundas, as nossas raízes culturais, moldam-nos o
pensamento e a acção. Nelas colocámos as nossas crenças, sentimentos,
devires....
Servimo-nos
delas para sonhar, por vezes para amar ou odiar, desculpar (mas não perdoar,
pois o perdão vem do Silêncio).
Servem-nos de
escudo aos nossos medos, temores, instintos. Quantas vezes saem incontroláveis,
buscando no momento verbalizado a ligadura ou a bengala como crianças que ainda
não sabem caminhar por si.
Afinal o que
são?
Podem ser vãs,
como penas que voam e revoam sem se deixarem apanhar no depois; podem ser
cruéis como facas afiadas que matam; podem ser hipócritas na ânsia de agradar à
ilusão do que cremos; podem ser como dardos envenenados que imobilizam as vítimas,
depois cruelmente despojadas de si. Também podem ser verdadeiras como riachos
de água pura que dessedentam a alma, ou miragens nas travessias dos nossos
desertos de solidão, bússolas nas altas montanhas da vida, sonhos belos que nos
transportam ao âmago das coisas, carinhos que nos lavam o coração, enlaces
puros e promessas de vida.
Mas as palavras
passam como o vento, sem deixar rasto. Será? Talvez não!
Quando?
Quando a palavra
se torna acção num Sopro de Vida, no Verbo que cria, que molda, que Faz. Quando
a Palavra vive, Ela age. Age no Silêncio, Cria mundos, transforma, transmuta,
é.
“No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus....”
(Evangelho S. João).
Fica a questão:
Contraditório,
incoerente o que é dito?
2 comentários:
Há palavras sedutoras,como flores, perfumadas.Palavras que sãoespadas
afiadas.
Há palavras que semeiam ventos e colhem tempestades.
Há palavras doces e amargas.
Com palavras nos cobrimos, e nos despimos.
As palavras são poderosas e mágicas,mas nem sempre sabemos usá-las.
Bejinho
Palavras, leva-as o vento. O pior é o resto!
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