Continuação do trabalho de João Campos. Sabemos que é longo, mas vale a pena!
Julgamento e Condenação de Jesus
Para quem veio
Cristo
Cristo veio para a
Europa. Em Roma dá-se um caso extremamente interessante. É o encontro dos dois
J.C., o seu nome de homem e o seu futuro nome messiânico; é a aliança de Jesus
e de christna. Estas duas letras são
as iniciais dos nomes de Júlio César e Jesus Cristo (Crucificado). Estes dois
J.C. encontram-se frente a frente. Um, enquanto César romano, possuía tudo;
dispunha de inúmeros soldados e de tesouros imensos; além disso, era chefe da
sua religião ou Deus encarnado. Quanto ao outro, era um simples estudante, que
se lembrava de ter deixado uma vestimenta de luz algures no zodíaco. Este ser
possuía como única fortuna as suas ideias e teria podido, se quisesse,
contagiar um povo inteiro e conquistar a Europa, Ásia e África. Não o quis,
preferiu a pobreza e a fraqueza aparentes da ideia, que desenvolve lenta mas
seguramente os cérebros cuja duração é eterna, à força das armas, que embrutece
as massas e se prolonga apenas durante um certo tempo.
Uma passagem
bíblica relativa aos dois J.C.:
«Pensais
que vim espalhar a paz na Terra; não, eu vim lançar a divisão...».
Isto
significa que a chegada de Jesus à Terra marca o início da batalha entre os
diferentes seres que constituem o homem encarnado. Tudo o que for espiritual
subirá para o céu e tudo o que for material irá para a Terra: «(...) Porque, a
partir de agora, cinco estarão numa só casa, três divididos contra dois e dois
contra três». Ou seja, a alma é atraída pelo anjo para o céu; depois, o carma
ou destino, a tentação e o corpo, partem para outro plano.
Outra passagem
bíblica: «Dai então a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». E
perguntaram a Cristo: «Porque falas em parábolas?» Ao que respondeu: «Que os que
têm olhos para ver, vejam, e os que têm ouvidos para ouvir, ouçam». Numa outra
situação: «Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!»
De seguida,
perguntaram a Jesus: «Mestre, sabemos que falas e ensinas com rectidão e que,
sem descriminares ninguém, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade; é-nos
permitido pagar tributo a César ou não?» Cristo percebe a artimanha e responde:
«Mostrai-me uma moeda.» E pergunta: «A quem pertence esta imagem e a quem se
refere a inscrição?» Responderam: «A César.» Disse-lhe Cristo: «Dai ao rei o
que pertence ao rei e dai a Deus o que é de Deus.»
Segundo os
gnósticos, ao ver a moeda, Jesus terá dito: «Ela brilha». O primeiro sentido
inerente a tal conjectura prende-se com o facto de a moeda brilhar por se
encontrar composta de uma liga de prata e de bronze. É preciso separar a prata
do bronze para se enviar a primeira para o lado dos metais preciosos e a
segunda para junto dos metais inferiores. Ora, a prata escolhida simboliza a
alma, nela residindo a virtude celeste; quanto ao bronze, representa o espírito
de imitação espiritual unido ao corpo hílico.
Um outro sentido para a passagem: «Dai a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Ainda segundo os gnósticos,
quando uma alma chega ao Invisível, deparar-se-á com seres que guardam todas as
portas e aos quais deverá transmitir uma palavra-passe, que não representa mais
do que o balanço de todas as suas acções terrestres. Assim, «Dai a César o que
é de César» significa: «Passai aos agentes do destino a palavra de ordem do
Mundo ou das vossas más acções». E «Dai a Deus o que Dele vem» significa: «Dai
a Deus a palavra que vos permitirá penetrar no paraíso ou as vossas boas
acções».
Pedido
para soltar Barrabás em vez de Jesus.
O
nome Barrabás em Hebraico significa filho de Abás. Pedro era referido por
Mateus como "Pedro bar Jonas", isto é, Pedro filho de Jonas. Bar
Mitzvah é traduzido literalmente como Filho da Lei. O nome de Barrabás também
era Jesus: Jesus Barrabás.
1
A pergunta de Pilatos aos sacerdotes foi "Qual
quereis que vos solte? [Jesus] Barrabás, ou Jesus chamado Cristo?"
2
Eles clamaram, é claro, pela libertação de Barrabás, o
notório ladrão e assassino.
3
"Que farei então de Jesus, chamado Cristo?",
perguntou Pilatos.
4
Eles gritaram "Seja crucificado!"
5
"Hei-de crucificar o vosso rei?", perguntou
Pilatos.
6
E aqueles sacerdotes (que odiavam César como só os povos
conquistados podiam odiar) disseram a Pilatos "Não temos rei senão o César
!"
