domingo, 4 de novembro de 2012

Para uma reflexão sobre a oração-modelo


No seguimento do trabalho efectuado pela Teresa, recebemos esta reflexão.

(Pintura: Michelangelo)

(Nota: Tem sido manifesto que este espaço, é para além de um local de encontro,  uma oportunidade de partilha e debate, onde é proporcionado expor as nossas “visões” da vida… e no caso em apreço, aqui este tema é trazido, sujeito ao escrutínio de quem  lê e em síntese exposto e assumido na primeira pessoa) .

… Milhões e milhões de orações já foram feitas a Deus, desde que Jesus deu aos seus discípulos a Oração-modelo. Comummente conhecida como o “Pai-Nosso”, muitos repetem esta oração palavra por palavra, em muitos locais e circunstâncias.
  Com a ajuda do registo bíblico podemos ver que em certa ocasião, no ano 32 EC, um discípulo de Jesus o observou enquanto Ele orava.
Quando Jesus terminou, o discípulo disse-lhe: ”Senhor, ensina-nos a orar”, conforme registado em Lucas 11:1. A oração fazia parte da vida e da adoração dos judeus. De modo que o discípulo não pediu algo que não sabia ou que nunca fizera. Provavelmente sentiu que havia uma enorme diferença entre as orações santimoniosas dos rabinos e o modo de Jesus orar.
Já por um ano e meio antes, no seu Sermão do Monte, Jesus dera aos seus discípulos um modelo em que basear suas orações. (Mateus 6:9-13). É possível que este discípulo não estivesse presente naquela ocasião, de modo que Jesus repetiu os pontos essenciais daquela oração, sem todavia ter repetido palavra por palavra.(Lucas 11:1-4).
A este propósito Jesus havia ensinado: ”Ao orardes, não digais as mesmas coisas vez após vez, assim como fazem os das nações, pois imaginam que são ouvidos por usarem de muitas palavras”. (Mateus 6:7)

(Pintura: Giotto)
De forma breve, e tomando notas quanto ao registo nas Escrituras, vamos procurar examinar a oração, amplamente identificada como o “Pai-Nosso”, e que incorpora um mundo de informações. O seu texto está na nossa sociedade bem presente e contém sete pedidos, sendo três deles referidos aos propósitos de Deus e quatro às nossas necessidades materiais e espirituais.
Disse Jesus: “Portanto, tendes de orar do seguinte modo: ‘Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra. Dá-nos hoje o nosso pão para este dia. Perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam. E não nos deixeis cair em tentação. E livrai-nos do iníquo”.
Esta oração-modelo constituiria assim um padrão para todos quantos manifestassem o desejo sincero de se achegarem a Deus em oração e do modo como deviam orar.
 Mostra-nos ainda o tipo de coisas pelas quais orar e a importância relativa das coisas.

Consideremos cada parte do Pai-Nosso e notemos o pedido inicial que estabelece logo as prioridades.
“Nosso pai nos céus santificado seja o teu nome”. Essas palavras iniciais da oração-modelo ajudam à identificação de Deus, por nos dirigirmos a ele como “nosso Pai”, tal como uma criança se sente atraída a seu pai amoroso e compreensivo, confiantes de que ele nos quer ouvir.
Acresce a importância de pedir que se santifique ou torne santo, o Seu nome. Mas qual é o nome de Deus? O “AntigoTestamento” em língua hebraica, era já conhecido, e por cerca de 6000 vezes o seu nome era identificado pelo Tetragrama e pronunciado, mas pelo longo desuso a sua pronúncia é agora desconhecida. Alguns especialistas, como na versão católica - Bíblia de Jerusalém - são favoráveis ao uso do nome Iahweh, outros modernistas formularam o nome Jeová, como o nome divino em português. (Salmos 83:18; Êxodo 6:3)  Sendo que outras línguas têm o seu modo de o pronunciar.
O seu nome na oração reflecte a posição de quem O reconhece como o soberano universal.
Orar pela santificação do nome de Deus mostra a posição de cada um na questão da soberania universal – totalmente a favor do direito de Deus governar o universo… habitado por criaturas inteligentes, que se submetem alegre e voluntariamente à Sua soberania justa porque o amam e por tudo o que o seu nome representa, como hoje acontece com o nome de cada um.
Ajuda ainda a refrear de fazer algo que poderia vituperar esse santo nome e expressa confiança de que o propósito de Deus se cumprirá para o seu louvor.

“Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra”.
A maioria das pessoas imagina que o céu seja um lugar de paz e tranquilidade.
As Escrituras referem-se ao céu como morada de Deus “de excelsa santidade e beleza”. Assim, não é de admirar que oremos que a vontade de Deus seja realizada na Terra assim “como no céu”.
Daniel, profeta de Deus predisse que “O Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado…esmiuçará e porá termo a todos estes reinos (governos terrestres), e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos” (Daniel 2:44).
Esse reino ou governo celestial agirá em breve para trazer paz global à Humanidade na Terra por meio de um governo justo.
Orar pela vinda do Reino de Deus, e para que a sua vontade seja feita na Terra é uma manifestação de fé, que não trará desapontamento, conforme o apóstolo cristão João escreveu: “…..Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda a lágrima e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor….. estas palavras são fieis e verdadeiras “ (Revelação 21:3-5)
Poderíamos dizer que a plena vontade de Deus está sendo realizada na Terra afligida por violência, injustiça, doença e morte ? De modo algum. Por isso é apropriado continuar a orar pela vinda do Reino para se realizar a vontade de Deus na Terra.

Dá-nos hoje o nosso pão para este dia. Na Oração-modelo, Jesus mostrou que a nossa preocupação deve centrar-se com o nome e a vontade de Deus.
No entanto, prossegue com pedidos pessoais feitos a Deus, como o mencionado, para que providencie as nossas necessidades diárias, se o amamos e lhe obedecemos.
Ao dizer dá-nos, Jesus também ensinava a lembrar-nos das necessidades dos outros.
O pedido para as necessidades da vida deve ser modesto…contrapondo uma vida devotada primariamente a adquirir e acumular bens materiais.
(Pintura: Jeronimo Bosh)

Perdoai-nos nossos pecados assim como nós perdoamos àqueles que nos ofenderam.
Significa que Deus está pronto a perdoar, com a mesma certeza de que uma “dívida” pode ser totalmente cancelada, como o cometimento de sérias transgressões, desde que haja arrependimento genuíno, e oração com confiança, como aconteceu com o rei David (Salmos 86:5)
No entanto Jesus mencionou uma condição: Para sermos perdoados por Deus, temos de perdoar os outros, com espírito… perdoador, sendo assim beneficiados pela misericórdia Dele.
A disposição de Deus de ouvir as nossas petições apesar de sermos imperfeitos deve induzir-nos a procurar a sua aprovação, apesar Dele reconhecer a imperfeição humana.
Ainda assim Deus pode ajudar-nos, conforme Jesus mostrou no importante pedido que conclui a oração modelo.
Ficaremos cientes das nossas fraquezas e mais tolerantes com as limitações dos outros.

Não nos leves à tentação, mas livra-nos do iníquo. 
Deus não nos abandona numa tentação, nem nos faz cair no pecado. Afinal Deus permite o uso do livre arbítrio.
Deus não tenta ninguém para fazer o mal, mas são os nossos próprios desejos que podem engodar-nos.
Pela oração somos induzidos a pedir a protecção contra a iniquidade.
Afinal Deus pode livrar do ”iníquo”, identificado com Satanás, o grande tentador, que é o governante do mundo e que o mantém sob o seu domínio.(1 João 5:19)
Com este objectivo permanente, tem tentado desviar a humanidade da adoração pura de Deus e assim tem mantido o mundo sob o seu controle e poder.
Nestas circunstâncias é apropriado recorrer regularmente a Deus em busca de ajuda, especialmente quando confrontados com a tentação persistente, ou fazer o que se sabe não agradar a Deus.
Cabe a cada um procurar servir a Deus segundo a sua Palavra inspirada, que está ao dispor de toda a Humanidade. Conforme registado em João 17:17 “… a tua palavra é a verdade” e aos cristãos cabe assim “adorá-lo com espírito e verdade”.(João 4:24) … em qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer situação.


por armandoguedes 28.10.12

Sem comentários: