domingo, 3 de junho de 2012

Sobre a CONSCIÊNCIA


(Pintura: Jim Warren)




Sobre a CONSCIÊNCIA…ou
a propósito da iniciação e do despertar da consciência (parte 1)

A capacidade de nos ouvir, de partilhar, de pensar uns com os outros são, entre outras, boas razões para “viver com” … ou mais propriamente conviver.
Daí encontrar o espaço, a ocasião e as pessoas, deve constituir um anseio permanente que ajude a fazer da vida um tempo e um sítio bom pra viver…mesmo num mundo que não está disposto a dar-nos o melhor !
Subir a montanha por este caminho … tem proporcionado certamente a muitos que o calcorreiam… bons momentos que a vida se há de encarregar de registar no mais íntimo de cada um…
Falar, ouvir, debater, aceitar e recusar, pensar e exprimir… e tudo o mais, estão abertos neste canto, com alegrias e tristezas, com preocupações e esperanças, com coragem e desfalecimento, confiando que cada amanhã possa ser melhor que cada hoje…
Com isto, estamos a procurar introduzir algumas ideias desenvolvidas sobre a consciência e escolhido hoje…procurando assim uma tomada de consciência sobre quem somos, o que fazemos, para onde vamos… e o papel que a consciência tem tido e continuará a ter nas nossas vidas, não pretendendo que estes textos possam constituir uma peça literária nem tão pouco um quadro científico.
Possam ter a mesma alegria que sentimos ao darmos o melhor de nós para a compreensão destes momentos de leitura e não mais que isso…
Num conceito antigo, a CONSCIÊNCIA, como a etimologia da palavra grega mostra… traduz-se à letra por “com conhecimento”  e assim pode ser entendida por co-conhecimento ou conhecimento consigo mesmo !
A consciência é neste sentido, a capacidade de examinar a si mesmo e fazer um julgamento sobre si mesmo…dando testemunho sobre si mesmo !
Em verdade podemos dizer que… a nossa, ou a minha consciência dá testemunho comigo…
O Homem sempre indagou sobre a causa e razão de sua existência, da sua vida limitada, e, se o conhecimento do seu corpo é objecto de especializado estudo, percorrendo  ciências diversas, as suas qualidades perceptivas constituem  um manancial de saberes ou de continuada busca, onde se distingue e se sobreleva a complexidade do seu funcionamento… mas que aqui deixamos à reflexão tão só, as coisas mais elementares do conhecimento que aliado à capacidade humana do discernimento nos fixam na sabedoria prática ou do proveito para a vida curta que o ser humano desbarata…e chega por aí. No caso hoje fomos levados a abordar levemente a questão da consciência… aqui denominada questão C.

A C. é inerente ao Homem, tendo sido feita parte integrante dele. Dá conta da sua existência.. da sua vida…
É uma percepção ou senso íntimo do que é certo e do que é errado, que desculpa ou acusa a pessoa. Portanto a C. julga.
A C. pode ser treinada por pensamentos e actos, convicções e regras, implantados na mente da pessoa por estudo e experiência…vivência !
 Baseada nestas coisas , a C. faz uma comparação com o proceder adoptado ou pretendido.
Daí soa o alarme quando as regras e o proceder estão em conflito… a menos que a C. esteja “cauterizada”, tornada insensível por contínuas violações dos seus avisos.
   Ainda assim a C. pode ser um instrumento de SEGURANÇA moral no sentido que gere prazer ou inflige dor pela conduta boa ou má da própria pessoa.
No primeiro casal humano, já possuído de uma C., manifestaram isso, assim que violaram a lei ou ordem recebida de seu criador Deus… escondendo-se !
Chegados aqui… será que já percebemos como a C. de cada um tem atuado na vida?
Continuando..

A C. está sempre presente… e nem mesmo entre aqueles que violam continuamente, ou não cumprem as leis…a C. foi eliminada
Escreveu certo escritor antigo que observava como as pessoas agiam, e em função do modo como pensavam… e atentemos nessas seguintes palavras.
“ Pois, sempre que pessoas das nações, que não tem lei, fazem por natureza as coisas da lei, tais pessoas, embora não tenham lei, são uma lei para si mesmas. Elas é quem demonstra que a matéria da lei está escrita nos seus corações, ao passo que a sua consciência lhes dá testemunho, e nos seus próprios pensamentos são acusadas ou até mesmo desculpadas.”
Assim todas as pessoas, desde a formação humana, tem inerente a sua consciência, e esta faculdade apela para um certo proceder de vida, sendo que esta pode harmonizar-se a leis que outros pratiquem, embora não as conheçam !!
Exs:
Situações de pessoas que pelas suas práticas mostram nas suas acções desempenhos, que estão “determinados” em organizações ou grupos, que embora “regulados” ou “ impostos” não os praticam
E na adolescência… e como adultos estamos apercebidos de acções que são cometidas com os alerta de consciência ?!!
 A C. precisa ser esclarecida. De contrário pode ser enganosa. Ela não é guia seguro, se não tiver sido treinada nas normas justas e segundo a verdade.
O desenvolvimento da C. pode ser influenciado de modo errado pelo ambiente, pelos costumes, pela adoração, e pelos hábitos locais. Poderá julgar as coisas certas ou erradas segundo estas normas ou valores incorrectos.
Já nos demos conta disso?
Hoje em dia não é incomum tantas notícias onde a luta, a violência ou a morte pode ser certa, aprovada pela C. de tantos que agem em harmonia com ela.
Mesmo entre a cultura cristã podemos apreciar que em certo tempo um judeu perseguiu com intenções assassinas discípulos cristãos, achando com isso que estava servindo zelosamente a Deus… e quando a sua C. foi iniciada e devidamente treinada pela verdade então divulgada e conhecida, pôde conscientemente avaliar e endireitar cabalmente esse assunto na sua vida, adquirindo uma norma estável e correta, como entendida hoje na cultura que integramos.
Isso se passou com uma figura conhecida de seu nome Paulo.
O que podemos observar à nossa volta?
Assuntos e coisas semelhantes:
Conhecem-se povos cuja C. não conflitua com a violência em prol de um ideal ou mesmo com o papel da mulher como esposa ou cidadã…mas reprovando por outro lado, a exposição da mulher ou da pornografia… quando vemos, em outras culturas e outros povos a manifestação da C. em sentido contrário.
E aí temos todos a  afirmarem serem possuídos de boa C.
E não é sem sentido, que vemos amiúde a afirmação solene de actores, que em resposta a suas acções contrarias às leis, aos costumes ou à moral…  de estarem de  C. tranquila !

Consciência limpa ou C. tranquila faz diferença ?
Consciência honesta em todas as coisas.
Esse mesmo escritor e médico afirmou perante as dificuldades de manter uma boa C:
Exercito-me continuamente para ter a consciência de não ter cometido ofensa contra Deus e os homens.
Ele queria dizer que continuamente orientava e corrigia seu rumo na vida ditado pela sua consciência, segundo os ensinos de cristo… e neste sentido treinava a sua consciência,  mesmo que isso resultasse em incómodo, dissabores ou até perseguição, ou outras coisas penosas ou sofrimento injusto… mas apesar desse grau de dificuldade sentia que isso era “ algo agradável” …
 Isto diz-nos alguma coisa.. de facto manter uma boa consciência em face das pressões do mundo, de oposição convenhamos que na nossa condição tão fraca e fortemente condicionada …não é algo assim tão agradável… como expresso antes. Mas tendencialmente poderá lá chegar-se e acrescentamos… e ir mais longe…’’’ MAIS SENTIDO
C. boa, limpa e correcta… segundo que padrões
SERÁ QUE a treinamos para que UM SIM VALE UM SIM, E UM  vale um não ’’

Consideração com a consciência dos outros
Visto que a C. precisa ser plena e precisamente treinada pela verdade e por valores e padrões de justiça e humanidade podíamos juntar muitos outros… para fazer avaliações correctas, A C. não treinada pode ser fraca.
Quer dizer pode ser fácil e imprudentemente suprimida, ou a pessoa pode ofender-se com as acções ou palavras de outros, mesmo em casos em que talvez não haja transgressão.
Ressalve-se a importância de quem tem conhecimento e uma consciência treinada que a pessoa dê consideração, e faça um certo grau de concessão a alguém com consciência fraca, não fazendo uso de toda a liberdade, nem insistindo em todos seus “direitos” pessoais, ou sempre fazendo o que bem quiser…
As circunstâncias devem ter em consideração a melhor posição… porquanto ao de C. fraca também deve ter em consideração para com o outro, esforçando-se por atingir certa madureza, traduzida na obtenção de mais conhecimento e treinamento, para que a sua C. não se ofenda facilmente, induzindo-o a encarar os outros de modo errado.

