sexta-feira, 29 de junho de 2012

Reflexões


(Pintura: J W Waterhouse)


No nosso dia-a-dia, andamos sempre a correr. Queixamo-nos sempre de não ter tempo dedicar á família, ao lazer ou mesmo para nós próprios. Porque o trabalho nos ocupa uma parte substancial do dia.  Passamos anos neste corre-corre, e quando atingimos uma certa idade, reparamos que já perdemos uma série de vivências que já não voltam mais.   

Estamos “embriagados” pelo ser rápidos, eficientes, ser os/as melhores, saber  muito (pouco de  nada), ter uma família, uma carreira profissional bem sucedida, , um Iped, … e sabe-se lá mais o quê. Valoriza-se o Outro pela sua posição social, pelo automóvel……. e  muitas outras coisa tão fúteis. 

Por outro lado, a situação cada vez mais difícil do país e a nível mundial tende a piorar e nós “cortamos” cada vez mais em tudo: afectos, tempo, etc,  acabando por não nos ligarmos ao essencial, que são as pessoas. Principalmente os   jovens e menos jovens são forçados a sair do país, pagando um preço muito caro, a ausência da família e dos amigos, para poder ter um nível de vida melhor, ou simplesmente ter um trabalho.  

Os valores estão completamente mudados. O que é verdade hoje, pode ser mentira amanhã. As crianças não têm tempo para brincar ou mesmo ser elas próprias. A tecnologia é o brinquedo delas. É a era da informática a qual dominam, com mestria, desde cedo. Comunicam com as máquinas, mas não o sabem fazer com as pessoas. Estão “rodeados “ em casa, de máquinas como companhia. Certos pais querem que elas sejam o supra sumo, mas isso mais tarde tem consequências gravíssimas. Tornam-se hiperactivas, porque não desgastam a sua energia. Ficam saturados com tanta exigência.

Os conceitos sobre a educação também mudaram. Muitos pais, quase que se “descartam” da sua função principal, educar. Eu penso que tudo começa em casa. Não são as educadoras de infância, nem os professores, ou os familiares que o devam fazer, apesar de o serem também um pouco. Por isso, ser Pai ou Mãe é uma função tão nobre, como difícil. Formar pessoas, exige regras, valores e acima de tudo o respeito pelo outro. Isso verifica-se cada vez menos. O ensino está um descalabro. Os alunos caíram num exagero de falta de respeito pelos professores, que já não têm autoridade.

Penso que com uma geração criada desta forma, não sei a que caminho vamos chegar. São estes adolescentes e jovens que serão o futuro do  pais, e eu penso que será ruinoso. Todos nós temos de mudar completamente. Apesar de tudo, eu tenho esperança, que o nosso Mundo só pode melhorar, se trabalharmos para isso.

Temos o dever de melhorar a nossa relação com a natureza, com o nosso semelhante e sobretudo promover o respeito e a partilha. Com tanto egoísmo, acabamos por nos tornarmos Seres completamente sós, embora rodeados de tecnologia, carros, casas inteligentes, e muito mais.

Apesar deste meu desabafo parecer negativo, não é. É a minha percepção da realidade. Tenho esperança que o nosso Mundo vai melhorar, mas até lá ainda teremos de penar um bocado. Isso só através de uma mudança interior.

Mary Rosas
27.06.12

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