sábado, 16 de janeiro de 2010

David contra Golias - o (des)crédito dos créditos …

Segundo uma longa tradição do pensamento, instigada por Platão, a racionalidade é o que distingue a excelência humana.

Como primata reflexivo que sou, sempre me fascinou, bom … 
talvez nem sempre, mas pelo menos desde um passado recente, a força e a seriedade que as palavras implicam.
É que para mim esses predicados definem (definiam) o crédito dos agentes que os utiliza(va)m.
Contudo… com o evoluir(?) da sociedade emergiu um novo conceito que ao ser associado a outras  palavras  consegue parasitá-las, isto é sugar-lhes a seiva que lhes dá vida.
Plasticidade…
Senhora distinta mas muitas vezes transformada em vítima ou ré dependendo dos contextos.
Sempre entendi que o conceito de crédito implicava honra…
mas para sermos mais objectivos e consultando um dicionário da língua portuguesa - Porto- Editora, 7ª edição- encontramos: “confiança que inspira alguém ou alguma coisa, fé, autoridade profissional, felicidade de adquirir dinheiro por empréstimo...”
Sem querermos ser muito redutores teremos crédito como sinónimo de Felicidade… de Competição… do Paraíso ao alcance da mão.
Esclareçamos:

Felicidade…
Para comprar um automóvel… tenho o melhor crédito…
Para fazer uma viagem… escolha este crédito…
Para apetrechar a casa… não se esqueça que o nosso crédito é  o seu melhor amigo…
Para pagar os seus créditos... o nosso banco tem a solução de acordo com o seu caso.
Competição
O  automóvel em que vou para o emprego é mais potente do que o teu... é porque tenho mais crédito...
Esta acção de formação dá-lhe x créditos…para progredir...
Tem de fazer y créditos…durante o ano …se não fica congelado...
Tenho mais créditos do que o meu colega… logo sou melhor…
Paraíso ao alcance das mãos…
Quantos mais “milagres” houver mais créditos há para apresentar.
O seu crédito aumenta em função do seu dízimo...
Acredite na nossa  religião… pois esta dar-lhe -á créditos para entrar no Reino…

Será que poderemos acreditar nas boas intenções de todos os créditos ou não estaremos perante o (des)crédito dos créditos?
Não creio… que se possa acreditar nos crédito de todos os créditos…
Mas… os famintos necessitam  de ser alimentados…, já não por peixes e pão...
 há, por isso, a necessidade de multiplicar os créditos.
Não é o relativismo é uma constatação... isto é  a plasticidade na sua expressão mais flexível…
Mas se procuramos bem…
certamente  encontraremos créditos seguros… de honra… mas  esses  quase  passam despercebidos,…
embora  nunca deixasseam de existir.
Serão, nestes tempos, estes créditos anormais???
Certamente que sim... dirão uns...
certamente e que  não… dirão outros.
Tudo dependente de quem os lê.
Contudo, se estivermos  atentos à forma como se exprimem… como se apresentam como dialogam...
verificamos que; nada oferecem… nada prometem...
apenas responsabilizam e  exigem que se cumpra.
Por isso…nem todos serão capazes de os descodifica.
Aceito que questionem..  os meus créditos…

Terão eles créditos para serem creditados?

A resposta???
Encontro-a em e  através de Petrónio "Eu prefiro o  meu crédito a tesouros”.




 António Pinto



1 comentário:

Barca d´Alva disse...

Após a leitura deste brilhante texto, só tenho um comentário: “Magister dixit !!!”

Barca d´Alva.