(Nota:
Tem sido manifesto que este espaço, é para além de um local de encontro,
uma oportunidade de partilha e debate, onde é proporcionado expor as nossas “visões”
da vida… e no caso em apreço, aqui este tema é trazido, sujeito ao escrutínio
de quem lê e em síntese exposto e assumido na primeira pessoa) .
… Milhões
e milhões de orações já foram feitas a Deus, desde que Jesus deu aos seus discípulos
a Oração-modelo. Comummente conhecida como o “Pai-Nosso”, muitos repetem esta
oração palavra por palavra, em muitos locais e circunstâncias.
Com
a ajuda do registo bíblico podemos ver que em certa ocasião, no ano 32 EC, um
discípulo de Jesus o observou enquanto Ele orava.
Quando
Jesus terminou, o discípulo disse-lhe: ”Senhor, ensina-nos a orar”, conforme
registado em Lucas 11:1. A oração fazia parte da vida e da adoração dos judeus.
De modo que o discípulo não pediu algo que não sabia ou que nunca fizera.
Provavelmente sentiu que havia uma enorme diferença entre as orações
santimoniosas dos rabinos e o modo de Jesus orar.
Já por um
ano e meio antes, no seu Sermão do Monte, Jesus dera aos seus discípulos um
modelo em que basear suas orações. (Mateus 6:9-13). É possível que este discípulo
não estivesse presente naquela ocasião, de modo que Jesus repetiu os pontos
essenciais daquela oração, sem todavia ter repetido palavra por palavra.(Lucas
11:1-4).
A este
propósito Jesus havia ensinado: ”Ao orardes, não digais as mesmas coisas vez após
vez, assim como fazem os das nações, pois imaginam que são ouvidos por usarem
de muitas palavras”. (Mateus 6:7)
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(Pintura: Giotto) |
De forma
breve, e tomando notas quanto ao registo nas Escrituras, vamos procurar
examinar a oração, amplamente identificada como o “Pai-Nosso”, e que incorpora
um mundo de informações. O seu texto está na nossa sociedade bem presente
e contém sete pedidos, sendo três deles referidos aos propósitos de Deus e
quatro às nossas necessidades materiais e espirituais.
Disse
Jesus: “Portanto, tendes de orar do seguinte modo: ‘Nosso Pai nos céus,
santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como
no céu, assim também na terra. Dá-nos hoje o nosso pão para este dia.
Perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam.
E não nos deixeis cair em tentação. E livrai-nos do iníquo”.
Esta oração-modelo
constituiria assim um padrão para todos quantos manifestassem o desejo sincero
de se achegarem a Deus em oração e do modo como deviam orar.
Mostra-nos ainda o
tipo de coisas pelas quais orar e a importância relativa das coisas.
Consideremos
cada parte do Pai-Nosso e notemos o pedido inicial que estabelece logo as
prioridades.
“Nosso
pai nos céus santificado seja o teu nome”. Essas palavras iniciais da oração-modelo
ajudam à identificação de Deus, por nos dirigirmos a ele como “nosso Pai”, tal
como uma criança se sente atraída a seu pai amoroso e compreensivo, confiantes
de que ele nos quer ouvir.
Acresce a
importância de pedir que se santifique ou torne santo, o Seu nome. Mas qual é o
nome de Deus? O “AntigoTestamento” em língua hebraica, era já conhecido, e por
cerca de 6000 vezes o seu nome era identificado pelo Tetragrama e pronunciado,
mas pelo longo desuso a sua pronúncia é agora desconhecida. Alguns
especialistas, como na versão católica - Bíblia de Jerusalém - são favoráveis
ao uso do nome Iahweh, outros modernistas formularam o nome Jeová, como o nome
divino em português. (Salmos 83:18; Êxodo 6:3) Sendo que outras línguas têm
o seu modo de o pronunciar.
O seu
nome na oração reflecte a posição de quem O reconhece como o soberano
universal.
Orar pela
santificação do nome de Deus mostra a posição de cada um na questão da
soberania universal – totalmente a favor do direito de Deus governar o universo…
habitado por criaturas inteligentes, que se submetem alegre e voluntariamente à
Sua soberania justa porque o amam e por tudo o que o seu nome representa, como
hoje acontece com o nome de cada um.
