domingo, 6 de maio de 2012

Palavras




As palavras, para além de não traduzirem a Totalidade, tantas vezes deturpam e diminuem a ideia.... Mundos há que as palavras não conseguem exprimir a grandeza, profundidade ou beleza.

Agarramo-nos a elas como bóias de salvação quando não compreendemos , ou o que se nos apresenta ou o que nos é dito ou o que adivinhamos e não queremos admitir.

Todavia, são as palavras que organizam o “nosso mundo”, é por elas que comunicamos, nos expressamos, transmitimos – ou tentamos – o que somos. Por elas nos são passadas as nossas origens mais profundas, as nossas raízes culturais, moldam-nos o pensamento e a acção. Nelas colocámos as nossas crenças, sentimentos, devires....

Servimo-nos delas para sonhar, por vezes para amar ou odiar, desculpar (mas não perdoar, pois o perdão vem do Silêncio).

Servem-nos de escudo aos nossos medos, temores, instintos. Quantas vezes saem incontroláveis, buscando no momento verbalizado a ligadura ou a bengala como crianças que ainda não sabem caminhar por si.

Afinal o que são?

Podem ser vãs, como penas que voam e revoam sem se deixarem apanhar no depois; podem ser cruéis como facas afiadas que matam; podem ser hipócritas na ânsia de agradar à ilusão do que cremos; podem ser como dardos envenenados que imobilizam as vítimas, depois cruelmente despojadas de si. Também podem ser verdadeiras como riachos de água pura que dessedentam a alma, ou miragens nas travessias dos nossos desertos de solidão, bússolas nas altas montanhas da vida, sonhos belos que nos transportam ao âmago das coisas, carinhos que nos lavam o coração, enlaces puros e promessas de vida.

Mas as palavras passam como o vento, sem deixar rasto. Será? Talvez não!

Quando?

Quando a palavra se torna acção num Sopro de Vida, no Verbo que cria, que molda, que Faz. Quando a Palavra vive, Ela age. Age no Silêncio, Cria mundos, transforma, transmuta, é.

No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus....”
(Evangelho S. João).

Fica a questão:
Contraditório, incoerente o que é dito? 

2 comentários:

Anónimo disse...

Há palavras sedutoras,como flores, perfumadas.Palavras que sãoespadas
afiadas.
Há palavras que semeiam ventos e colhem tempestades.
Há palavras doces e amargas.
Com palavras nos cobrimos, e nos despimos.
As palavras são poderosas e mágicas,mas nem sempre sabemos usá-las.

Bejinho

Ernesto disse...

Palavras, leva-as o vento. O pior é o resto!