sexta-feira, 2 de novembro de 2012

1 de Novembro



Ontem e hoje vêm falar-nos de silêncio, esse eco do Grande Desconhecido. Muitas são as referências na Tradição à Grande Passagem, mas de uma forma ou de outra o nosso corpo físico teme este fim. Não por falta de fé, não por desconhecimento, mas simplesmente a morte é o fim da sua existência tal como o conhecemos. E todos os saltos para o desconhecido assustam.

(Jack o'Lantern)
Na noite de 31 de Outubro a 1 de Novembro celebra-se o Dia das Bruxas ou Halloween. Dizem uns que não era celebrado entre nós e que são “coisas do estrangeiro”. Ora, recordo-me de, na infância, ir buscar uma abóbora, retirar-lhe o miolo e depois criar um rosto de “bruxa” com uma vela no interior. Não havia o ritual das visitas casa a casa, mas era vivido interiormente. Talvez os ecos viessem do Tempo. A abóbora assemelha-se à Jack o’Lantern, a abóbora iluminada das partidas na Irlanda e Bretanha no tempo dos Celtas. Vejamos: os Celtas não acreditavam em demónios, mas antes em entidades mágicas que eram consideradas hostis tanto para os humanos como para os animais e colheitas. Era costume, nesta noite, pregarem partidas aos vizinhos, como trocar os animais por figuras humanóides, assustadoras, como eram a abóbora iluminada. 


(Roda do Mundo)
Esta noite assinalava o Samhain dos Celtas, ou seja a passagem do ano: fim do ano velho e começo do ano novo. Era a época em que se acreditava que havia um portal entre dois planos de existência que abria: as almas dos defuntos podiam visitar as suas casas e famílias, havia a ceia “sagrada” partilhada entre todos uma vez que a Cortina estava aberta.

Acontecia também o chamado Sidhe, a antevisão do outro mundo. As crianças que peregrinam de porta em porta pedindo doces simbolizam os sidhs que passavam interplanos nesta noite.

E mais, um nevoeiro mágico que cega habitualmente as pessoas, dispersava-se no Samhain e, desta forma, os elfos e as outras criaturas elementais podiam ser vistos pelos humanos.

Esta Festa está ligada ao Culto dos Ancestrais tão caro no nosso país e aqui perpetuado embora cristianizado. Em muitas das nossas aldeias dispersas neste país abandonado e mal-conhecido muitas e variadas são as formas. Por cá, como em outras partes do mundo, vamos ao cemitério a 1 de Novembro, tradição imposta pelos costumes antigos, e deixamos flores e luzes num rito de dádiva e lembrança. É momento de comemoração íntima.



A nossa forma de partilhar? Onde o passado e o presente se encontram, num rito luminoso anunciando o futuro? O Agora, o único Realmente existente.

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