(Mark Henson - Double Helix) |
As palavras
reduzem a realidade a algo que a mente humana consegue compreender, o que não é
grande coisa. A linguagem consiste em cinco sons básicos produzidos pelas cordas vocais: as
vogais «a, e, i, o, u». [...]
Quando vivemos
num mundo desprovido de abstracção mental, deixamos de ser capazes de sentir a
vitalidade do Universo. A maior parte das pessoas não vive numa realidade viva,
mas numa realidade conceptualizada.
In Eckhart Tolle, Um Novo Mundo
Estes extractos do livro Um Novo Mundo podem levantar muitas questões, sobretudo quando as citações não são enquadradas no contexto. Quase apetece gritar a indecência, sobretudo do primeiro extracto: denegrir as palavras? Crime! Na verdade Tolle fala de redução da realidade a sons organizados que quando postos ao serviço da mente diminuem o sentido real.
Estes extractos do livro Um Novo Mundo podem levantar muitas questões, sobretudo quando as citações não são enquadradas no contexto. Quase apetece gritar a indecência, sobretudo do primeiro extracto: denegrir as palavras? Crime! Na verdade Tolle fala de redução da realidade a sons organizados que quando postos ao serviço da mente diminuem o sentido real.
A forma mais
simples de explanar uma ideia é o exemplo. Assim, tomemos o termo “árvore”.
Podemos dissertar em palavras sobre o termo “árvore” sem sequer nos
aproximarmos da totalidade do ser “arvore”. Não podemos exprimir, sem entrarmos no domínio do abstrato, o
ser que denominamos árvore., em todos os seus aspectos, na sua totalidade.
Simultaneamente, ao termo árvore, cada um irá fazer uma imagem própria aos seus
contornos conceptivos e que não é retrato fidedigno do ser.
De uma forma
habitual as palavras servem para nos indicar o material e visível ou rotulado
que existe. Separam objectos ou fragmentam, conceptualizam.
Só a Realidade
da abstracção nos consegue transportar para além das palavras. Só por ela
podemos transmitir o que não é conceptuável, mas antes vital. Numa meditação
conseguimos eventualmente aceder ao mundo abstrato, onde Tudo se revela e
podemos abranger o todo do ser. Posteriormente vem a dificuldade de exprimirmos
esse mundo em palavras: estas não conseguem descrever, pois não “pertencem” a
esse plano que não é conceito.
Os poetas, os
pintores, os músicos usam outra linguagem: tentam transmitir-nos através do
Belo, da imagem ou do som (os poetas falam por imagem, não é?), a Realidade que
os habita.
Noutro contexto:
em todo o texto acima falamos de palavras, o que é diferente da Palavra. A
Palavra é Sopro criador, cujo reflexo apagado e diminuto é as palavras. Como
reflexo, as palavras têm o seu potencial de força neste plano, uma vez que lhes
atribuímos importância e com elas acreditamos criar. Na verdade, é o
nosso Ser que cria, é a Palavra que cria. Sem a Vontade, as palavras são
inertes, sem Realidade criadora.
São as palavras
que alimentam a nossa mente e nos habitam. Quantas vezes pensamos ser
autónomos, inteligentes, supra-sumos, pois as palavras que cremos formarem
ideias rodopiam na nossa cabeça. Quantas vezes nos sentimos exaustos, pois os
pensamentos afluem ininterruptamente sem que os consigamos deter? Somos génios?
Em nossa opinião
apenas nos deixamos “possuir pelos fantasmas palavras” que nos sugam a energia
e nos impedem de aceder ao Silêncio (Realidade Absoluta). Sim, passamos a
imagem de altamente intelectuais ou mentais (são apenas palavras),
inteligentes, etc..... Rotulamos o mundo que conhecemos. Criamos o medo, o
desejo, a ansiedade, etc, etc.,
etc. Não vivemos, somos vividos pelas palavras, pelos conceitos, rótulos, que
elas nos transmitem. Não somos Livres!
Todo o texto é
constituído por palavras, podem dizer-nos... Verdade! Apenas fica a esperança
de que através delas e pela reflexão ou meditação constituam trampolim para
além delas, para a Palavra do Ser.
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