7
Pilatos enfraqueceu diante daquela ferocidade implacável
e entregou Jesus para que o crucificassem. Ele tomou uma bacia de água diante
dele, lavou suas mãos nela e anunciou "Estou inocente do sangue deste
justo: considerai isso."
8
Pilatos mandou gravar na cruz "Jesus de Nazaré, o
Rei dos Judeus".
9
Caifás e os outros sacerdotes foram a Pilatos e pediram
"Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas que ele disse 'Sou Rei dos
Judeus'." E Pilatos respondeu "O que escrevi, escrevi."
Teus
inimigos interiores, não se contentando em denunciar-te como criminoso, queriam
ainda que fosses crucificado como tal, enquanto que, ao contrário, queriam que
Barrabás fosse libertado, isto é, queriam que a graça caísse sobre o culpado e
que toda a fúria da vingança, a que chamavam justiça, caísse sobre o inocente.
Novo
Homem, absorver aqui as instruções salutares que essa marcha do salvador
apresentou à tua inteligência. Suspende em ti mesmo todos os teus poderes
espirituais de poder e autoridade, para só pôr em ação teus poderes de
resignação. Imola sem cessar em ti o homem inocente, para a libertação do homem
culpado ou do Barrabás que carregas em teu íntimo. Enfim, liberta o homem
ilusório e passageiro, corajosamente, das mãos dos teus inimigos. Eles próprios
serão as vítimas dos males que te farão sofrer. Seu sangue recairá sobre eles e
sobre seus Filhos, pois, ao exercer sua raiva sobre o homem ilusório e
passageiro, abrirão o caminho ao homem real e regenerado na vida, e esse homem
real e regenerado os cobrirá de vergonha e os precipitará nos abismos.
Jesus-Barrabás
A verdade é sempre estranha, mais estranha que a ficção ...
LORDE BYRON, Dom João, XIV
Os evangelhos canônicos nos contam o episódio da substituição de Jesus por um
amotinador que fora encarcerado por um assassinato que cometera no curso de uma
rebelião, e que por tal motivo também ele fora condenado à crucificação.
"Era costume que o procurador, com ocasião da festa, desse à multidão a
liberdade de um detento, que pedissem. Havia então um prisioneiro famoso
chamado Barrabás. Estando, pois, reunidos, disse-lhes Pilatos: 'A quem querem
que lhes solte? A Barrabás ou ao Jesus, o chamado Messias? Pois sabia que por
inveja o entregaram. (...) Eles responderam: 'Ao Barrabás!'..." (Mateus,
27, 15-18, 21).
Alguns detalhes complementares, inclusive com algumas diferenças muito
ligeiras, podemos encontrá-los no Marcos (15, 6 a 15), no Lucas (23, 17-19), e
no João (18, 39-40). Mas nenhum versículo contribui com contradição alguma a
breve narração feita pelo Mateus.
Os manuscritos iniciais que possuímos (e que, recordemo-lo, remontam-se todos
ao século IV, como mínimo) transcrevem esse nome de quatro maneiras diferentes:
Varaba, Barabas, Barrabás e Bar-Rabban.
Desde onde estas diversas significações:
1 - Bar-rabba ................. Filho do doutor
2 - Bar-rabban ............... Filho de nosso doutor
3 - Bar-Abba .................. Filho do Pai
4 - Bar-Abban ................ Filho de nosso Pai
5 - Bar-Abba .................. Filho de Abba
Observaremos, antes que nada, que não se sabe nenhuma outra coisa deste nome,
salvo que, segundo Mateus, era um prisioneiro famoso, segundo Marcos um
sedicioso que cometera um assassinato durante um motim, Lucas precisa que esse
assassinato fora cometido "na cidade", quer dizer, em Jesus, e João
se limita a qualificar de bandido, termo que, com o de "galileu",
designava então aos insurretos zelotes em geral.
O nome próprio de Jesus, que Orígenes afirma que era o de Barrabás, vem
testemunhado por alguns dos manuscritos mais antigos, como:
a) o Codex Korideth (séculos VII-IX);
b) o Groupe do Minuscules, publicado pelo K. Lake em 1902;
c) o palimpsesto do monastério de Santa Catalina no Monte Sinaí, encontrado
pelo Lewis e Gibson, e que se remontaria ao século IV.
Que o leitor se
remeta ao capítulo 23, "Jesus-Barrabás", e que releia tudo o que
contribuímos sobre a tese negativa da existência concreta desse tal Barrabás.
Repetimos, Jesus-Barrabás não é outro que Jesus-bar-Juda. Daí o fato de que
seja ignorado em tantos textos ulteriores.
Possivelmente foi
em sua casa onde se refugiou Jesus quando fugiu à Fenícia (Mateus, 15, 21).
(51) Também poderia ser o mesmo que os Evangelhos canónicos citam como
Jesus-bar-Aba ou Barrabás, já que o grande Orígenes assegura que em manuscritos
antigos se dava a esse bandido o nome de Jesus. (52)