Má consciência existe ?
É possível violar a C. a ponto de ela não ser mais limpa e sensível.
Quando isso acontece ela não pode dar mais avisos, nem prover orientação segura.
A conduta do homem, da pessoa é então controlada pelo temor de ser exposto e de sofrer punição, em vez de pela boa consciência.. e quem tem tal consciência não pode perceber o certo e o errado…não reconhece o alcance da sua liberdade… e nesse sentido, rebelando-se torna-se escravo da má consciência….e escravo pode referir-se a serem propriedade de outros…
É fácil macular a C.
Termos.. revolta, transgressões obedecendo à C.
Dirigir-se de modo respeitoso um aspecto da C.

Altruísmo
Hoje  verificamos como a consciência actua nas pessoas por valores… o certo e errado.
Matar pode constituir um ato de fé de convicção  julgando actuar de modo recto.
Não é incomum mesmo hoje.
Fazer uso de violência extrema no pressuposto de que essa acção é agradável como que em oferenda a um deus ou divindade ou deidade…e  a sua consciência aprova isso.
Não é incomum tantas dessas acções merecerem contraditória ou contradição em nome da cultura onde esse(s) pessoas se integram ou à sociedade a que pertencem.
A história está repleta desses factos ou fenómenos… mesmo nos nossos dias e nas coisas mais simples…
E mesmo com o ser que cada um é…
Vício… opinião, trato, a ideia de alguém… Aceitação das diferenças… o nosso estilo de vida ou agora o insucesso… as dificuldades que a vida reserva em toda a sua extensão.
É a nossa C.  treinada por que ordem de valores?
Depois de dar um passo…
Não dar um passo maior que a perna.
Ao  subir uma escada alguém põe o pé acima, sem o de baixo estar firme ?
As aprendizagens acontecem semelhantemente… e   com a C. também…

Da consciência
Quando a nossa a minha consciência é determinada pela do outro…
O  relacionamento é tão largo… em todas as áreas
O vizinho, o amigo, o colega de trabalho, os pais, os filhos, os parentes o chefe o(a) ex, os(as) ex, ou até o administrador do condomínio… e a senhora que faz serviços lá em casa… os dominadores da consciência podem estar aqui ou por aqui.
Pensamos nisso…?
A voz da C chama-nos a ajudar outros, mesmo que  nada seja recebido em troca.
Por vezes a C se torna tão deturpada que não seria mais como um guia confiável para as suas acções e avaliações. Aí a C permitirá fazer o que não poderá fazer.
C treinada deve bem  ser harmonizada com conhecimento exacto da verdade.
Com um bom alicerce … então poderá subir-se bem mais alto… até onde ?
Ouçamos os outros...



Armando Guedes


2 comentários:

Ernesto disse...

Tema interessante, desenvolvido com mestria e que deixa muitas interrogações.
O que é a consciência? Temos consciência? Se sim, como se formou no ser humano?
Diz o autor que consciência é conhecimento consigo mesmo e um julgamento sobre si mesmo.
E, sendo assim, dá para colocar pelo menos duas questões.
Se temos consciência, como a adquirimos?
É algo gravado e inato no ser de cada indivíduo? Ou essa consciência é adquirida pela pressão e imposição da sociedade?
No primeiro caso, seria algo como um programa de vida determinado por um Ente Superior e apropriado, individualmente, a cada ser. A liberdade ou livre arbítrio estaria, precisamente, em aceitar ou rejeitar, cumprir ou desviar-se desse programa de vida. E o prémio ou castigo seriam dados por esse Ente Superior, de acordo com a realização, positiva ou negativa, desse mesmo programa.
No segundo caso, a consciência seria formada pela pressão da educação e da sociedade, e o prémio ou castigo seriam dados por esta. O prémio seria a aprovação e o beneplácito dessa mesma sociedade, cumpridas as normas. O castigo seria a repreensão ou sansão, pelo seu incumprindo.
O ser humano seria livre de cumprir ou não essas normas, mas apenas ficaria sujeito às consequências penais respectivas, caso fosse “apanhado” na sua infracção.

TiQuim disse...

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