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| (Farol de Saturno - Mestre Lima de Freitas) | 
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Não
dormes sob os ciprestes,
Pois
não há sono no mundo.
....................................................
O
corpo é a sombra das vestes
Que
encobrem teu ser profundo.
                  Vem
a noite, que é a morte,
                  E a
sombra acabou sem ser.
             Vais
na noite só recorte,
         Igual
a ti sem querer.
Mas
na Estalagem do Assombro 
Tiram-te
os Anjos a capa. 
Segues
sem capa no ombro, 
Com
o pouco que te tapa.
                  Então
Arcanjos da Estrada 
                   Despem-te
e deixam-te nu. 
                          Não
tens vestes, não tens nada : 
                    Tens
só teu corpo, que és tu.
Por
fim, na funda caverna, 
Os
Deuses despem-te mais. 
Teu
corpo cessa, alma externa, 
Mas
vês que são teus iguais. 
....................................................
A
sombra das tuas vestes 
Ficou
entre nós na Sorte. 
Não
'stás morto, entre ciprestes. 
....................................................
Neófito, não há morte.
Fernando Pessoa

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