(Pintura: J W Waterhouse) |
No
nosso dia-a-dia, andamos sempre a correr. Queixamo-nos sempre de não ter tempo
dedicar á família, ao lazer ou mesmo para nós próprios. Porque o trabalho nos ocupa
uma parte substancial do dia. Passamos anos neste corre-corre, e quando atingimos uma certa
idade, reparamos que já perdemos uma série de vivências que já não voltam mais.
Estamos
“embriagados” pelo ser rápidos, eficientes, ser os/as melhores, saber muito (pouco de nada), ter uma família, uma carreira
profissional bem sucedida, , um Iped, … e sabe-se lá mais o quê. Valoriza-se o
Outro pela sua posição social, pelo automóvel……. e muitas outras coisa tão fúteis.
Por
outro lado, a situação cada vez mais difícil do país e a nível mundial tende a
piorar e nós “cortamos” cada vez mais em tudo: afectos, tempo, etc, acabando por não nos ligarmos ao
essencial, que são as pessoas. Principalmente os jovens e menos jovens são forçados
a sair do país, pagando um preço muito caro, a ausência da família e dos
amigos, para poder ter um nível de vida melhor, ou simplesmente ter um
trabalho.
Os
valores estão completamente mudados. O que é verdade hoje, pode ser mentira
amanhã. As crianças não têm tempo para brincar ou mesmo ser elas próprias. A
tecnologia é o brinquedo delas. É a era da informática a qual dominam, com
mestria, desde cedo. Comunicam com as máquinas, mas não o sabem fazer com as
pessoas. Estão “rodeados “ em casa, de máquinas como companhia. Certos pais querem
que elas sejam o supra sumo, mas isso mais tarde tem consequências gravíssimas.
Tornam-se hiperactivas, porque não desgastam a sua energia. Ficam saturados com
tanta exigência.
Os
conceitos sobre a educação também mudaram. Muitos pais, quase que se “descartam”
da sua função principal, educar. Eu penso que tudo começa em casa. Não são as
educadoras de infância, nem os professores, ou os familiares que o devam fazer,
apesar de o serem também um pouco. Por isso, ser Pai ou Mãe é uma função tão
nobre, como difícil. Formar pessoas, exige regras, valores e acima de tudo o
respeito pelo outro. Isso verifica-se cada vez menos. O ensino está um
descalabro. Os alunos caíram num exagero de falta de respeito pelos
professores, que já não têm autoridade.
Penso
que com uma geração criada desta forma, não sei a que caminho vamos chegar. São
estes adolescentes e jovens que serão o futuro do pais, e eu penso que será ruinoso. Todos nós temos de mudar
completamente. Apesar de tudo, eu tenho esperança, que o nosso Mundo só pode
melhorar, se trabalharmos para isso.
Temos
o dever de melhorar a nossa relação com a natureza, com o nosso semelhante e
sobretudo promover o respeito e a partilha. Com tanto egoísmo, acabamos por nos
tornarmos Seres completamente sós, embora rodeados de tecnologia, carros, casas
inteligentes, e muito mais.
Apesar
deste meu desabafo parecer negativo, não é. É a minha percepção da realidade. Tenho
esperança que o nosso Mundo vai melhorar, mas até lá ainda teremos de penar um
bocado. Isso só através de uma mudança interior.
Mary Rosas
27.06.12
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