(Farol de Saturno - Mestre Lima de Freitas) |
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Não
dormes sob os ciprestes,
Pois
não há sono no mundo.
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O
corpo é a sombra das vestes
Que
encobrem teu ser profundo.
Vem
a noite, que é a morte,
E a
sombra acabou sem ser.
Vais
na noite só recorte,
Igual
a ti sem querer.
Mas
na Estalagem do Assombro
Tiram-te
os Anjos a capa.
Segues
sem capa no ombro,
Com
o pouco que te tapa.
Então
Arcanjos da Estrada
Despem-te
e deixam-te nu.
Não
tens vestes, não tens nada :
Tens
só teu corpo, que és tu.
Por
fim, na funda caverna,
Os
Deuses despem-te mais.
Teu
corpo cessa, alma externa,
Mas
vês que são teus iguais.
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A
sombra das tuas vestes
Ficou
entre nós na Sorte.
Não
'stás morto, entre ciprestes.
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Neófito, não há morte.
Fernando Pessoa
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