Ajuda
ainda a refrear de fazer algo que poderia vituperar esse santo nome e expressa
confiança de que o propósito de Deus se cumprirá para o seu louvor.
“Venha o
teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra”.
A maioria
das pessoas imagina que o céu seja um lugar de paz e tranquilidade.
As
Escrituras referem-se ao céu como morada de Deus “de excelsa santidade e beleza”.
Assim, não é de admirar que oremos que a vontade de Deus seja realizada na
Terra assim “como no céu”.
Daniel,
profeta de Deus predisse que “O Deus do céu estabelecerá um reino que jamais
será arruinado…esmiuçará e porá termo a todos estes reinos (governos
terrestres), e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos” (Daniel
2:44).
Esse
reino ou governo celestial agirá em breve para trazer paz global à Humanidade
na Terra por meio de um governo justo.
Orar pela
vinda do Reino de Deus, e para que a sua vontade seja feita na Terra é uma
manifestação de fé, que não trará desapontamento, conforme o apóstolo cristão
João escreveu: “…..Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles
serão seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos
toda a lágrima e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor…..
estas palavras são fieis e verdadeiras “ (Revelação 21:3-5)
Poderíamos
dizer que a plena vontade de Deus está sendo realizada na Terra afligida por
violência, injustiça, doença e morte ? De modo algum. Por isso é apropriado
continuar a orar pela vinda do Reino para se realizar a vontade de Deus na
Terra.
Dá-nos
hoje o nosso pão para este dia. Na Oração-modelo, Jesus mostrou que a nossa preocupação
deve centrar-se com o nome e a vontade de Deus.
No
entanto, prossegue com pedidos pessoais feitos a Deus, como o mencionado, para
que providencie as nossas necessidades diárias, se o amamos e lhe obedecemos.
Ao dizer
dá-nos, Jesus também ensinava a lembrar-nos das necessidades dos outros.
O pedido para as
necessidades da vida deve ser modesto…contrapondo uma vida devotada
primariamente a adquirir e acumular bens materiais.
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(Pintura: Jeronimo Bosh) |
Perdoai-nos
nossos pecados assim como nós perdoamos àqueles que nos ofenderam.
Significa
que Deus está pronto a perdoar, com a mesma certeza de que uma “dívida” pode
ser totalmente cancelada, como o cometimento de sérias transgressões, desde que
haja arrependimento genuíno, e oração com confiança, como aconteceu com o rei
David (Salmos 86:5)
No
entanto Jesus mencionou uma condição: Para sermos perdoados por Deus, temos de
perdoar os outros, com espírito… perdoador, sendo assim beneficiados pela
misericórdia Dele.
A disposição
de Deus de ouvir as nossas petições apesar de sermos imperfeitos deve
induzir-nos a procurar a sua aprovação, apesar Dele reconhecer a imperfeição
humana.
Ainda
assim Deus pode ajudar-nos, conforme Jesus mostrou no importante pedido que
conclui a oração modelo.
Ficaremos
cientes das nossas fraquezas e mais tolerantes com as limitações dos outros.
Não nos
leves à tentação, mas livra-nos do iníquo.
Deus não
nos abandona numa tentação, nem nos faz cair no pecado. Afinal Deus permite o uso
do livre arbítrio.
Deus não
tenta ninguém para fazer o mal, mas são os nossos próprios desejos que podem
engodar-nos.
Pela oração
somos induzidos a pedir a protecção contra a iniquidade.
Afinal
Deus pode livrar do ”iníquo”, identificado com Satanás, o grande tentador, que é
o governante do mundo e que o mantém sob o seu domínio.(1 João 5:19)
Com este
objectivo permanente, tem tentado desviar a humanidade da adoração pura de Deus
e assim tem mantido o mundo sob o seu controle e poder.
Nestas
circunstâncias é apropriado recorrer regularmente a Deus em busca de ajuda,
especialmente quando confrontados com a tentação persistente, ou fazer o que se
sabe não agradar a Deus.
Cabe a cada um procurar
servir a Deus segundo a sua Palavra inspirada, que está ao dispor de toda a
Humanidade. Conforme registado em João 17:17 “… a tua palavra é a verdade” e
aos cristãos cabe assim “adorá-lo com espírito e verdade”.(João 4:24) … em
qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer situação.