Não é meu costume retomar textos publicados. Todavia, por razões particulares, vou referir-me a um poema publicado, sob o titulo “Quem somos”. Teve comentários interessantes, um dos quais foi muito para além do expresso. Diz nomeadamente que “É um hino à maternidade”. Assim é efectivamente, na sua realidade mais profunda e velada.
Sim, é um outro Ser, que, mistério dos mistérios, somos e em simultâneo ainda não somos. Na verdade, podemos dizer que somos dois – não vivemos na dualidade?
Um é a personalidade, a Alice, a Maria ou o Joaquim...., que, ilusão, tomamos pelo Ser. Vivemos a maior parte do tempo pela personalidade, em nome dela, pelo seu bem-estar, agimos em consonância. Ela ocupa todo o espaço do nosso mundo. Trabalhamos, pensamos, lutamos por ela! Um dia, porque é terrena e mortal, ela chega ao fim do seu Tempo! Julgamos, na maior do tempo, ser o fim! Medo, terror, morte! E todas as crenças da Alice, da Maria ou do Joaquim caem, desvanecem-se perante a visão deste “fim”.
O outro, a Centelha Divina, eterna e interna, que espera tomar o Espaço e o Tempo que somos. É o Deus que todos trazemos e que é a razão do sermos Filhos. É a maternidade divina, o Ser que temos de dar à Luz na caverna do nosso coração, no segredo do segredo, dos Pastores e dos Anjos. Pastores porque cuidam dos animais (corpo físico) e Anjos porque louvam a Deus (parte espiritual).
E quando a criança divina nascer, grande Feito terá acontecido na Humanidade: um humano que deu à Luz o Filho do Homem. Este Homem é o Homem primordial, com todas as qualidades divinas a quem o Pai insuflou o Seu sopro e criou à Sua Imagem e Semelhança.
É dura e difícil esta gestação. O parto é a Páscoa da Vida.
Esta é só a minha perspectiva. Peço desculpa à autora do poema pela interpretação que fiz. Estou certa que compreenderá.
1 comentário:
Pedir desculpa? porquê?
Sinto-me lisongeada por tão bela interpretação, devo simplesmente agradecer e dizer que o facto de mencionar o meu tão simples poema como um "hino à maternidade", vai totalmente de encontro ao estado de espirito e de sentir em que me encontrava quando de mim o poema saiu...
Apenas consigo dizer OBRIGADA.
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