Ontem tive a oportunidade de
ouvir falar alguém que não conhecia de todo. Essa pessoa é o Frei Fernando Ventura, alguém com
muitas qualificações, mas de uma enorme acessibilidade e simplicidade. Ficou, ainda
mais, conhecido através de um vídeo no You tube, na Sic. O tema era “do eu solitário ao nós Solidário”.
Achei que devia ouvi-lo.
Apreciei o facto de ter feito a sua palestra junto do público
e não no palco. O que disse este Senhor? Nada que não soubéssemos antes, mas
transmitido de uma forma magnifica e simples e cuja mensagem foi entendida por
todos.
Falou sobre o nosso tipo de
vida, do nosso ar carrancudo quando vamos na rua, o facto de sorrirmos muito
pouco, da nossa correria diária, de querer ter mais do querer ser, e de algo muito interessante: o refúgio que
encontramos em nós próprios que não nos deixa avançar perante o outro. Porque o Ser Humano é
belo e extremamente complexo. Fechamo-nos no nosso casulo e desta forma estamos
protegidos perante nós próprios e o mundo.
O que será que aconteceu aos
nossos sentimentos que não aparecem
à luz do dia? Não nos deixamos amar, nem ser amados. Passamos a temer o futuro,
o medo de nos relacionarmos com os outros e darmo-nos a eles e vice-versa. O
medo da rejeição. Temos receio de dizer “eu gosto de ti” ou ainda mais difícil
“eu amo-te”. Quando se tem uma destas atitudes, estranha-se, não se acredita
que seja uma acção verdadeira, vindo do coração.
Hoje vivemos acabrunhados pela
situação actual do país, pelos nossos problemas familiares, financeiros, de
trabalho ou de relações de amizade, entre muitas outras coisas. Hoje vive-se de
aparência, mas por detrás disso, encontramos
muita solidão, dor e sofrimento.
Quando mostramos aquilo que
somos, acontece que nos deixam de lado. Hoje ou se mata ou se morre. Dai a
termos necessidade de integrar grupos de variada ordem. Parece que temos de
usar máscara que nos protege disto e daquilo. Isto não é bom. Acabamos com
problemas psicológicos graves, depressões e …… dependentes de medicação e sem vontade de viver.
O que é que nos falta? Amar-nos
dentro de todas as nossas circunstâncias e desta forma podemos amar o mundo
inteiro. Deveríamos dizer mais
vezes “ eu gosto de ti”, “ eu amo-te”, dar mais abraços, tocar mais os outros
com o olhar e com o próprio toque e não ter medo.
(Pintura: Rob Gonçalves) |
Se formos ver outros países
como por exemplo, África ou a América Latina, as pessoas sorriem mais, apesar
da pobreza extrema em que
vivem. São mais unidas,
preocupam-se mais umas com as outras, visitam-se frequentemente. São capazes de
dizer muito mais vezes “ eu gosto de ti”, “ preocupo-me contigo”.
Por isso digo, somos todos
iguais enquanto Seres Humanos. O que diferencia é a cultura, a educação, o
lugar onde nascemos, os valores, os preconceitos, etc.
Tudo isto foi focado nesta
palestra. Se calhar não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o nosso e
consequentemente o que está à nossa volta. Vamos sair do nosso casulo e
darmo-nos mais ao nosso semelhante.
03.11.10
Mary
Rosas
7 comentários:
Obrigada Mary por mais este texto. É forte o teu apelo, saído do fundo do coração.
Se cada um de nós o ouvir, então começaremosa dar a mão e plantar as flores, construir castelos de realidades, pintar a Vida de arco-iris a caminho do Ser que somos no âmago de nós.
Bem-hajas!
Jinho docinho
olá a todos.
Bonito o teu texto, acima de tudo profundo e uma excelente oportunidade de reflexão.
Resta-me dizer que, devemos melhor fazer para melhor saber saber e melhor saber ser.
beijinho grande.
Muito obrigado pelo seu comentário à minha comunicação.
Bem-haja pelas suas palavras amigas.
Continuamos juntos no sonho da mudança e do "paraíso" a construir e de que temos saudades.
Um beijo
Fernando Ventura
(fernandogreat@gmail.com)
Nestes tempos em que a perda de valores, e o desinteresse pela real
solidariedade, continua a afectar negativamente em todos os sentidos a humanidade, este é mais um belo texto para reflexão. Precisamos urgentemente mudar de comportamentos, para nosso bem e de
toda a humanidade. Não será fácil, mas teremos que tentar. Desistir, é
perder a esperança. Sem esperança não haverá futuro!
Beijinho radioso
Li
Obrigada pelos vossos comentários. SEnti necessidade de reflectir um pouco sobre nós e mundo que nos rodeia. Ainda bem que gostaram. Muito obrigada.
Mary Rosas
Excelente. Muito agradecido por teres partilhado com os “montanhistas” os temas focados, actualíssimos.
A tua exposição obrigou-me a pesquisar na net., para tentar compreender um pouco Frei Fernando Ventura. Vale a pena a leitura…
De Frei Fernando ouvi falar pela primeira vez, quando escutei na íntegra a entrevista que deu a uma estação de televisão. Gostei imenso e para mim pensei logo ser um Homem íntegro, calmo e que embora parecesse não dizer nada de novo, a forma como diz, os pontos que toca, a força que transmite à sua mensagem levam-nos a pensar que acertou na “mouche”.
É uma pessoa de fé, dos intransigentes na defesa do ser humano. Vem na linha de um D. Hélder da Câmara, de um D. Martins (provavelmente será mais um “mártir”…mas que nunca desfaleça).
O grande problema da sociedade ocidental é a sua decadência moral. Vale tudo. Só o hedonismo conta. Todos os meios justificam o fim.
O apelo que nos faz Frei Fernando vai, de certeza, ajudar-nos a ultrapassar esta falta de amor, nesta sociedade amorfa. E voltaremos a sorrir.
Obrigado Frei Fernando. Obrigado Mary.
Ola Mary
Fico muito feliz por um texto que mexe como que é mais profundo em nós tenha vindo dum SER HUMANO como tu.
Apesar de nos últimos tempos passar a vida a correr como de um lado para o outro, o teu texto fez-me parar e pensar,QUANTO O MUNDO SERIA MELHOR SE NÂO TIVESSE-MOS MEDO DE DEIXAR CAIR A ARMADURA QUE JÀ SE ENTRANHOU NA NOSSA PELE DE TAL FORMA QUE PERDEMOS A NOÇÃO ONDE TERMINAMOS NÓS E COMEÇA A ARMADURA QUE NOS PROTEJE DE TODOS, DE NÓS PRÓPRIOS E DO MUNDO.
OBRIGADA MARY POR ME DEIXARES FAZER PARTE DA TUA VIDA.
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