domingo, 14 de novembro de 2010

A Luz na Terra


No passado mês de Outubro tivemos a visita de um Amigo, Alain Blandin, que nos desenvolveu um tema para meditação. 
Com autorização de Alain, vamos passar extractos do texto, abaixo temos o primeiro, do que foi exposto na altura  e desenvolvido este fim de semana aqui, n'O Caminho da Montanha.

Desde já agradecemos a disponibilidade de Alain Blandin, assim como a riqueza do que nos proporcionou.



  
Objectivo principal : a atenção

É importante desenvolver a atenção, não a concentração que é focalização num ponto, mas a atenção, ou seja a abertura consciente et ampla a tudo o que Aparece.

Se uma só coisa tiver de ser retida é que a atenção (sem objectivo) é a chave do sucesso das práticas, de qualquer experiência de vida, a chave da liberdade.


Exemplo do jogo da consciência e do universo

Procurei um exemplo concreto para ilustrar que, se estivermos atentos, a vida é bem mais rica do que cremos habitualmente pelo que os vou convidar a fazer da atenção sem objecto a chave, não só de toda a prática, mas de todos os instantes da vida.

A vida é mágica, e respondeu mostrando-me que a realidade aqui mesmo tem uma face escondida, uma dimensão que existe, mas que só a apercebemos se estivermos atentos.

O maravilhoso esconde-se sempre por detrás do banal. 

E isso aconteceu de forma banal. De facto, o que há de mais banal aparentemente do que o nome do lugar onde estamos, aqui e agora. Ora essse nome diz-nos qual o tipo de trabalho que temos a fazer aqui, agora.

Explicação: quando pedi à Alice para traduzir para francês os nomes de ESPINHO (Épine) e Santa Maria de Lamas (Sainte Marie des Boues), vi imediatamente uma resposta do universo. Esta coincidência, este acordo, entre o nome do lugar e a tradução literal, indica a ligação que há entre o que aqui se faz de uma maneira geral e o que vamos fazer agora.

As palavras servem para designar objectos concretos, tangíveis, mas a vida é também poesia: viver conscientemente, em poética, é por vezes estar mais próximo do Real do que crer que a realidade se resume a uma simples realidade grosseira, tangível ou às elucubrações do nosso psiquismo.

Viver conscientemente, estar consciente de que as palavras designam realidades mais vastas do que os objectos tangíveis, é aproximar-se do coração da vida, do centro da nossa realidade. Todos aspiramos viver mais profundamente. Para isso é preciso estar mais consciente. Digam-me de que estão conscientes e eu dir-lhes-ei por quem se tomam.

Em poética, em esoterismo, as palavras são portadoras de uma verdade encoberta, mas viva. Assim, as palavras Espinho e Santa Maria de Lamas são nomes de lugares, mas, em linguagem poética, são palavras que nos interpelam sobre a maneira como vemos a vida e consequentemente sobre o que fazemos da nossa vida.

Demonstração:
- Espinho (a cidade) = espinho (o objecto, a parte da rosa que pica)
- Santa Maria de Lamas, literalmente = pureza mariana da lama

Assim, em poética, viver em Santa Maria de Lamas, em Espinho, é aprender a transformar a lama que nos encobre em pureza mariana do Real, é curar os espinhos da Vida.

Isto é particularmente verdade neste centro, aqui, consagrado à terapia. De facto a terapia cura-nos dos efeitos dos espinhos da vida, a terapia dissolve as lamas dos nossos apegos ao passado e convida-nos a transformar as lamas da nossa psique em pureza mariana.

Através deste exemplo, deste jogo de palavras, deste jogo da vida, vemos que a vida em consciência é rica em coincidências, em realidades tão verdadeiras como a vida quotidiana, mas unicamente reveladas no intervalo da realidade.

Aprender a Ver isto é, a ser mais lúcido, é primordial para aqueles que querem viver plenamente.
……
Assim, juntos, vamos estar atentos ao que está aqui e que não vemos, ou vemos pouco, se nos limitarmos a uma consciência de superfície que passa sobre as coisas, os seres, as situações sem as viver real, lúcida e totalmente.

Antes de tudo precisemos o que quer dizer viver realmente.  

Viver realmente é estar consciente do que é, sem o parasitismo do mental, sem a história que a nossa pequena pessoa se conta a si mesma e que quer ocupar todo o espaço. O parasitismo pela pessoa tem como efeito encobrir-nos o real.

3 comentários:

Anónimo disse...

" Viver em Santa Maria de Lamas... é curar os espinhos da vida". É lindo e maravilhoso quando se consegue esta transformação de palavras em linguagem poética.
Não foi por acaso que o Centro "O Caminho da Montanha" que é consagrado á terapia, aqui apareceu...Um Bem-Haja Gigante a quem o criou.

Foi muito interessante ouvir o Alain traduzido pela Alice, penso que o interesse fica essencialmente na sabedoria transmitida, por nós retida e nem sempre compreendida. É um longo caminho...acho que importa reter, e aos poucos compreender. Exige trabalho.
Um obrigada enorme ás duas pessoas especiais que nos tentaram e tentam ilucidar para a importancia da "atenção" e para " o jogo da consciencia e do universo".
Que consigamos transformar as Lamas da nossa psique em Pureza Mariana...

Beijo com carinho para todos.

Unknown disse...

Viver realmente é esforçarmo-nos por colocar o "nós" acima do "eu".
É bem difícil...mas deverá ser a tendência para ultrapassar o egoísmo "natural".
E quando nos esquecermos, os espinhos e a lama encarregar-se-ão de nos lembrar!

alice marques disse...

Traduction des commentaires:

“Vivre à Santa Maria de Lamas… c’est guérir les épines de la vie”. Il est beau et merveilleux quand on arrive à cette transformation des mots en langage poétique. Ce n’est pas par hasard que le Centre « O Caminho da Montanha », qui est consacré à la thérapie, est né ici. Un énorme Merci à ceux qui l’ont crée. Il a été bien intéressant d’entendre Alain traduit par Alice, et je pense que le plus intéressant demeure essentiellement dans la sagesse transmise, retenue par nous et pas toujours comprise. Il faut du travail. Um grand merci à deux personnes spéciales qui ont essayé et essayent de nous élucider par rapport à l’importance de « l’attention » et du « jeu de la conscience et de l’univers ». Que nous réussissons à transformer les Boues (Lamas) de notre psyché en Pureté Marial. Un bisou avec tendresse à tous.


Vivre réellement est faire un effort pour placer le « nous » au dessus du « moi ». Il est bien difficile… mais celle-ci doit être la tendance pour dépasser l’égoïsme naturel. Et quand nous l’oublierons les épines et la boue se chargeront de nous le rappeler.